Renault Twingo: o ícone francês que era moderno demais para o Brasil

Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil
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02.03.2023 às 11:07 • Atualizado em 12.11.2024
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Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil

A partir da segunda metade da década de 1980 o crescimento dos menores carros europeus deixava uma lacuna na parte de baixo do mercado. As novas gerações de Fiesta, Golf e cia ganharam corpo, e abriram espaço para os citycars da década de 1990. O representante da Renault para esse segmento era o simpático Twingo. 

Apresentado em 1992, durante o salão de Paris, o subcompacto tinha a árdua missão de ser mais barato que o então carro de entrada da Renault, o estreante Clio, lançado em 1990, além de ter seu desenvolvimento com um orçamento limitado e uma missão de atender a diversas demandas de um citycar digno do mercado europeu.


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Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil

Figura 1 - Um dos protótipos para o estudo do Twingo

Criado pelo designer Patrick Le Quément, o pequeno hatch tinha a premissa de ter baixo custo, ser versátil e entregar um design inovador. Por conta da limitação de seu orçamento tudo que era desnecessário foi retirado do carro, e a ideia inicial tornou-se um modelo de uma só opção de motor e poucos opcionais. Seu nome foi originado na fusão das palavras "Twist", "Swing" e "Tango", deixando claro seu estilo descolado e diferente à época.

Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil

Figura 2 - O simpático primeiro Twingo

Durante seu lançamento, em 1993, o modelo contava com um único motor de 1.2L e 55cv conjugado a um câmbio manual e 2 opcionais: ar-condicionado e seu charmoso teto panorâmico. As cores, assim como antecipado pelo seu nome, eram sempre chamativas e folclóricas, deixando os tons tradicionais para alguns meses após o lançamento.

Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil

Figura 3 - O pequeno motor dava desempenho aceitável ao carrinho

Internamente o pequeno carro utilizava soluções como o painel central, volante de 2 raios, comandos coloridos e chamativos, e um espaço interno invejável para uma carroceria de dimensões tão curtas, com 3,43 m de comprimento. Outro charme do modelo era o seu rebatimento completo dos bancos traseiros que, em conjunto aos dianteiros, formavam uma espécie de cama.

Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil

Figura 4 - A "cama" no interior do Twingo

O sucesso do carro foi tão grande, que ainda nesse ano foi necessária a disponibilização de mais opcionais e versões para atender ao público, que chegavam até a adoção de airbags nas versões mais completas.

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Com o sucesso do modelo, em 1994 a montadora acrescentou a versão Easy ao seu portfólio. Esta contava com câmbio de quatro marchas de acionamento manual, porém que dispensava a adoção do pedal de embreagem, criando assim a sua primeira versão semiautomática. Neste ano o Twingo venceu o prêmio de carro do ano da Espanha. Ainda em 1994 o pequeno francês desembarcava no Brasil, com o mesmo motor oferecido no velho mundo.

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Figura 5 - Vários adjetivos podem ser aplicados ao interior. "Sem graça" certamente não é um deles.

Em 1996 o Twingo passa pela sua primeira reestilização leve, quando teve seu motor renovado e recebeu uma nova injeção eletrônica, agora multiponto. A mudança ocasionou incremento na potência, que subiu para 60 cv. Tal mudança foi necessária para combater os recém-lançados Ford Ka e Lancia Y. Com essa modificação e sutis modificações internas e externas o modelo ficou ainda mais atraente no seu custo-benefício, mais potente e econômico. No mesmo ano é lançada a versão Twingo Matic, que trazia um câmbio automático de três velocidades.

Em 1998 mais uma evolução, com melhorias no chassis, dois airbags de série e airbags laterais opcionais, novo painel, novos faróis e novos para-choques. Também no mesmo ano foi lançada a versão mais completa do modelo, denominada Initiale Paris.

Ao final de 2000, o Twingo europeu recebe mais uma modificação e, além de pequenas alterações nos faróis, que agora contam com lentes lisas, novas opções de cor e melhorias no interior, o motor passa a contar com o cabeçote de 16v, agora rendendo 75cv. Outra novidade era a opção da caixa sequencial Quickshift.

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No Brasil, o Twingo passa a ser importado do Uruguai e, além de algumas mudanças de versão e estética equivalentes ao modelo europeu, recebe os motores do nosso Clio: 1.0 de 8v (D7D) e 16v (D4D), entregando 59cv ou 68cv, respectivamente. Também chegam por aqui os airbags frontais eram de série. Em 2002 o nosso modelo deixa de ser importado com cerca de 12 mil unidades vendidas desde 1994.

Já veterano na Europa, em 2004 a Renault realiza o último facelift da primeira geração com sutis mudanças, que empurraram o modelo até junho de 2007. Nesses catorze anos, cerca de dois milhões de unidades foram vendidas do modelo. Curiosamente, na Colômbia a primeira geração do Twingo foi vendida até 2012.

Renault Twingo foi um grande sucesso na Europa, mas nunca conseguiu reconhecimento sequer parecido no Brasil

Figura 6 - Twingo II lançado em 2007: há algo de Sandero nessa frente...

Em 2007 ocorre o lançamento da segunda geração na Europa, denominada Renault Twingo II. Essa geração inaugurou a primeira versão esportiva, batizada de Twingo Renault Sport 133, que contava com um propulsor de 1.6L e 133cv.  Esse modelo sobreviveu no mercado até 2014, quando foi substituído pela sua nova geração.

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Figura 7 - Twingo III: retorno ao diferente

O Twingo III foi lançado no salão de Genebra de 2014, fruto de uma parceria entre a Renault e a Daimler AG, através do Projeto Edison, onde ambas as fabricantes compartilhavam a mesma plataforma para soluções de carros pequenos urbanos. A plataforma Edison foi projetada a fim de possibilitar a utilização de um motor de combustão interna ou um motor elétrico como a principal fonte de energia. Os primeiros dois carros oriundos dessa parceria foram o Twingo de terceira geração e o Smart Forfour. 

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Figura 8 - Motor no lugar "errado" e tração no lugar certo!

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Essa geração foi marcada pela primeira a disponibilizar quatro portas, e era oferecida com motor três cilindros 1.0 aspirado ou três cilindros 0.9 turbo. Curiosamente, a terceira geração do Twingo conta com motor central-traseiro, e tração traseira. Já imaginou se esse pequeno carrinho turbo com tração traseira tivesse vindo para o Brasil?

Por fim em 2020, a Renault lança o Twingo Elétrico (Z.E), o primeiro 100% elétrico da gama, que gera 82 CV (60 kW) de potência e 160 Nm e conta com uma bateria de íons de lítio de 22 kWh. Esse modelo promete velocidade máxima de 135 km/h e autonomia de até 250 km. O modelo ainda é vendido na Europa, e parte de 25.000 €.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.

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