Os raríssimos VW Passat exportação que o Brasil produziu, mas não viu

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis
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14.12.2022 às 17:00 • Atualizado em 29.05.2024
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VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

Produzido no mundo desde 1973 como um carro médio, o VW Passat chegou ao Brasil em 1974 com motor BR 1.5, versões L e Standard e carroceria de duas portas. Logo se tornou um sucesso, sendo um dos carros médios mais desejados de seu tempo. 

Em 1975, foi lançada a carroceria com quatro portas, além das versões LM e LS, e em 1976, o desejado Passat TS, com motor BS 1.6 e um desempenho muito arisco, capaz de encarar algumas versões de carros de maior cilindrada como o GM Opala e Ford Maverick. No mesmo ano chegava ao nosso mercado também a configuração de três portas, com grande aceitação.

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VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

De olho no exterior, a Volkswagen começou a produção da configuração de cinco portas, exclusivamente para exportação, e logo algumas unidades passaram a ser comercializadas na América Latina, África e Europa.

Logo após o lançamento da versão LSE em 1978, a mais luxuosa de nosso mercado, algumas unidades foram destinadas ao mercado Iraquiano, mas sem nenhum acordo de exportação oficial. No mesmo ano foi lançada a versão Surf, com apelo ao público jovem e com acabamento básico. 

Em 1979 o nosso Passat ganhava em seu primeiro face-lift a frente do Audi 80 comercializado no exterior entre 1976 e 1978, e suas vendas dispararam.

A partir de 1981, a Volkswagen do Brasil fechou acordo com a Nigéria e foram exportados para este mercado o Passat TS na versão de quatro portas, em substituição ao VW Igala (nosso VW Brasília).

Falando do modelo TS, tinha os mesmos detalhes externamente e internamente da versão de duas portas nacional, e isso incluía as rodas, polainas, emblemas, o belo volante de quatro raios e 36 cm, o console com instrumentos como voltímetro e nanômetro de óleo, além de conta-giros no painel, acabamento esmerado, e carpete de 10 mm (ou 4 mm extras) e ar-condicionado de série (um raro opcional em nosso mercado). 

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VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

Até 1982 o modelo usava o motor BS 1.6, com 96 cv SAE* (72 cv ABNT) a 6.100 rpm e 13,2 kgfm de torque a 3.600 rpm, e fazia de 0 a 100 km/h em 13,1 segundos, atingindo 160 km/h de velocidade máxima e com médias de 9 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada, sempre com gasolina. 

A partir de 1983, o TS Nigeriano passou a se chamar apenas Passat, e adotou as evoluções da versão nacional como os quatro faróis retangulares, além do novo motor 1.6 MD-270. Este motor também tinha 72 cv ABNT declarados, mas sua potência máxima era atingida a 5.200 rpm e tinha 12,2 kgfm de torque a 2.600 rpm, ou seja, a sensação de potência vinha antes, tornando assim sua condução em cidade mais confortável e exigindo menos trocas de marchas. 

Um pouquinho mais lento, fazia de 0 a 100km/h em 15,2 segundos, atingia 151km/h de velocidade máxima e era mais econômico, fazendo médias de 10,7 km/l na cidade e 14,9 km/l na estrada, também com gasolina.

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

Ainda em 1983 o modelo LSE começou a ser exportado para o mercado iraquiano, graças a um inusitado acordo comercial. Os carros eram pagos pelo governo do Iraque em petróleo, repassado à Petrobras, que por sua vez pagava o valor correspondente a cada carro à Volkswagen do Brasil, em câmbio vigente. Entre 1983 e 1988, 170.000 unidades da versão LSE deixaram a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) através desta negociação.

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Comparado com o Passat LSE nacional, modelo destinado ao mercado iraquiano trazia alterações significativas como o radiador de cobre, pneus têxteis (de aço aqui, ou radiais), ventilador de 250 W, chapa de proteção do motor de série, para-barro e quatro ganchos de reboque (dois a mais que o modelo nacional). O ar-condicionado também era de série.

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

A partir de 1985, os Passat tipo exportação adotaram novamente as evoluções do modelo nacional como para-choques envolventes, novo tabelier, novo painel de instrumentos, além de um acabamento primoroso a lá Santana todo em veludo, fosse cinza ou vermelho. A versão destinada à Nigéria passou a ser oferecida apenas na versão duas portas, enquanto o modelo LSE destinado ao Iraque permanecia sendo oferecido na versão de quatro portas, ambas com o mesmo acabamento.

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

Naquela época, a Volkswagen do Brasil lançou em nosso mercado o cultuado e então moderno motor AP-600, com 80 cv ABNT a 5.600 rpm e 12,7 kgfm de torque a 2.600 rpm na versão a gasolina e câmbio de cinco marchas – fora a versão a álcool com 90 cv a 5.600 rpm e 13 kgfm de torque a 2.600 rpm. 

Por estratégia da Volkswagen do Brasil, os motores dos modelos tipo exportação não foram atualizados, facilitando assim o envio de peças de reposição para tais mercados. O câmbio também não foi atualizado, e os modelos continuaram usando o câmbio longo de quatro velocidades, intitulado 3+E.

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

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Nos idos da segunda metade dos anos 80, Nigéria e Iraque enfrentavam sérios problemas de cunho político e financeiro, impactando para a Volkswagen do Brasil no fornecimento dos veículos. Com o excedente no pátio graças a baixa demanda destes países, a partir de junho de 1986, os modelos tipo exportação foram destinados ao mercado nacional como edição especial.

Com muita resistência dos concessionários, os modelos surpreenderam em vendas e houve até fila de espera, pois custavam o equivalente ao nosso Passat LS Village, mais moderno mecanicamente graças seu motor mais potente e câmbio de cinco marchas, mas menos equipado, com acabamento mais simples e sem o ar-condicionado sequer como opcional.

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

O Passat 2 portas, antes destinado ao mercado Nigeriano era vendido com a identificação em sua nota Fiscal como Passat Carro do Mês** e logo ganhou o apelido de Passat Nigéria. Algumas unidades também foram identificadas nas notas como Passat Plus (este comercializado em 1984) e como Passat LS Village. Coisas de um Brasil com vários “Brasis”, com pouca informatização e sistemas sem integração com a base do Detran, sem falar na falta de alinhamento entre os concessionários da VW. Ah, os anos 80...

VW Passat produzido no Brasil e exportado para o Iraque tinha até para-barro, ganchos de reboque e pneus têxteis

Os Passat LSE vendidos no mercado nacional não tiveram outras identificações, mas eram chamados no mercado de Passat Iraque. Era uma boa opção para quem queria um Volkswagen quatro portas zero-quilômetro com bom acabamento e ar-condicionado, já que o VW Santana CL quatro portas, versão mais barata da linha, também não tinha o ar-condicionado sequer como opcional nos idos de 1987. 

Estima-se que apenas 277 unidades do Passat “Nigéria” duas portas foram vendidas no mercado nacional, o que o torna bastante raro em nosso mercado, ao contrário do modelo LSE, onde há o registro de milhares deles.

No total, foram exportadas 221 mil unidades do Passat para estes e outros países, fora as 676.829 comercializadas em nosso mercado. Em breve trarei mais histórias das outras versões comercializadas em nosso mercado.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…

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