GM Chevette Jeans foi curiosa versão com tecido usado para fazer calças

Configuração teve cerca de 9.000 unidades produzidas e custava o equivalente a R$ 116.528,21
LA
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03.01.2024 às 15:31 • Atualizado em 12.11.2024
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Configuração teve cerca de 9.000 unidades produzidas e custava o equivalente a R$ 116.528,21

Em 1973 chegava ao Brasil a quarta geração do Opel Kadett, batizado de GM Chevette. Em época de regime militar, a Chevrolet rebatizou o moderno automóvel com o nome já usado no exterior para versões do Kadett, a fim de evitar qualquer associação à patente militar.

Logo o GM fez muito sucesso pelo conforto, estilo e robustez, que foi comprovada com o passar dos anos, e com sua tração traseira, angariou fãs pela facilidade de uso em pisos difíceis, sendo um concorrente direto dos VW a ar, imbatíveis neste tipo de terreno, ou mesmo para manobras mais audaciosas e exibicionistas de alguns garotos aventureiros.

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Seu primeiro facelift foi apenas na dianteira em 1978, trazendo linhas mais fluidas e em compasso com os modelos mundo a fora. A traseira e o interior mantinham-se com as mesmas formas desde seu lançamento.

No mesmo ano, foi apresentado no salão do automóvel uma nova versão: o GM Chevette Jeans. Com revestimento dos bancos e acabamento interno em tecido Jeans azul, o modelo era destinado ao público jovem, que tinha feição pelo Chevette e por sua tração traseira.

Usando um moderno motor 1.4 (para a época), o modelo recebia também carburador de corpo duplo e duplo estágio como opcional. Assim, sua potência passava a 69 cv SAE (57 cv ABNT) a 5.800 rpm e 9,8 kgfm de torque a 3.800 rpm. Os modelos com carburador de corpo simples tinham 68 cv SAE (5 6cv ABNT) a 5.800 rpm e 9,8 kgfm de torque a 3.800 rpm.

As respostas eram melhores ao pé do acelerador, e o modelo chegava a 100 km/h em 19,10 segundos, com velocidade máxima de 140,7 km/h, números bons para a época. Seu consumo era de 8,96 km/l na cidade e 13,51 km/l na estrada, com gasolina. Vale lembrar que o consumo rodoviário era aferido com média de 80 km/h, e a 100 km/h como é medido hoje, o modelo percorria 11,42 km/l. O modelo era estável em curvas e frenagens, graças aos pneus radiais 175/70SR13 opcionais.

Com baixo nível de ruído (para os padrões da época), o andar era confortável. Seu interior tinha bancos dianteiros altos e reclináveis com encosto de cabeça integrado e bolso falso imitando os de uma calça. Outros bolsos eram encontrados nos painéis das portas e atrás dos encostos dianteiros, estes podendo ser utilizados. Atrás o conforto era prejudicado pela falta de espaço para as pernas dos passageiros, problema nunca corrigido por limitações do projeto. Para combinar com o Jeans dos assentos e dos forros de porta, o painel do carro era preto, assim como o descansa braço das portas.

Seu acabamento era de excelente qualidade, e de série trazia, além do acabamento em Jeans, piso acarpetado e fechadura na tampa do porta-luvas, freio de mão coberto por uma capa de napa que imitava couro, desembaçador, espelho retrovisor interno do tipo dia-e-noite, cinto de segurança de dois pontos (sim, o abdominal) e limpador de para-brisas com duas velocidades.

Como opcionais, além do carburador de corpo duplo e pneus radiais já citados, trazia para brisas do tipo ray-ban (aquele com a faixa azul), vidros traseiros laterais basculantes, filtro de ar para regiões “poeirentas”, ar-quente, desembaçador térmico do vidro traseiro, acendedor de cigarros (!), rodas tipo esportivas em aço e limpador do para-brisa com temporizador e esguichador elétrico, com comando na mesma alavanca de troca de facho dos faróis. Explico: nesta época, era comum o esguichador ser do tipo bomba, localizados próximo ao pedal de embreagem para acionamento com o pé esquerdo. Como as coisas mudaram não?!

Externamente o modelo não tinha muitas diferenças aos demais modelos da linha, e esbanjava simplicidade. Trazia sua logotipia “Chevette Jeans” em adesivo nos paralamas, pouco à frente das portas, para-choques pintados de preto e era totalmente desprovido de cromados. Tinha apenas três cores disponíveis: branco-Everest, azul Iguaçu e prata-Diamantina-metálica. A azul é a mais rara delas.

O modelo não era uma edição especial, e sim uma versão que foi fabricada de janeiro a dezembro de 1979. Com todos os opcionais listados, custava em abril de 1979 exatos Cr$ 111.643,70, ou R$ 116.528,21 hoje de acordo com o índice IGP-DI (FGV). A GM não detalhava seus números de produção, e naquele ano foram fabricados 90.084 Chevettes, onde de acordo pela própria GM, estima-se que 10% tenham sido Chevette Jeans, ou seja, 9.000 unidades.

Apesar do volante inclinado a esquerda, problema este também nunca corrigido pela maca, o Chevette era muito agradável de dirigir e angariou fãs, e sua versão Jeans foi a mais descolada delas, em todos os sentidos.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos

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