Avaliação: Fiat Titano parece ser picape do passado que compensa no bolso
A Fiat Titano finalmente chegou. Após meses de promessas, flagras e informações a conta gotas, a fabricante italiana apresentou a picape média na última semana. Os preços variam entre R$ 219.990 e R$ 259.990.
Você pode conferir mais detalhes sobre a picape, preços eversões neste link. Te adiantamos que a versão mais interessante da gama é a Volcano, que custa R$ 239.990, sendo a picape média com câmbio automático e tração nas quatro rodas mais barata do Brasil.
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Vale lembrar que todas as versões são equipadas com motor 2.2 turbodiesel, o mesmo que equipa o Fiat Ducato, ele rende 180 cv e 40,8 kgfm de torque quando combinado ao câmbio automático de seis marchas. Na versão Endurance, a única manual da gama, são 37,6 kgfm de torque.
Mas como a picape se comporta? Anda bem? É econômica? A Mobiauto foi até Cuiabá, no Mato Grosso, a convite da Fiat, para o lançamento e relata abaixo suas primeiras impressões.
Volta ao passado
Apesar do visual moderno e de lembrar demais a irmã Peugeot Landtreck, a Fiat Titano é na verdade uma volta ao passado. O projeto seria muito elogiado se fosse lançado no começo dos anos 2010.
A começar pelo comportamento dinâmico. As marcas chinesas não são referência no ajuste de suspensão, com a Titano não é diferente. Antes que o leitor nos ache maluco, a Fiat Titano e a Peugeot Landtreck são oriundas da Changan F70, que recentemente passou por um facelift. As três picapes se diferem em motorização, mas são o mesmo projeto.
Voltando ao comportamento, enquanto as picapes médias atuais, especialmente Ford Ranger e Nissan Frontier, buscam um comportamento similar a um SUV, a Fiat Titano é a definição do que nos acostumamos ao testar picapes médias. Tal qual a Chevrolet S10, especialmente antes do último facelift, a Titano tem dificuldades de lidar com a caçamba vazia.
Todas as imperfeições no asfalto, e são muitas, são transferidas para a cabine, mesmo que minimamente, qualquer balanço da suspensão é sentido pelos passageiros. É possível que esse comportamento melhore com a picape carregada e com pneus menos lameiros.
“Projeto desenvolvido para o Brasil”
Durante a apresentação, a Fiat ressaltou que desenvolveu a Titano para o Brasil. Só que algumas coisas entregam a origem chinesa. Obviamente a Fiat do Brasil fez seus ajustes, mas esqueceu algumas coisas.
O primeiro e mais chamativo deles é a central multimídia. A tela de 10 polegadas utiliza um sistema genérico, que não faz nenhuma referência à central da Fiat Toro, por exemplo.
Há conexão para Apple CarPlay e Android Auto, além do Mirror Link, para espelhar o celular, mais um item tipicamente chinês. Além disso, há apenas entrada tipo USB A, enquanto todos os celulares caminham para o USB C.
Curiosamente, alguns comandos como do controle de tração, bloqueio de diferencial e trava das portas, estão no centro do painel em botões típicos da Peugeot, no estilo teclas. Já o ar-condicionado de duas zonas tem comandos que destoam da idade do lançamento e lembram carros dos anos 1990.
O cluster de instrumentos tem uma tela de 4,2 polegadas colorida, aqui é condizente com a proposta de ser uma picape média mais barata, além de cumprir bem a sua principal função: exibir informações. A tela tem bom contraste e bom nível de menus com diferentes informações de consumo, Arla 32 e afins.
O acabamento, de maneira geral, está em linha com o mercado, abusando de plástico duro, ainda que as picapes sejam tão caras atualmente.
Outros vacilos que mostram que a picape vai da China para ser montada no Uruguai e depois distribuída no Brasil estão sob o banco traseiro. A Fiat se gabou da quantidade de porta-objetos da picape, são 27 ao todo, um deles está justamente embaixo do banco, mas não é exatamente um porta-objetos.
Ao levantar o banco, que é bipartido, encontra-se apenas recortes no carpete, dando acesso ao assoalho da picape. Em um dos lados está o kit de emergência, com triângulo, chave de roda e colete neon, todos com escritas em chinês e o colete, item obrigatório na China e dispensado no Brasil, vem até com o nome Changan na etiqueta.
Nem tudo são…
Geralmente, quando avaliamos um veículo usamos o termo “nem tudo são flores” após elogios para introduzir uma crítica. No caso da Titano, o mais correto talvez seja “nem tudo é jiló”.
Se acima criticamos o comportamento dinâmico e detalhes que passaram pela Fiat, aqui temos de elogiar a escolha pelo motor 2.2 turbodiesel.
A começar pela confiabilidade. A outra opção era o motor da Landtreck, um 1.9 turbodiesel que não é oferecido em nenhum produto no Brasil (VERIFICAR), logo, poderia gerar alguma desconfiança. Já o 2.2 está no Ducato e não há relatos de problemas crônicos.
Além disso, o casamento com o câmbio de seis marchas é bom, com trocas precisas. O desempenho não enche os olhos, mas é bom. Os 180 cv e 40,8 kgfm de torque são mais que suficientes para empurrar os 2.150 kg da picape. O consumo poderia ser melhor. O Inmetro declara 9,2 km/l na estada, nós alcançamos 10,1 km/l. No geral, tá na média do mercado.
Outro ponto de destaque da Titano está em sua caçamba. Na versão Endurance, a picape entrega 1.314 litros de espaço ou 2,6 metros quadrados, o que faz dela a maior da categoria. A litragem cai para 1.109 litros com o protetor de caçamba.
Em qualquer versão, a picape leva 1.020 kg na caçamba, além de poder rebocar 3,5 toneladas, a maior capacidade da categoria.
Outro ponto de que parece merecer destaque, e dizemos que parece pois só o tempo vai comprovar, é a robustez. Durante o teste na Chapada dos Guimarães, passamos pelos terrenos acidentados e por terras fofas, com poeira impedindo a visualização das vias, dessa maneira era muito comum a pancada seca em buracos e valetas “invisíveis”, ainda assim, a Titano não demonstrou problemas, alertas ou qualquer comportamento inesperado.
Fiat Titano Ranch 2025 - Itens de série
- Bloqueio do diferencial traseiro
- Controle de velocidade (cruzeiro)
- Limitador de velocidade
- Hill Hold
- Hill Descente Control
- Controle de tração
- Assistente de reboque
- Porta objetos sob o banco traseiro
- Luz de caçamba
- Ar-condicionado
- Porta-luvas refrigerado
- Conexão de áudio sem fio para celulares
- Rodas de aço de 17 polegadas
- Três entradas USB (duas na frente e uma atrás)
- Tomada 12V
- Volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade
- Assoalho de vinil
- Apoio de braço dianteiro
- Multimídia de 10 polegadas com conexão sem fio para espelhamento de celulares, e reconhecimento por comando de voz
- Câmera 180º “off-road”
- Sensor de estacionamento traseiro
- Câmera de estacionamento
- Volante multifuncionamento revestido de couro
- Faróis de neblina
- Rodas de liga leve de 17 polegadas, diamantadas
- Duas tomadas 12V
- Cluster com tela digital colorida de 4,2 polegadas
- Protetor de caçamba
- Capota marítima
- Assoalho em carpete
- Ar-condicionado digital com duas zonas
- Aviso de saída de faixa
- Rebatimento automático dos retrovisores
- Câmera 360º “off-road”
- Bancos de couro
- Ajuste elétrico do banco dianteiro
- Sensor de chuva
- Sensor crepuscular
- Monitoramento de pressão dos pneus
- Sensor de estacionamento dianteiro
- Navegação embarcada
- Santantônio cromado
- Estribos laterais estilo plataforma
- Rodas de liga leve de 18 polegadas
- Faróis de LED
- Lanternas com guias de LED
- DRL de LED
Fiat Titano Ranch 2025 - Ficha técnica
Motor: 2.2, dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, diesel, injeção direta, duplo comando de válvulas no cabeçote
Taxa de compressão: 16:1
Potência: 180 cv a 3.750 rpm
Torque: 40,8 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração:4x4 com reduzida e diferencial traseiro blocante
0 a 100 km/h: 12,4 segundos
Velocidade máxima: 175 km/h
Consumo (Inmetro): 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada
Dimensões: 5.330 mm de comprimento, 3.180 mm de entre-eixos, 1.963 mm de largura, 1.858 mm de altura, 80 litros de tanque de combustível; capacidade de carga, 1.020 kg; volume da caçamba, 1.109 litros; capacidade de reboque, 3.500 kg; peso em ordem de marcha, 2.150 kg.
Dados técnicos: direção hidráulica; suspensão Independente, com quatro braços oscilantes com barra estabilizadora (dianteira) e eixo rígido com feixe de molas (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 14 m; coeficiente aerodinâmico não divulgado; vão livre do solo, 23,5 cm; ângulo de ataque, 29°; ângulo de saída, 27°; pneus 265/60 R18.
Vale a pena comprar a Fiat Titano?
Sem dúvidas o grande apelo é o preço. A Titano tem em sua gama a versão mais barata entre todas as médias, no caso, a Endurance, tabelada em R$ 219.990, isso por si só deverá garantir um volume interessante de vendas.
A versão Ranch, por R$ 259.990, parece mais um carro de imagem, cheio dos cromados e acréscimo de itens que não necessariamente o consumidor esteja atrás. No entanto, a Volcano, intermediária de R$ 239.990, parece feita na medida para peitar especialmente a S10.
Há bom nível de equipamentos e as qualidades que citamos acima. A economia perante algumas das concorrentes chega a R$ 40 mil. É muito relevante nessa faixa de preço. Se estiver pensando em levar a Titano, essa é a versão mais interessante.
Editor de conteúdo
Prefere os hatches com vocação esportiva, ainda que com um Renegade na garagem. Formado em jornalismo na Fiam-Faam, há 10 anos trabalha no setor automotivo com passagens pelo pioneiro Carsale, além de Webmotors e KBB.