Moto elétrica vale a pena? O que você precisa saber antes de comprar
O aumento constante nos preços dos carros e combustíveis no Brasil nos últimos tempos obrigaram muita gente a refletir sobre alternativas para o transporte individual. Um automóvel teve seu tíquete médio elevado de R$ 80.000 para R$ 135.000, enquanto o litro de gasolina saltou de pouco mais de R$ 4 para mais de R$ 8.
Junto a isso, o país vem atravessando nos últimos anos uma crise econômica com alto índice de desemprego, inflação de dois dígitos, queda na renda média mensal e população empobrecida. É nesse cenário que as motocicletas vêm aumentando a sua presença como meio de transporte mais acessível – ainda que tenham ficado mais caras.
Diante desse cenário, as motos elétricas também vêm ganhando espaço para quem precisa se deslocar nos centros urbanos. Para se ter uma ideia da crescente demanda por esse tipo de veículo, no primeiro semestre deste ano foram comercializados 3.595 unidades eletrificadas, dez vezes mais que no ano anterior. Os números são da Fenabrave (federação nacional dos concessionários).
Caso você esteja interessado em comprar uma moto movida a eletricidade para rodar pela cidade (e economizar dinheiro com combustível), saiba que não basta ligar o veículo a uma tomada para recarregar as baterias e, em seguida, sair rodando por aí. É preciso ficar atento a alguns pontos que a Mobiauto te explica a seguir. Confira!
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1. Como funcionam as motos elétricas?
Embora sejam visualmente parecidas, as motos elétricas têm diferenças importantes de funcionamento em relação às motocicletas convencionais. Obviamente, elas são movidas por um motor elétrico alimentado por uma ou mais baterias (geralmente de íons de lítio ou chumbo), no lugar do propulsor a combustão interna movido a gasolina (ou etanol nos modelos flex).
Em vez de ir a um posto de abastecimento para encher o tanque, o dono de uma moto elétrica precisará conectá-la a uma tomada e aguardar algumas horas para completar a carga da bateria ou estender a autonomia em alguns quilômetros. Em estações de recarga rápida, esse tempo pode cair para alguns minutos.
Há, ainda, modelos que permitem a substituição dos módulos de bateria vazios por outros já carregados em postos dedicados a essa troca.
A pilotagem é muito parecida com a de uma motocicleta a combustão, com a vantagem de o condutor não precisar trocar marcha, deixando a condução mais confortável e menos cansativa. Basta acelerar, na manopla do lado direito, para que a moto elétrica ganhe velocidade.
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2. Os principais tipos de motos elétricas
Assim como as motos movidas a gasolina, as elétricas também podem ser encontradas em diferentes modelos.
Os scooters (ou lambretas) são mais procuradas por pessoas que preferem uma tocada mais tranquila, uma vez que o piloto vai sentado com os pés apoiados no assoalho. Neles, o motor elétrico geralmente fica acoplado à roda traseira, dispensando o uso de corrente de transmissão.
Já nas motocicletas o condutor vai montado sobre o banco e o quadro central, com uma perna de cada lado, como em uma bicicleta. O motor elétrico geralmente fica alojado na parte central do quadro, assim como os modelos a combustão, com a transmissão por corrente responsável pela tração da roda traseira.
Os triciclos, como o nome já diz, têm três rodas em duas diferentes configurações: uma roda na frente e duas atrás; duas rodas dianteira e uma traseira. Nesses veículos, o piloto vai montado sobre o quadro como em uma moto. O motor pode ficar instalado na dianteira ou na traseira, dependendo do modelo.
Como as baterias ficam instaladas no quadro, em algumas motos elétricas o compartimento que seria do tanque de gasolina acaba sendo utilizado como porta-objetos, para o motociclista guardar capacete, luvas ou até mesmo levar pequenas cargas.
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3. As motos elétricas são mais eficientes que as motos a combustão?
No geral, sim. Uma moto elétrica consome por volta de 2 kWh para percorrer 100 km, enquanto um modelo a combustão de 160 cm³, como uma Honda CG, precisa de 2,5 litros de gasolina, em média, para rodar a mesma distância.
Arredondando para R$ 1,26 o valor do kWh e o preço médio do litro da gasolina comum (R$ 6,50) na cidade de São Paulo (julho de 2022), um percurso de 100 km com uma moto elétrica teria um custo de R$ 2,52, contra R$ 16 do veículo a gasolina.
O custo-benefício deve ser avaliado de acordo com a necessidade de cada usuário. No caso de um motociclista que roda 100 km por semana na capital paulista, ao final de um mês ele terá um aumento de apenas R$ 10,08 na sua conta de luz.
Se o mesmo cálculo for aplicado a uma moto de 160 cm³, considerando o preço médio de R$ 6,50 o litro da gasolina em São Paulo, o gasto mensal com combustível seria de mais de R$ 40.
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4. Quanto custa uma moto elétrica?
Depende do modelo. Os scooters mais simples custam por volta de R$ 10.000, enquanto as motocicletas movidas a bateria mais vendidas no Brasil podem superar os R$ 25 mil.
5. Moto elétrico tem menor custo de manutenção?
Além de ter um custo operacional mais baixo, as motos elétricas são mais econômicas em termos de manutenção, pois têm menos componentes sujeitos a quebras e revisões periódicas.
Construído com uma concepção mais simples - a mesma de um automóvel elétrico, conforme explicamos neste outro artigo -, o motor elétrico dispensa cabeçotes, válvulas, sistemas de carburação e injeção, escapamento, óleo lubrificante, câmbio, embreagem etc.
6. É preciso ter CNH para pilotar uma moto elétrica?
Sim. Motocicletas com menos de 4 kW de potência são equivalentes a ciclomotores e exigem ou CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de categoria A ou AAC (autorização para condução de ciclomotor). Aliás, qualquer veículo que ultrapassa 25 km/h de velocidade máxima exige CNH ou AAC.
Já as de maior potência demandam o documento tipo A, como uma motocicleta comum. Apenas patinetes, monociclos e bicicletas elétricas com pedal dispensam a necessidade de habilitação.
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7. Tenho de emplacar a moto elétrica?
Sim. Qualquer veículo que exige CNH também exige emplacamento. Muitas motos elétricas já estão cadastradas nos órgãos de trânsito e legalizadas pelas autoridades brasileiras. Verifique sobre a obrigatoriedade de emplacamento antes de adquirir um veículo desses.
8. Quatro vantagens das motos elétricas
- Menor custo de carregamento
- Menor custo de manutenção
- Não emitem gases poluentes
- Silenciosas, pois o motor elétrico quase não emite ruído
9. Quatro desvantagens das motos elétricas
- Preço de compra mais elevado
- Menor autonomia entre cada recarga
- Poucos postos de carregamento disponíveis
- Rejeição e depreciação no mercado de usados
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