Fiat Uno Mille Electronic foi o último sopro de vida do carburador

Hatch fez história em nosso mercado com uma série de inovações. O “carburador eletrônico” foi uma das tentativas de revolucionar a indústria
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26.07.2023 às 23:00 • Atualizado em 12.11.2024
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Hatch fez história em nosso mercado com uma série de inovações. O “carburador eletrônico” foi uma das tentativas de revolucionar a indústria

O Fiat Uno trazia em 1984, como grande trunfo, seu espaço interno e soluções criativas como cinzeiro deslizante no painel, limpador de para-brisas único e todos os comandos do painel a mão por teclas, que eliminava a necessidade de o motorista tirar as mãos do volante.

Considerado “Carro de Gênio” na campanha publicitária da época, foi pioneiro em oferecer o computador de bordo como opcional, juntamente com o Fiat Prêmio, em 1985.

Dentre tantas versões, o Fiat Uno revolucionou o mercado no início de 1990 com o lançamento do Mille. Essa configuração foi a grande responsável pela explosão de carros populares nas décadas de 1990 e 2000. Uma simples redução de 40% para 20% na alíquota do IPI vigente viabilizou o lançamento do primeiro carro popular dos novos tempos.

Baseado no Uno S, o Uno Mille teve alguns itens retirados, como: servo-freio, saídas de ar laterais, câmbio de cinco marchas, ajuste para reclinar o encosto, apoio de cabeça nos bancos, tampa do porta-luvas e acionamento elétrico do limpador de para-brisas.

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Como opcionais, oferecia: acendedor de cigarros, protetor para o motor e câmbio, bancos reclináveis com apoio de cabeça, câmbio de cinco marchas, filtro de ar adicional, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro, protetor do tanque de combustível e servo-freio.

Seu motor era o antigo 1050 do Uno S a gasolina e Fiat 147, mas com a cilindrada reduzida a 994cm³. Oferecia 48,8 cv de potência a 5.700 rpm e 7,4 kgfm de torque a 3.000 rpm. Fazia de 0 a 100 km/h em 20,04 s e chegava a 133,1 km/h de velocidade máxima.

O consumo era bom, considerando a alimentação por carburador de corpo-simples: 10,8 km/l de gasolina na cidade e 13 km/l na estrada.

Um carro tão espartano e fraquinho estaria fadado ao fracasso? O mercado dizia que não, e as vendas disparavam. A Fiat logo lançou a primeira versão especial em 1991, o Uno Mille Brio, que trazia, além de seu acabamento diferenciado, carburador de corpo-duplo, maior taxa de compressão (8,6:1 ante 8,5:1) e novo ângulo de abertura e fechamento das válvulas. Agora, o motorzinho tinha 54,4 cv a 5.750 rpm e 7,7 kgfm a 2.750 rpm.

Sempre inovadora, a Fiat trouxe em 1993 uma importante evolução técnica: a ignição eletrônica do sistema de injeção eletrônica, porém usando o obsoleto carburador. Parece confuso, mas vamos explicar.

Para atender às novas exigências do Proconve vigentes, a engenharia da Fiat aproveitou o sistema de ignição eletrônica do Uno 1.5 i.e, lançado em 1991, que usava sensores eletromagnéticos com sensor de detonação, para ter uma espécie de ignição estática, eliminando a necessidade de distribuidor e mantendo o bom e barato carburador.

Na prática, essas alterações eliminavam a necessidade do uso do catalisador e permitia partidas mais fáceis. Naquele momento passava a usar carburador de corpo-duplo em todas as versões e a potência subia de 54,4 cv de potência a 5.750 rpm e 7,7 kgfm de torque a 2.750 rpm (da versão Brio de 1991) para 56,1 cv de potência a 6.000 rpm e 8,0 kgfm de torque a 3.250 rpm, melhor que os 48,8 cv a 5.700 rpm e 7,4 kgfm a 3.000 rpm da versão comum com carburador de corpo-simples.

O desempenho melhorava: fazia de 0 a 100 km/h em 16,41 s e chegava a 150,1 km/h. O consumo pouco melhorava: 10,6 km/l com gasolina na cidade e 13,96 km/l, na estrada.

Além desta evolução mecânica, no mesmo ano, o Mille (sem “Uno” em seu nome) trazia opcionalmente as quatro portas, sendo o primeiro veículo popular dos anos 90 a oferecer esta comodidade. E logo fez sucesso, incomodando bastante a concorrência, que só veio responder com o Chevrolet Corsa 2 anos depois.

Outro opcional que reforçava o pioneirismo da Fiat no segmento era o ar-condicionado, oferecido também em 1993. São raros os Mille Electronic com este recurso, mas existem.

A história do Uno durou 37 anos, e teve muitas outras versões icônicas, mas com certeza, o Mille foi o mais representativo de seu legado, sendo o Fiat mais vendido do Brasil até hoje.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…

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Imagens: Leonardo França/Autos Originais

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