Mercedes dominante renasce em Barcelona e assusta Red Bull
A confiança é um sentimento interessante. Ela se constrói ao longo do tempo e faz com que as pessoas acreditem em algo ou alguém de maneira, muitas vezes, cega.
Só que por mais merecida que seja essa confiança, a sensação de segurança que ela nos traz pode ser também uma grande fonte de decepções.
O caso da Mercedes na Fórmula 1 é uma clara demonstração disso. Foram anos de dominância histórica na categoria que fizeram a equipe virar referência contemporânea de competência e efetividade.
Lewis Hamilton se consagrou, venceu diversos títulos e se colocou até mesmo no posto de disputar a alcunha de maior piloto da história do esporte, de tão absurdos que se tornaram seus números.
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O impacto da hegemonia foi tão grande que ninguém imaginava as dificuldades que estariam por vir no novo regulamento inaugurado em 2022.
Como um bom brasileiro médio que fecha o plano anual de academia pra frequentar o espaço apenas uma vez por mês, a Mercedes se comprometeu com o falho conceito do “zero pods” por praticamente um ano e meio, se agarrando a alguns eventuais pódios e à única vitória em terras brasileiras para acreditar que uma hora o carro engrenaria.
A confiança na competência da equipe era tanta, que Toto Wolff e sua alcateia demoraram quase duas temporadas para admitirem que estavam errados. Mas no último GP de Mônaco isso finalmente aconteceu — e parte dos resultados nós vimos na Espanha.
Um novo carro surgiu em Barcelona e trouxe não só um pódio duplo, como também esperanças de dias melhores frente a uma Red Bull que é absurdamente dominante.
Resta saber se a melhora foi apenas eventual ou se vai sobreviver aos próximos GPs da temporada. Independente disso, agora a Mercedes tem um horizonte de desenvolvimento e não mais um beco sem saída.
Com um carro mais “convencional”, agora a questão é tirar o atraso daqueles que já estão mais consolidados no grid.
Até porque, no final das contas, a equipe tem possivelmente a dupla mais segura de pilotos do grid, um time de engenheiros capazes e estrategistas muito confiáveis. “Só” falta o carro.
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O caminho é longo, mas nunca é demais lembrar também que a Red Bull conta, por causa do furo no teto de gastos, com limitações do uso do túnel de vento, ferramenta essencial para o desenvolvimento dos carros. E isso pode impactar no ano que vem.
Provavelmente o gás do energético não acaba esse ano, então se consolidar como segunda força do grid até o fim da temporada pode ser um primeiro passo para incomodar em 2024. Se isso acontecer, aí sim eu terei confiança.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Caio Diniz é relações públicas e ama todo tipo de esporte. É host do podcast Cronômetro Zerado, espaço no qual aborda a Fórmula 1 sempre de maneira leve e bem humorada.
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