Suzuki Burgman 125: o que saber antes de comprar essa scooter
Se existisse um responsável por desbravar terras inabitáveis, poderíamos dedicar o título a Suzuki Burgman 125. Isso mesmo, um modelo que virou ‘febre’ nos anos 2000 e que trouxe consigo uma galera que ainda não tinha pisado em terra firme.
Outro impulso que contribuiu com o sucesso das scooters foi a discussão, antiga, mas que rola até hoje, envolvendo a obrigatoriedade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para pilotar qualquer veículo desse tipo, cuja cilindrada não exceda a 50 cm³ e a velocidade máxima não exceda 50 km/h.
Em 2022, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou uma resolução para atualizar a classificação desses veículos e esclarecer as regras e exigências para cada um deles. Segundo essa resolução, os equipamentos de mobilidade individual autopropelidos e as bicicletas elétricas podem circular nas mesmas condições das bicicletas convencionais, sem CNH ou habilitação, desde que não ultrapassem a velocidade de 25 km/h e tenham potência máxima de 350 W. Essa medida visa acompanhar o aumento significativo desse tipo de veículo nas ruas e facilitar o registro e o licenciamento dos mesmos.
Apesar da Burgman ser uma scooter “maior” e de não se encaixar nas regras da CNH, a corrida contra a invasão chinesa e europeia estava aberta e o modelo compacto e econômico não perdeu tempo, largou na frente, teve duas gerações produzida pela Suzuki entre 2006 e 2019.
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A primeira geração saia de fábrica com um motor quatro tempos, refrigerado a ar, com carburador, que gerava 12,3 cv e 1,1 kgfm. Trazia um design moderno e oferecia ergonomia e praticidade, com compartimento sob o assento. A versão injetada chegou em 2012, tinha 9 cv a 7.500 rpm e 0,95 kgfm a 6.000 rpm.
Apesar de parecer um modelo fácil de pilotar, a Burgman não é uma das melhores opções para iniciar a carreira nas duas rodas. Equipada com pneus 90/90 e 100/90 com rodas de 10 polegadas (10”), o motociclista precisa ficar muito atento com a irregularidade do asfalto, pois qualquer buraco inesperado que apareça é acidente na certa.
Outra questão da scooter é o posicionamento das pedaleiras e do cavalete central, ambos acabam encostando no chão em curvas mais fechadas.
Também vale lembrar que por usar CVT, a dificuldade para controlar a aceleração, para quem não é familiarizado com veículos de duas rodas, é maior.
Um ponto comum nas scooters, mas que também ocorre na Burgman, é o pequeno curso das suspensões. A questão fica ainda mais crônica quando se roda com garupa. Aliás, algo que deve ser bem-planejado de se fazer. Com perto de 10 cv de potência, rodar com mais alguém é tarefa desafiadora. Velocidade inferior ao 100 km/h e muita atenção.
Com 111 kg, o consumo não é um aliado da scooter, principalmente se comparado com a concorrência. Média declarada de 30 km/l, autonomia de 300 km de tanque cheio. A Honda Elite, por exemplo, registra 50 km/l na cidade.
Recall da Suzuki Burgman 125
As scooters fabricadas entre 2008 e 2009, com chassis de numeração de 9CDCF47AJ8M036199 até 9CDCF47AJ9M079398, foram convocadas para substituir a tampa do tanque de combustível. De acordo com o anúncio, fissuras podem aumentar devido às repetidas operações de abertura e fechamento da tampa, podendo resultar em vazamento de combustível e consequente na possibilidade de incêndio.
Segundo o Procon de São Paulo, dos 43.200 modelos afetados, apenas 16.00% efetuaram a correção, cerca de 7 mil. A Fraga Inteligência Automotiva, empresa de pesquisa e banco de dados de veículos circulantes no Brasil, estima que existe uma frota circulante de 35 mil Burgman 125 no país.
O que olhar antes de levar para casa?
Se você encontrou uma Burgman que atende a sua proposta. É importante observar que há dificuldade de encontrar mão-de-obra especializada e peças de reposição. Outro detalhe está na fragilidade das carenagens, pois elas riscam e quebram com facilidade por conta das quedas ou batidas. Elas geralmente são caras para substituir.
Os choques também são frequentes na Burgman, acredite? A corrente passa para o motociclista quando o cabo de aterramento do motor está rompido. É possível fazer a verificação visual antes de ser incomodado com a descarga elétrica.
Outro problema frequente na Burgman é o rompimento das mangueiras de combustível. Especialmente quando o amortecedor traseiro está gasto, pois não absorve corretamente o impacto e carcome literalmente as mangueiras. Por isso, vale verificar se o amortecedor traseiro está bom e se as mangueiras de combustível são originais, as do modelo injetado o material é teflonado, mais resistente.
O mercado chinês venceu
Se você olhar friamente para a HaoJue Lindy 125 vai pensar que está olhando para o sucessor da Suzuki Burgman. Você não está enganado não. Em 2017, o grupo JTZ, o mesmo importa Suzuki para o Brasil, passou também a vender produtos das marcas Kymco e HaoJue, modelos populares e de baixo custo. Com isso, a Suzuki jogou os modelos de entrada para as marcas chinesas e deixou a Suzuki mais glamurosa. Logo, a scooter de entrada do grupo passou a ser a HaoJue Lindy 125.
Além da Suzuki Burgman 125 e da Lindy é importante avaliar: Yamaha Neo 125, Honda Elite 125, PCX, Kymco Agility 16+, Dafra Cityclass 200i e o Shineray XY 150 Max.
Jornalista Automotivo