Avaliação: GWM Haval H6 GT é aquilo que esperávamos do Fiat Fastback
A indústria automotiva vive de fases, e evolui a partir delas. Desde os carros duas portas, depois os quatro portas, os com injeção eletrônica, as peruas, os hatches baratos e foi assim até chegarmos na última e atual onda, que é a dos SUVs - uma das categorias mais vendidas do nosso mercado mesmo com tíquete médio alto.
E tem uma faceta desse segmento ganhando mais olhares agora, que é a de SUVs cupês. Tanto que a Great Wall Motors, empresa chinesa que acaba de chegar e busca espaço no Brasil, aproveitou a onda e apresentou o Haval H6 GT híbrido plug-in. Trata-se de um modelo com características esportivas, porte médio e que chegará para dar dor de cabeça à Toyota RAV4 Hybrid e Jeep Compass 4xe.
O modelo ainda não tem preço revelado, e o valor deve ser público em março, mês em que começará a pré-venda. Até lá, sabemos que o sinal para os interessados é de R$ 9.000 e que deve ser feito pelo Mercado Livre via Pix, como contado em detalhes neste outro artigo.
A GWM já havia apresentado o H6 convencional no fim do ano passado, chamado de Premium. Agora foi a vez de a Mobiauto testar a configuração GT no Autódromo de Interlagos, e conta os detalhes do modelo chinês aqui:
Por que ele é o que se esperava do Fastback?
A explicação diz mais sobre o Fastback que do H6 GT. A história dos SUVs cupês começou nas marcas premium com os BMW X4 e X6, no início dos anos 2010, e chegou aos modelos populares com o lançamento do VW Nivus há poucos anos. Mas antes mesmo de o Volkswagen dar as caras, a Fiat havia apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, em 2018, um protótipo desse tipo chamado Fastback.
O projeto entregava poucas informações, mas tinha o porte de uma Fiat Toro - e até o facelift dela lançado em 2021 - e sua queda acentuada da terceira coluna da carroceria, era o que chamava atenção. Quando veio à tona que a marca italiana estava produzindo um SUV cupê, esperava-se um tamanho médio como o do Haval H6 GT, parecido com o que foi visto no Salão.
No entanto, a fabricante deixou essa proposta de lado e usou a plataforma MLA do Fiat Pulse para construir seu novo produto, que ainda herdou uma série de características do irmão convencional, e, claro, as medidas compactas.
Visual e acabamento: um SUV de presença
Mas vamos falar do H6 GT. Ele é um carro bonito e com bom acabamento interno. Diferente do H6 convencional, o modelo não tem grade do tipo infinita estilo Peugeot e-2008, e adota uma frente com aspecto mais robusto e fortes vincos. Todo o conjunto de iluminação é de LED, e a boa notícia é que, pelo menos na configuração GT, a assinatura “Haval” terá fundo preto, e não azul - como apresentado no H6 Premium.
Na traseira, o balanço também é diferente. A queda cupê já deixa o SUV com outra personalidade, e ele ainda tem lanternas de LED, assinaturas “GWM”, “Haval” e “H6” pintadas de preto fosco e a “GT”, em vermelho. Para completar, os acabamentos imitam fibra de carbono, os aerofólio e defletor são pintados de preto e há duas saídas de escapamento falsas.
Ele também abre mão dos cromados e foca nos detalhes em preto nas laterais, como vemos nas rodas de 19 polegadas, na capa dos retrovisores externos, nas saias laterais - que tem um elemento bem controverso, ilustrado na imagem abaixo - e no contorno dos vidros das janelas.
Por dentro, envolvente do painel, painel das portas e console central mesclam acabamento macio ao toque e peças que imitam madeira. Todas essas partes recebem tons de cinza, assim como os bancos. Esses últimos combinam couro e suede, na altura dos ombros, com assinatura GT em vermelho.
Apesar da fabricante brincar muito bem com diferentes materiais e texturas, o interior do H6 GT não deixa de ser minimalista. Se isso é bom ou ruim, o gosto do freguês é que irá dizer.
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Espaço e conforto: leva cinco tranquilamente
Já que estamos falando deles: os bancos são bem confortáveis e têm bastante espuma, além de terem ajustes elétricos para motorista e passageiro da primeira fileira. O entre-eixos generoso de 2.738 mm é bem aproveitado, principalmente por causa do painel que fica bem recuado no início do habitáculo.
Como a tração integral é construída com motores elétricos em cada um dos eixos, o SUV elimina o uso do eixo cardã e permite que o túnel seja baixo na segunda fileira. E isso foi um fator determinante para dar espaço suficiente para cinco adultos na cabine.
Seu porta-malas é espaçoso. São 515 litros, abertura e fechamento da tampa são elétricos e tem opção de acionamento hands-free. Esse último não funcionou precisamente em todos os acionamentos, e é uma função que provavelmente será pouco utilizada e substituída pelo acionamento via chave.
Ele traz ainda boas sacadas como revisteiros no encosto dos bancos dianteiros, alça para sacola no painel, apoia braço com porta-copos na segunda fileira e banco bipartido e rebatível. Entretanto, tem todas as portas USB do tipo convencional e não há ajuste de altura no apoio superior do cinto de segurança do motorista.
Temos ainda ar-condicionado automático e digital, mas com os comandos feitos sempre pela multimídia. Há uma saída dupla para a segunda fileira de bancos via console central.
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Quando o assunto é ruído interno, vale lembrar que temos os motores elétricos trabalhando a maior parte do tempo, e isso faz o barulho ser mais baixo na cabine comparando com veículos térmicos, mas o funcionamento dos propulsores zero emissão pode ser ouvido internamente. Quando o 1.5 é acionado, o ruído se intensifica.
Dimensões e capacidades: comprimento, 4.727 mm; entre-eixos, 2.738 mm; largura, 1.940 mm; altura, 1.729 mm; porta-malas, 515 litros; tanque de combustível, 55 litros; peso em ordem de marcha, 2.050 kg; rodas de liga leve de 19 polegadas e pneus 235/55 R19.
Desempenho, dirigibilidade e consumo: principais qualidades
Ponto alto do H6 GT é sua mecânica. O conjunto motriz é composto por um motor 1.5 turbo a gasolina que trabalha em ciclo Miller, e tem outros dois motores elétricos, posicionados um em cada eixo, auxiliando na tração do veículo - que é integral sob demanda. De forma combinada, os três propulsores rendem 393 cv de potência e 77,7 kgfm de torque.
Para fins de curiosidade, ele tem mais torque que o V8 da Ram 1500 Rebel, que entrega 56,7 kgfm. E vale lembrar que é uma picape grande com mais de 2.500 kg e capacidade para rebocar mais de 5 toneladas. Agora imagine um SUV com 21 kgfm de torque a mais e pesando 500 kg a menos...
Com essa motorização ele tem mais uma vantagem: uma patada na aceleração. Isso, justamente pela transmissão DHT dar preferência aos motores elétricos nas partidas e retomadas. Tanto é que nos números divulgados pela GWM o SUV acelera de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos.
Motor: 1.5, turbo, dianteiro, transversal, quatro cilindros, gasolina, ciclo Miller, injeção direta de combustível, 16V, que trabalha junto de dois motores elétricos de tração, um posicionado no eixo dianteiro e outro no traseiro.
Taxa de compressão: não divulgado
Potência combinada: 393 (G) cv
Torque: 77,7 (G) kgfm
Peso/potência: 5,2 kg/cv
Peso/torque: 26,4 kg/kgfm
Câmbio: automático do tipo DHT
Tração: integral sob demanda.
0 a 100 km/h: 4,8 segundos
Velocidade máxima: não divulgado
O teste no autódromo foi bom para avaliar as acelerações, e realmente não falta apetite ao SUV, que acelera tão forte quanto um Volvo XC60.
Quanto a suspensão, ela não é molenga como encontramos geralmente em carros chineses, mas ainda assim tem um bom jogo de carroceria nas curvas em velocidades mais altas. Nesse caso, vale lembrar aqui que temos um SUV de mais de 2.000 kg com bom livre do solo e em alta velocidade, combinação que prejudica a estabilidade. E vale ressaltar a atuação da assistência de direção, firme e segura.
O modelo voltará nos próximos meses para uma avaliação mais precisa, principalmente em vias mais acidentadas, onde podemos analisar o conforto. E testar, claro, se ele realmente faz os 27,5 km/l na cidade e 25,2 km/l na estrada, com gasolina.
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Outro ponto importante é que seu sistema híbrido é alimentado por uma bateria de 34 kWh, que dá ao Haval H6 GT a capacidade de rodar 170 km, medido em ciclo NBR, só em modo elétrico. Ou seja, dependendo da distância percorrida diariamente, o proprietário não precisará usar o motor térmico.
Para carregar o sistema, dá para plugar a tomada na corrente contínua, que leva 29 minutos para encher de 10% a 80%. Ou na corrente alternada, que abastece 100% em 5 horas.
Mas o que surpreende é a autonomia do modo híbrido, que pode rodar até 1.052 km com apenas um tanque de combustível - se os números de consumo forem alcançados, claro.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão McPherson (dianteira) e multilink (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e sólidos (traseira); diâmetro de giro não divulgado; coeficiente aerodinâmico não divulgado.
Tecnologia e segurança: ele te vigia
O SUV tem um sistema de reconhecimento facial, que é composto basicamente por uma câmera posicionada na coluna A do lado do motorista. Ela fica o tempo todo vigiando quem está dirigindo para detectar cansaço ou distração, e disparar seus alertas de segurança. A tecnologia pode salvar o rosto de até cinco usuários, o que a torna bem útil.
Ele tem tela de 10,25 polegadas para o cluster com interface estilo Mercedes e computador de bordo completo integrado. E o sistema multimídia tem tela de 12,3 polegadas com conexão de Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além de espelhar a imagem das câmeras, com destaque para a visão 360°.
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A multimídia funciona bem, é rápida e intuitiva. Além de oferecer as funções de mídia comuns, dá acesso para ajustes dos sistemas do carro. O ar-condicionado é que podia ter botões para acionamento ou uma tela própria, já que a configuração via multimídia pode atrapalhar o uso do mapa em uma viagem, por exemplo. Também não há botão físico para regular o volume do áudio.
Quando o assunto é segurança, o pacote é bem completo. Temos entre os principais destaques a frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, assistência de centralização de faixa, assistente de estacionamento para vagas paralelas e em 90°, detector de placas e alerta de ponto cego. A lista completa de equipamentos vem logo abaixo:
Equipamentos do GWM Haval H6 GT 2023
Visual: acabamento interno macio ao toque, faróis de LED, lanterna de LED, logotipos em preto fosco, rodas em preto, teto solar elétrico e panorâmico, aerofólio traseiro, defletor traseiro, acabamento das portas em preto, fundo do emblema em preto, faróis de neblina em LED, capa dos retrovisores em preto, bancos em couro e suede
Conforto: console central de dois andares, volante multifuncional, porta-malas com abertura e fechamento elétrico e sistema hands free para abertura e fechamento, bancos com ajustes elétricos, regulagem de altura e profundidade da coluna de direção, quatro portas USB do tipo convencional, ar-condicionado digital, automático e dual zone controlado via multimídia, apoia braço traseiro com porta copos, banco traseiro bipartido e rebatível.
Tecnologia: cluster de 10,25 polegadas com computador de bordo integrado, multimídia de 12,3 polegadas com conexão de Android Auto e Apple CarPlay sem fio, carregador por indução, câmera de reconhecimento facial, seletor para transmissão, freio de estacionamento eletrônico, controle elétrico dos retrovisores externos, câmera 360°, sensores de estacionamento, assistente de estacionamento para vagas paralelas e em 90º
Segurança: alerta de ponto cego, frenagem automática de emergência, assistência de centralização de faixa, reconhecimento de placas de trânsito, frenagem automático de tráfego cruzado traseiro, seis airbags, centralização de faixa, alerta de perigo em abertura de portas, sistema Smart Dodge, que ajusta o veículo ao passar ao lado de caminhões, sistema Smart Cornering, que usa o ACC para identificar o raio da curva, faz a redução automática da velocidade e, ao sair dela, volta a acelerar para a velocidade de cruzeiro.
Conclusão: Vale a pena esperar por ele?
Ainda está sem preços, mas a expectativa é que custe na faixa dos R$ 300 mil - com margem entre R$ 290 mil e R$ 310 mil. Se isso se confirmar, Toyota RAV4 e Compass 4xe terão uma grande pedra no sapato, justamente pelo Haval H6 GT ser um carro mais econômico e ter melhor desempenho.
O problema é que por ser uma marca nova, muitos podem torcer o nariz pelo legado que fabricantes chinesas deixaram no passado. No entanto, a GWM, assim como BYD, tentam mudar essa história com carros de acabamento melhor, se aproximando da qualidade das marcas premium já conhecidas, como BMW, Volvo, Audi e Mercedes.
Imagens: Renan Bandeira / Mobiauto
Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.