VW Gol G4 foi o último raiz que manteve o hatch como mais vendido
Em 2013, se despedia do mercado a segunda geração do Volkswagen Gol. Intitulado Gol G4, a segunda reestilização da segunda geração oferecia resistência, robustez, baixo custo de manutenção, revenda garantida e confiabilidade.
Considerado o Gol raiz, trazia a plataforma Ab-9, uma evolução da plataforma BX do Gol quadrado e com elementos da plataforma B2 do Santana nacional, além do motor em posição longitudinal.
Foi o modelo mais vendido da história do Gol (somando G2, G3 e G4), que por sua vez ainda é o carro mais vendido do Brasil com mais de 8,5 milhões de unidades comercializadas.
Morreu flex, com 68/71 cv (G/E) a 5.750 rpm e 9,4/9,7 kgfm (G/E) de torque a 4.250 rpm, com as versões Ecomotion, City e City Trend que tinham opcionais triviais oferecidos nos dois modelos - ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas.
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As versões City e City Trend faziam 7,6 km/l na cidade e 12 km/l na estrada com etanol. Se fosse com gasolina, 11,1 km/l na cidade e 16,2 km/l na estrada. Era rápido, principalmente se considerarmos as limitações do pequeno motor EA-111 1.0 de quatro cilindros. Fazia de 0 a 100 km/h em 12 segundos (o mesmo que um VW Quantum CL 2.0 de 1989 a gasolina), e atingia 171 km/h de velocidade máxima.
O Ecomotion focava em eficiência energética, com pneus aro 13 verdes de alta calibragem para melhor rolagem, indicador de troca de marchas, diferencial longo do câmbio e mapeamento da injeção exclusivo. Suas molas foram recalibradas para não comprometer o conforto já que os pneus usavam 39 libras na dianteira e 32 libras na traseira. O desempenho era praticamente o mesmo da versão Trend.
O modelo City Trend era o racional, oferecendo melhor acabamento (dentro do possível) e mais conforto ao rodar graças a suspensão macia (a mesma da versão Ecomotion e City, porém com pneus comuns), acessórios da linha Power 1.6 (descontinuada em 2009), porta-malas acarpetado e iluminado, dentre outras sutilezas não encontradas em veículos de entrada.
As rodas eram aro 14 com pneus 185/60, e podiam vir com rodas de liga-leve como opcionais. Ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos e travas elétricas eram opcionais, mas é raro achar um City Trend sem eles.
O ronco do motor era gostoso de se ouvir, e sua agilidade fazia do carro uma opção muito interessante para a cidade e estrada.
Sua suspensão, apesar de antiga, era muito resistente, e não são raros os casos de troca de amortecedores a partir de 150 mil km. O que demandava atenção era o alinhamento, pois devido sua construção, requeria conferências periódicas.
O acabamento era bastante simples, com plásticos de baixa qualidade e muito finos, o que irritava seus proprietários. Mas com feltros e fitas-feltro, dava para deixá-lo silencioso como os carros mais modernos (de sua categoria é claro).
Coincidência ou não, depois que saiu de linha o Gol perdeu o título de carro mais vendido do Brasil, e a Volkswagen, a oportunidade de oferecer um carro resistente e muito barato para brasileiros que usam carros ditos "pau para toda obra".
Seu substituto foi o Volkswagen Up!, que apesar de muitos predicados, apresentava uma suspensão frágil para o uso em terrenos acidentados e um custo de manutenção muito acima da média - literalmente o dobro do Gol de segunda geração.
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A imprensa justificava à época que o modelo saia de linha por conta da obrigatoriedade de airbags e freios ABS para 2014, mas a realidade é que o modelo poderia ter tido uma sobrevida, pois em 1998 o Gol de segunda geração já oferecia freios ABS e airbags como opcionais. O mesmo aconteceu com o G3 e com o próprio G4, que até 2009 poderia sair de fábrica com tais recursos, sempre dotado à época com o motor AP-1.600.
As unidades do G4 que tiveram airbags e freios ABS tinham o painel do finado Gol G3, eleito por muitos o painel mais bonito da linha Gol, o que associado a externa mais moderna do G4, deixava o carro muito bonito.
Especula-se que, se o G4 tivesse ganho mais uns anos de vida e com o painel do G3, o Gol não teria perdido o reinado e teria garantido mais alguns anos na liderança, que perdurou de 1987 a 2013. Que vacilo em VW.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…
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