VW Passat Nigéria: como era a rara versão que até no Brasil foi vendida

Versão destinada ao mercado nigeriano chegou a ser vendida no Brasil mas em menos de 300 unidades
LA
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21.03.2024 às 02:20 • Atualizado em 12.11.2024
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Versão destinada ao mercado nigeriano chegou a ser vendida no Brasil mas em menos de 300 unidades

O Passat tem uma história longeva, que remete aos idos de 1973 quando foi lançado na Alemanha. Modelo de porte médio, chegou ao Brasil um ano depois, em 1974, dotado do eficiente motor VW BR 1.5, nas versões L e Standard e carroceria duas-portas.

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Em 1975, a família cresceu com a chegada dos modelos de três e quatro portas, além das versões LM e LS, e em 1976, o desejado Passat TS, com motor VW BS 1.6 e um desempenho bastante arisco, capaz de encarar algumas versões de carros de maior cilindrada como o Ford Maverick e o Chevrolet Opala.

 

De olho no exterior, a Volkswagen começou a produção da configuração de cinco portas, exclusivamente para exportação, e logo algumas unidades passaram a ser comercializadas na América Latina, África e Europa.

Logo após o lançamento da versão LSE em 1978, a mais luxuosa de nosso mercado, algumas unidades foram destinadas ao mercado Iraquiano, mas ainda sem nenhum acordo de exportação oficial. No mesmo ano foi lançada a versão Surf, com apelo ao público jovem e com acabamento básico. Em 1979 o nosso Passat ganhava em seu primeiro facelift a frente do Audi 80 comercializado no exterior entre 1976 e 1978, e suas vendas disparavam.

 

A partir de 1981, a Volkswagen do Brasil fechou acordo com a Nigéria e foram exportados para o mercado nigeriano o Passat TS na versão de quatro portas, em substituição ao VW Igala (nosso VW Brasília), que era descontinuado na versão quatro portas por lá - em 1982, seria também descontinuada a versão duas portas em nosso país.

Falando do modelo TS destino a Nigéria, tinha externamente e internamente os mesmos detalhes da versão duas portas nacional, e isso incluía as rodas, polainas, emblemas, o belo volante de quatro raios e 36 cm de diâmetro, o console com instrumentos como voltímetro e nanômetro de óleo, além de conta-giros no painel, acabamento esmerado, carpete de 10 mm (ou 4 mm extras) e ar-condicionado de série (um raro opcional em nosso mercado).

Até 1982 usava o motor BS 1.6, com 96 cv SAE* (72 cv ABNT) a 6.100 rpm e 13,2 kgfm a 3.600 rpm, e fazia de 0 a 100 km/h em 13,1 segundos, atingindo 160 km/h de velocidade máxima e com médias de 9,0 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada, sempre com gasolina.

 

A partir de 1983, o TS nigeriano passou a se chamar apenas Passat, e adotou as evoluções da versão nacional como os quatro faróis retangulares, além do motor 1.6 MD-270. Este motor também tinha 72 cv ABNT declarados, mas sua potência máxima era atingida a 5.200 rpm e tinha 12,2 kgfm de torque a 2.600 rpm, ou seja, a sensação de potência vinha antes, tornando assim sua condução em cidade mais confortável e exigindo menos trocas de marchas.

Mais lento, fazia de 0 a 100 km/h em 15,2 segundos, atingia 151 km/h de velocidade máxima e era mais econômico, fazendo médias de 10,79 km/l na cidade e 14,94 km/l na estrada, também com gasolina.

 

A partir de 1985, os Passat tipo exportação adotaram novamente as evoluções do modelo nacional como para-choques envolventes, novo tabelier, novo painel de instrumentos, além de um acabamento primoroso à lá Santana todo em veludo, fosse cinza ou vermelho. A versão destinada a Nigéria passou a ser oferecida apenas na versão duas portas, enquanto o modelo LSE destinado ao Iraque permanecia sendo oferecido na versão de quatro portas, ambas com o mesmo acabamento.

 

Comparado com o Passat LS Village nacional, o modelo destinado ao mercado nigeriano trazia alterações significativas como o radiador de cobre, pneus têxteis (de aço aqui, ou radiais), ventilador de 250 W, chapa de proteção do motor de série, para-barro e quatro ganchos de reboque (dois a mais que o modelo nacional). O ar-condicionado também era de série.

Por estratégia da Volkswagen do Brasil, os motores dos modelos tipo exportação não foram atualizados, facilitando assim o envio de peças de reposição para tais mercados. O câmbio também não foi atualizado, e os modelos continuaram usando a transmissão longa de quatro  marchas.

Àquela época, a Volkswagen do Brasil lançou em nosso mercado o cultuado e então moderno motor AP-600, com 80 cv ABNT a 5.600 rpm e 12,75 kgfm de torque a 2.600 rpm na versão a gasolina e câmbio de cinco marchas – fora a versão a álcool com 90 cv a 5.600 rpm e 13,05 kgfm de torque a 2.600 rpm. O nosso modelo LS Village era mais simples, mas andava muito bem, e era melhor inclusive que a linha Gol.

Nos idos da segunda metade dos anos 80, Nigéria e Iraque enfrentavam sérios problemas de cunho político e financeiro, impactando a Volkswagen do Brasil no fornecimento dos veículos. Com o excedente no pátio graças a baixa demanda destes países, a partir de junho de 1986, os modelos tipo exportação foram destinados ao mercado nacional como edição especial.

Com muita resistência dos concessionários, os modelos surpreenderam em vendas e houve até fila de espera, pois custavam o equivalente ao nosso Passat LS Village, mais moderno mecanicamente graças seu motor mais potente e câmbio cinco marchas, mas menos equipados, com acabamento mais simples e sem o ar-condicionado sequer como opcional.

O Passat duas portas, antes destinado ao mercado nigeriano era identificado em sua Nota Fiscal como Passat Carro do Mês** e logo ganhou o apelido de Passat Nigéria. Algumas unidades também foram identificadas nas notas como Passat Plus (este comercializado em 1984) e Passat LS Village. Coisas de um Brasil com vários “Brasis”, sem sistemas integrados no Detran ou mesmo alinhamento com os concessionários. Ah os anos 80...

Estima-se que apenas 277 unidades do Passat “Nigéria” duas portas foram vendidas no Brasil, o que o torna bastante raro em nosso mercado, ao contrário do modelo LSE, onde há o registro de milhares deles.

 

No total, foram exportados 221 mil unidades do Passat para esses e outros países, fora as 676.829 comercializadas em nosso mercado. E se você tivesse em 1986 ou 1987, levaria um desses 0 km para sua casa?

Fotos - The Garage e Ateliê do Carro

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Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência.  Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.

https://www.instagram.com/autosoriginais

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