Fiat Uno Mille EP: o 1.0 que fazia 17 km/l com gasolina na estrada

Configuração intermediária foi uma das primeiras da linha com injeção eletrônica de combustível
LA
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12.06.2024 às 21:35
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Configuração intermediária foi uma das primeiras da linha com injeção eletrônica de combustível

Dentre tantas versões ao longo de seus 37 anos de produção, o Fiat Uno revolucionou o mercado no início de 1990 com o lançamento do Uno Mille, e com este, foi o grande responsável pela explosão de carros populares nas ruas das próximas duas décadas, lê-se décadas de 90 e 2000.

Seu motor era o antigo 1050 do Uno S a gasolina e Fiat 147, mas com a cilindrada reduzida a 994 cm³. Oferecia 48,8 cv a 5.700 rpm e 7,4 kgfm de torque a 3.000 rpm, e era competente em desempenho e consumo.

Tudo nele era opcional: acendedor de cigarros, protetor para o motor e câmbio, bancos reclináveis com apoio de cabeça, câmbio de cinco marchas, filtro de ar adicional, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro, protetor do tanque de combustível e servo-freio. Imagine a versão básica sem reclinagem do banco dianteiro, sem tampa do porta-luvas e com câmbio de 4 marchas...

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Sua primeira versão especial foi lançada em 1991, o Uno Mille Brio, e as vendas cresciam cada vez mais. A Fiat foi responsável por lançar tecnologias e tendências do segmento de populares, que ela reinaugurou.

A primeira delas foi em 1993, quando a Fiat trouxe uma importante evolução técnica - ignição eletrônica do sistema de injeção eletrônica, porém usando o carburador. Para atender às novas exigências do Proconve vigentes, a engenharia da Fiat aproveitou o sistema de ignição eletrônica do Uno 1.5 i. e, que usava sensores eletromagnéticos com sensor de detonação, uma espécie de ignição estática e por sua vez eliminava a necessidade de distribuidor, mantendo o bom e barato carburador.

Na prática essas alterações eliminavam a necessidade do uso do catalisador, permitia partidas mais fáceis, além de alguns cavalos a mais no motor, que saltava de 48,5 cv a 5.700 rpm e 7,4 kgfm de torque a 3.000 rpm (da versão comum) para 56,1 cv a 6.000 rpm e 8,0 kgfm de torque a 3.250 rpm.

Além desta evolução mecânica, no mesmo ano o agora Mille (sem “Uno” em seu nome) trazia opcionalmente as 4 portas e ar-condicionado, sendo o primeiro veículo popular dos anos 90 a oferecer estas comodidades.

De olho nos lançamentos da concorrência como GM Corsa (este fez muito barulho), o novo VW Gol – o famoso Gol bolinha (e no começo de 1995 o VW Gol 1000i), além dos então importados Ford Fiesta, Renault Twingo, entre outros menos famosos, a Fiat inovou mais uma vez em 1994 ao apresentar àquele que seria, de uma maneira forçada, o primeiro popular de luxo: o Mille ELX.

Era um carro pequeno para andar na cidade, mas com conforto. Trazia nova frente (igual as demais versões da linha Uno), novo painel, volante de 4 raios espumado e um acabamento bem mais caprichado.

Como itens de série o modelo oferecia pneus 165/70R13, rodas de ferro com calotas integrais, vidros verdes, termômetro no painel, câmbio de 5 velocidades, retrovisores externos com comando interno manual, limpador e desembaçador traseiro, além de vidros traseiros basculantes - exclusivo para a versão de 2 portas. Como opcionais, 4 portas, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, relógio digital, ar quente e o ar-condicionado.

Este equipamento era mais moderno, e foi chamado pela marca de “inteligente”. Quando se exigia a potência do motor, o compressor se desligava automaticamente, poupando energia e mantendo a performance dos 56,1 cv do motor. Na prática, o modelo com o equipamento desligado fazia de 0 a 100 km/h em 18,19 s, e com o ar-condicionado ligado, em 18,93 s. Uma diferença irrisória. A velocidade máxima era a mesma em ambas as situações, chegando a 148,5 km/h, já que em regime de potência máxima, o ar-condicionado tinha seu compressor suspenso.

Silencioso, apresentava média de 70 decibéis, mas cobrava caro no consumo quando se utilizava o ar-condicionado. Com gasolina, fazia média de 8,68 km/l em cidade. Com o aparelho desligado, a média melhorava para bons 11,21 km/l. Na estrada, o modelo rendia excelentes 17,44 km/l. Os números melhoraram ainda mais quando depois foi apresentada a versão EP, representante da linha 1996 apresentada ainda em 1995.

Seu popular de luxo agora tinha a tão aguardada injeção eletrônica monoponto, que aposentava de vez na Fiat o uso do carburador, adotado também na versão básica, agora identificada como Mille i.e.. Poluía 5% menos, e seu novo cabeçote possibilitava o enchimento mais rápido das câmaras de combustão com a mistura ar/combustível, o que aumentava a eficiência da queima e o rendimento do motor. Agora eram 58 cv a 6.000 rpm e 8,2 kgfm de torque a 3.000 rpm.

Com o ar-condicionado desligado fazia de 0 a 100 km/h em 17,64 s, e com o ar-condicionado ligado, em 18,64 s. Uma diferença irrisória, até mesmo se comparado ao ELX, mas agora a velocidade máxima era de 151,4 km/h. Com gasolina, fazia média de 10,49 km/l em cidade. Com o aparelho desligado, a média melhorava para bons 11,81 km/l. Na estrada, o modelo rendia excelentes 17,58 km/l.

O modelo estava cada vez mais luxuoso. De série trazia lanternas fumê traseiras, pneus 165/70R13, rodas de ferro com calotas integrais, vidros verdes, termômetro no painel, câmbio de 5 velocidades, retrovisores externos com comando interno manual, limpador e desembaçador traseiro, temporizador do para-brisas, antena embutida no para-brisas, além de vidros traseiros basculantes - exclusivo para a versão de 2 portas. Como opcionais, 4 portas, alarme antifurto, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, relógio digital, pré-instalação para rádio, rádio/toca-fitas, rodas de liga-leve, ar quente e o ar-condicionado. Direção hidráulica não era oferecida sequer como opcional, e acredite, não era necessário.

Custando 12% a mais que a versão ELX, o Mille EP era vendido a R$ 9.900,00 em agosto de 1995, equivalentes hoje a R$ 91.735,87 de acordo com o IGPM, e não fazia feio nas portas dos restaurantes como um compacto premium que se presava. Isso logo mudaria, pois em meados de 1996 era apresentado o Fiat Palio, e o Uno ganhava a versão única Mille SX, história está já contada aqui na coluna. Leia mais em.

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Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência.  Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.

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