Ford Pampa 4x4: a picape compacta nacional mais raiz de todos os tempos
Lançada em 1982, a Ford Pampa tinha como base o Ford Corcel e logo se tornou a melhor picape de pequeno porte de seu tempo.
Confortável, com bom consumo e desempenho, o Pampa era imbatível no transporte de cargas pesadas. Sua suspensão traseira foi reforçada em relação ao Corcel para chegar a 600 kg de capacidade, ótimo número para a época, e trazia ainda facilidades como a abertura da tampa traseira.
Suas concorrentes à ocasião eram as picapes da Fiat, derivadas do Fiat 147, e a Ford não poupou esforços ou investimentos entregar um produto forte e, ao mesmo tempo, confortável.
Para transformar o Corcel em Pampa, a Ford aumentou o entre-eixos em 14 cm, conseguindo melhor distribuição de peso. A suspensão traseira ganhou feixes de molas semielípticas, além de batentes progressivos, garantindo assim operação normal do carro com ou sem carga.
No sistema de freios, uma válvula equalizadora garantia frenagens seguras, com ou sem peso, em pista seca ou molhada.
Com o motor Cleón-Fonte 1.6 a gasolina de 90 cv SAE (aproximadamente 68 cv ABNT) a 5600 rpm, e 13 kgfm de torque a 4.000 rpm, o mesmo motor de Del Rey e Corcel, seu desempenho era semelhante ao do próprio Corcel: velocidade máxima em quinta marcha de 148 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 17s50.
Seu consumo era de 9,33 km/l na cidade e 15,40 km/l na estrada, mas aqui vale uma ressalva: até meados de 1986, o consumo em rodovia era medido a 80 km/h como velocidade média, não só pelas fábricas, mas por todas as revistas especializadas, mudando para 100 km/h a partir de 1987. A essa velocidade, seu consumo era de 12,91 km/l.
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Com a chegada do motor CHT, em 1983, toda a linha passou a ter mais fôlego, afinal, com gasolina, eram 73 cv ABNT a 5.200 rpm e 10,3 kgfm a 2.800 rpm, melhorando sensivelmente seu consumo. Com etanol, a Pampa fazia 7,45 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada.
Em 1984, a Ford Pampa foi a primeira picape derivada de carro de passeio a contar com tração nas quatro rodas fabricada no Brasil. Essa versão veio com a missão de ser a opção traçada com o fim da linha Jeep, em 1983.
A Pampa 4x4 teve sua capacidade reduzida de 600 kg para 440 kg, devido ao sistema de transmissão mais pesado. O projeto contemplou até uma versão 4x4 da perua Belina, mas contarei sua história em outra coluna.
Uma ótima opção para transporte de cargas em terrenos difíceis, sua tração era do tipo permanente, principalmente na dianteira, sendo que a tração traseira era acionada por uma engrenagem.
No quesito design, a Pampa 4x4 adicionava uma nova grade. Pneus de uso misto ajudavam a picape a se adequar a qualquer tipo de terreno. Seu interior era bem mais básico que o modelo 4x2, tinha banco inteiriço e contava com um segundo tanque de combustível na versão a etanol, para 40 litros adicionais.
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O sistema 4×4 tinha alguns inconvenientes, limitando a 60 km/h a velocidade da picape com a tração traseira acionada, a fim de evitar desgastes dos componentes. Outro ponto era que o sistema só deveria ser usado em terrenos de baixa aderência, como lameiros, e a princípio não foi bem explicado no manual.
Não havia, também, sincronismo entre as rodas dianteiras e traseiras, o que só reduzia seu desempenho. Sempre com o motor CHT 1.6 e com quatro marchas de relações curtas, não passava de 140 km/h e ia de 0 a 100 km/h em longos 20 segundos.
Com as evoluções da linha CHT, nos anos 90, seu desempenho melhorou um pouco. Na especificação movida a etanol, seus 77 cv a 5.000 rpm e 14,1 kgfm a 3.000 rpm faziam a diferença: 18 s de 0 a 100km/h e máxima de 145 km/h. Seu consumo também melhorou, passando a 8,9 km/l em cidade e 10,9 km/l na estrada.
Robusta, a Ford Pampa 4x4 foi muito elogiada por ter maior vão de entrada e saída em obstáculos, além de sua dirigibilidade, sendo figurinha sempre vista nos piores caminhos de nosso país. Foi oferecida até 1995 como GL Jeep e, em 1997, despediu-se do mercado a versão 4x2, após 350.000 unidades vendidas em várias versões.
A Ford Pampa foi imortalizada como única picape nacional compacta a oferecer o sistema de tração nas quatro rodas até os dias de hoje!
Imagens: Divulgação/Ford
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