VW Fusca 1987: a história das raras cinco unidades que nunca foram vendidas
O Fusca foi um modelo de grande sucesso vendido pela Volkswagen no mundo e no Brasil. Projetado em 1938 por Ferdinand Porsche, teve sua primeira unidade vendida por aqui em 17 de janeiro de 1950 pela concessionária Sabrico, em São Paulo.
Sua montagem em solo Tupiniquim teve início em 1953, e cinco anos depois já eram montadas 4.819 unidades. Em 1959, a marca lançou a configuração 1200, que deu o primeiro boom nas vendas do veículo, chegando a 16.825 unidades comercializadas. Mas mesmo essas opções mais antigas não são tão raras quanto as fabricadas em 1987.
Vale lembrar que durante sua trajetória na indústria automobilística, foram poucas as modificações visuais do Fusquinha e a estrutura base permaneceu a mesma ao longo dos anos.
Com isso, ele virou o queridinho dos brasileiros por sua mecânica resistente, manutenção barata, consumo comedido de combustível e seu carisma - afinal, muitos simpatizavam (e simpatizam até hoje) por suas linhas arredondadas e tamanho diminuto.
Mas foi nos anos 1980 que sua soberania foi deposta. A chegada do GM Chevette em 1983 tirou o posto do Fusca e “carro mais vendido do Brasil”, após 24 anos consecutivos de liderança.
Leia também: Ghost Car: a história do carro fantasma construído na década de 1930
A VW até promoveu melhorias em seu Sedan. Tanto que, em 1984, ele entregava um melhor custo-benefício que as linhas anteriores, carregava exclusivamente o motor 1.6, tinha freios a discos de série em toda linha, um alternador com maior capacidade e era oficialmente batizado de Fusca.
O velho motor boxer já tinha opção abastecida com etanol, que gerava bons 57 cv (a 4.200 rpm) e 11,8 kgfm (a 2.600 rpm). Ele deixava o Fusca mais forte, com um desempenho de 0 a 100 km/h em apenas 17,2 segundos - ainda era lento, mas a antiga usina 1.3 fazia a mesma prova em quase 40 segundos. Além disso, chegava a máxima de 133 km/h - cerca de 20 km/h a mais que o antecessor.
Mas não foi o suficiente. Em 1986, a Volkswagen do Brasil anunciou que o Fusca seria descontinuado por aqui, gerando o descontentamento da legião de fãs do modelo. A marca ainda tentou justificar a atitude com uma campanha publicitária dizendo que “às vezes o avanço tecnológico de uma empresa não está no que ela faz. Mas no que deixa de fazer.”
Leia também: VW Apollo: 1ª cria da Autolatina só foi valorizada após fracassar
Além disso, preparou uma série especial, intitulada "Última Série". A edição comemorativa tinha apenas 850 unidades, todas eram numeradas e poderiam ser compradas nas cores bege Polar, cinza Plus ou azul Stratos - todas metálicas. Ela era baseada na versão Luxo e trazia ainda a gravação nos vidros com o número de série (de 001 a 850).
O comprador recebia também um chaveiro numerado, chave reserva dourada, certificado, fita VHS com a história do modelo, manual e par de placas cinzas com o mesmo número gravado no vidro do veículo.
Leia também: VW Apollo: 1ª cria da Autolatina só foi valorizada após fracassar
Cinco unidades da linha 87
E no meio disso é que surgiram as cinco unidades raríssimas do Fusca. A Volkswagen anunciou o fim da linha do Sedan, mas seus colaboradores já testavam a produção do modelo 1987 do veículo com todas as modificações que estariam presentes no ano seguinte. Elas foram fabricadas em maio de 1986, pouco antes de a marca por um primeiro ponto final na história do Besouro.
As melhorias que seriam incorporadas à linha 87 eram retrovisor do lado direito, novos borrachões no para-choque, relógio no painel, vidros verdes, desembaçador traseiro e a nova cor Vermelho Fênix. Vale lembrar que alguns destes acessórios eram oferecidos nas versões Luxo em anos anteriores.
De chassis iniciados com "HP" (letras do ano 87), os cinco Fuscas tiveram marcação de 00001 a 00005, sendo que o primeiro ficou na VW, dois foram doados a instituições de caridade e os outros dois foram destinados a diretores da VWB da época.
Leia também: Chevrolet Opalete, a avó da nova Montana que queria ser El Camino
Sabe-se que o chassi 00001, de cor Vermelho Fênix, ainda está sob posse da VW e compõe seu acervo de antigos. Essa cor, inclusive, nunca foi incorporada de fato à linha do Fusca nos anos 80.
O 00002 era Azul Stratos e está atualmente no Sul do país completamente descaracterizado, inclusive em outra tonalidade de Azul.
O chassi 00003 era Bege Flash e foi comprado pela VW no começo dos anos 90. A unidade foi desmontada para auxiliar a marca a recompor o ferramental para a produção do Fusca em 1993.
O modelo 00004 era Cinza Altas e foi roubado ainda quando possuía as placas amarelas. Infelizmente, nunca mais se soube de seu paradeiro, o que é lastimável dado seu pedigree histórico.
Leia também: Este carro foi construído usando "fibra de maconha"
O Fusca 1987/1987, Vermelho Capri, das fotos é o de chassis 00005, e foi adquirido pelo atual proprietário diretamente de um dos diretores da VWB, em 1988. Por ser modelo de estudo, não possui alguns KPO's originais, e tem algumas etiquetas não encontradas nos modelos de série, além de identificação como carro bloqueado no documento original, por ser considerado um protótipo.
Atualmente, o exemplar conta com apenas 4.600 km rodados originais e a fidelidade de seus proprietários. Depois do teste de produção, veio a decisão da marca de encerrar a produção do Fusca em 86, e então foram produzidos as unidades finais e os modelos da série especial intitulada "Última série".
Esses não foram os últimos Fusca produzidos no Brasil, afinal, em 1993, a Volkswagen reinaugurou a linha de produção do icônico modelo a pedido do então presidente Itamar Franco. Foram mais alguns anos de produção do modelo conhecido como Itamar, mas essa já é uma outra história.
Imagens: Reprodução / Autos Originais, Carros e Garagem
Você pode se interessar por:
Drone elétrico gigante vira arma do agro para transportar sêmen de suínos
Mercury 1949 vira elétrico indomável com motor de 400 cv da Tesla
Dodge Charger SRT vira elétrico, mas ainda faz mais barulho que V8
VW Fusca elétrico feito no Brasil tem câmbio manual e força de 1600