Avaliação: Citroën C3 Aircross Shine sobra espaço e falta capricho
As versões de sete lugares do Citroën C3 Aircross finalmente tiveram preços revelados, conforme mostramos durante a semana. Em meio a esse anúncio, a Mobiauto testou a versão topo de linha com cinco lugares e podemos afirmar: vai ser difícil para a nova Chevrolet Spin concorrer com o SUV.
A começar pelas categorias em que se encontram. A Chevrolet até está tentando emplacar a Spin como SUV, mas faltam as características típicas da construção desse tipo de veículo, como as divisões da carroceria, que ajudam a melhorar o espaço.
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E é exatamente esse é o ponto chave. A Chevrolet Spin até é maior, são 4.360 mm contra 4.320 mm do Aircross, e também vence por pouco na largura, já que são 1.735 mm contra 1.720 mm do Citroën. Mas o SUV francês dá o troco no entre-eixos, já que o Aircross ostenta 2.675 mm contra 2.620 mm da Spin – uma diferença considerável de 5,5 cm a mais.
Esse maior espaço do entre-eixos somado às características da carroceria do Aircross, que tem aspecto mais quadrado em relação à Spin, ajudam o Citroën a entregar mais espaço que a Spin. E esse é só primeiro ponto de vantagem. O segundo é antropológico.
Mercado quer SUV
Um dos pontos altos para o Citroën C3 Aircross é que ele é concebido e aceito pelo marcado como um SUV, enquanto a Spin, mesmo com esforços da Chevrolet para que ela seja aceita como um SUV desde a última reestilização, é vista como minivan ou monovolume.
E, como sabemos, o mercado de carros 0 km é dominado pelos SUVs. Faltava, justamente, uma opção com preço de compacto e espaço mais generoso, além da opção de sete lugares.
A prova disso é que em 2023, quase 50% do mercado de carros novos foi de SUV. Foram exatamente 782.349 unidades, o que representou 45,46% do total de vendas de carros 0 km. Até aqui, o C3 Aircross tem tudo para fazer sucesso, mas nem tudo são flores.
Impressionar também é importante
A grande questão com relação ao C3 Aircross está na simplicidade do projeto. O ponto que mais chama atenção do público é a chave, que segue o padrão do C3, ou seja, não é sequer do tipo canivete, mesmo na versão topo de linha, avaliada pela Mobiauto.
A simplicidade está também no acabamento. É fato que é bem montado, mas abusa de materiais simples. O painel não impressiona quem entra no veículo, o que pode ser um problema para o Citroën.
O sentimento também vale para o painel de instrumentos. Ao se deparar com a informação que ele possui tela digital o consumidor até pode se empolgar, mas a realidade é um pouco mais deprimente.
A tela é pequena e de baixa resolução. Promete o que cumpre, claro, mostra as informações necessárias com certa clareza, no entanto, todo o formato e a construção em torno do painel acarreta sensação de adaptação, não de algo projetado para ser dessa maneira.
Entrou, andou, comprou
Bom, se você está considerando um C3 Aicross, você precisa de um carro espaçoso e já mostramos como ele se destaca perante a principal concorrente. Isso também acontece com relação aos demais SUVs compactos. Ele tem o melhor aproveitamento de espaço do segmento.
No entanto, desanimou ao ler sobre a simplicidade do projeto e os poucos equipamentos em todas as versões. A solução, ou desempate, está em rodar com o C3 Aircross.
Aproveitamos o feriado de carnaval e viajamos com o SUV da marca francesa e foi uma decisão muito acertada. O maior destaque é, sem sombra de dúvidas, o acerto de suspensão. Aparentemente, as aulas tomadas com a Fiat deram resultado.
A marca italiana sempre soube ler muito bem o mercado e o gosto do brasileiro no acerto dos seus carros. Pelo visto, com a criação da Stellantis, que fundiu Fiat, Peugeot, Jeep, Citroën e Ram em uma empresa, a marca francesa bebeu da fonte italiana.
O C3 Aicross é extremamente confortável. A suspensão filtra bem todos os problemas do nosso asfalto e, durante o nosso teste, não ouvimos nenhuma vez o fim de curso do amortecedor.
É bem verdade que, por conta desse acerto, não dá para abusar muito nas curvas mais fechadas, ainda que o motor 1.0 turbo anime – já falaremos sobre ele. A carroceria tende a deitar um pouco mais do que o de costume em outros SUVs, mas nada que comprometa segurança.
Como dizíamos, o motor 1.0 turbo é uma notícia animadora. Por se tratar de um SUV leve, são apenas 1.216 kg, os 130 cv e 20,4 kgfm de torque são mais do que suficientes para empurrar o SUV. É bem verdade que testamos com apenas duas pessoas e uma quantidade razoável de bagagem.
Apesar disso, não chega a ser um desempenho empolgante. São necessários 9,7 segundos para chegar aos 100 km/h. Não tivemos problemas em acelerações, retomadas e ultrapassagens. No entanto, o câmbio automático do tipo CVT tira um pouco da emoção ao dirigir.
O consumo de combustível ficou dentro do esperado. Foi possível viajar os 230 km que separam minha casa até o Guarujá (SP), considerando ida e volta, além de rodarmos mais dois dias na cidade. Na média, considerando tudo, fez cerca de 8,5 km/l com etanol.
O preço também é atrativo. O C3 Aircross parte de R$ 109.990, enquanto a versão testada, a topo de linha com cinco lugares, custa R$ 129.990. Esse preço costuma aparecer nas versões de entrada de outros SUVs ou no máximo a intermediária, uma vez que as marcas voltaram a apostar em configurações voltadas para o público PCD.
Citroën C3 Aircross Shine Turbo 200 2024 - Ficha Técnica
Motor: 1.0, dianteiro, transversal,
três cilindros, 12V, turbo, flex, duplo comando de válvulas, injeção indireta
Potência: 125/130 cv (G/E) a 5.750 rpm
Torque: 20,4 kgfm a 1.750 rpm
Peso/potência: 10,16/ 9,76 (G/E) kg/cv
Peso/torque: 62,3 kg/kgfm
Câmbio: automático do tipo CVT, 7 marchas simuladas
Tração: 4x2 dianteira
0 a 100 km/h: 9,8 segundos (E) / 10,1 segundos (G)
Velocidade máxima: 191 km/h
Consumo (Inmetro):
Urbano: 10,6 km/l (gasolina) / 7,4 km/l (etanol)
Estrada: 12,0 km/l (gasolina) / 8,6 km/l (etanol)
Dimensões: 4.320 mm de comprimento; 2.675 mm de entre-eixos; 1.796 mm de largura; 1.678 mm de altura; 493 litros de porta-malas com terceira fileira removida; 47 litros de tanque de combustível; 1.272 kg de peso em ordem de marcha.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira); diâmetro de giro, 10,9 m; coeficiente aerodinâmico, não informado; vão livre do solo, 200 mm; ângulo de ataque, 23,3º; ângulo de saída, 32º; ângulo de transposição de rampas, não divulgado; pneus, 215/60 R17.
Citroën C3 Aircross Shine Turbo 200 2024 – Itens de série
- Motor Turbo 200 de até 130 cv
- Câmbio automático CVT de sete marchas, com trocas sequenciais e três modos de condução
- Citroën Connect Touchscreen de 10” com Android Auto e Apple Carplay sem fio com comandos no volante
- Cinco entradas USB, incluindo duas para a segunda fileira e duas para a terceira fileira
- Monitoramento de pressão dos pneus
- Controle de estabilidade e tração com assistente de partida em rampa
- Luzes de condução diurna (DRL) com leds
- Seis alto-falantes
- Ar-condicionado
- Banco do motorista com regulagem de altura
- Vidros dianteiros e traseiros elétricos com função one touch
- Rodas de 16” com pneus 205/65
- Travas elétricas com acionamento por telecomando da chave
- Alarme
- Bocal do combustível com destravamento elétrico
- Barras longitudinais no teto
- Retrovisores elétricos
- Sensor de estacionamento traseiro
- Rodas de liga-leve de 17”
- Quatro airbags
- Apoio de braço no banco do motorista
- Teto bitom Preto Perla Nera
- Rodas de liga-leve de 17” e pneus 215/60
- Faróis de neblina
- Câmera de ré
- Bancos e volante com forração premium
- Controlador de velocidade com limitador integrado
- Skid plate frontal e traseiro
- Grade do radiador na cor preto brilhante
- Acabamento exclusivo traseiro na cor preto brilhante
- Teto bitom Preto Perla Nera
- Dois assentos na terceira fileira rebatíveis e removíveis
- Sistema de ventilação no teto
- 2 portas USB de recarga rápida para a terceira fileira
- Exclusivo logotipo 7 no porta-malas
- Rodas de liga-leve de 17” e pneus 215/60
- Faróis de neblina
- Câmera de ré
- Bancos e volante com forração premium
- Controlador de velocidade com limitador integrado
- Skid plate frontal e traseiro
- Grade do radiador na cor preto brilhante
- Acabamento exclusivo traseiro na cor preto brilhante
Opcionais:
- Teto bitom Branco Banquise
- Pack Protection (Protetor de cárter + protetor de soleira)
- Pack Design (Embelezador da grade dianteira + protetor lateral de portas)
Vale a pena comprar o Citroën C3 Aicross Shine T200 2024?
A falta de capricho no acabamento e a lista de equipamentos simples podem pesar contra, mas espaço, conforto e desempenho são pontos a favor do C3 Aicross. É sem dúvidas uma opção muito válida no mercado de 0 km.
Além disso, as desconfianças com as marcas francesas estão ficando no passado, ainda mais com a adoção do conjunto mecânico desenvolvido pela Fiat.
Editor de conteúdo
Prefere os hatches com vocação esportiva, ainda que com um Renegade na garagem. Formado em jornalismo na Fiam-Faam, há 10 anos trabalha no setor automotivo com passagens pelo pioneiro Carsale, além de Webmotors e KBB.