Avaliação: Honda City 2024 é o melhor sedan contra SUVs de R$ 140.000
A Honda trouxe a nova geração do City sedan ao mercado com uma tarefa difícil: cobrir a lacuna deixada pelo Civic nacional. Além disso, a linha 2024 do modelo é a aposta da montadora para enfrentar a enxurrada de SUVs que tomaram conta do mercado na faixa de preço entre R$ 100.000 e R$ 130.000.
A primeira parte de sua missão tem sido mais difícil de ser concluída. Afinal, o Honda City 2024 evoluiu bem, mas não o suficiente para entregar o mesmo espaço interno, dinâmica de condução e refinamento do irmão maior, que agora é só híbrido e importado.
No entanto, é mais que competente para o título de melhor sedan para quem quer fugir dos SUVs e tem pouco mais de R$ 100.000 de orçamento para isso. Começando pela altura do solo e comportamento dinâmico, até chegar ao consumo de combustível, espaço interno e tecnologias embarcadas.
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A Mobiauto testou uma unidade da linha 2024 do City Sedan, na versão de topo, Touring, por uma semana, e conta agora seus principais destaques em relação aos SUVs de preços similares.
Honda City Touring 2024 – Preço: R$ 134.600. Pintura metálica: R$ 1.700. Total: R$ 136.300
Honda City Sedan Touring 2024 - principais pontos positivos
1. Visual: o City 2024 é um carro muito bem acertado. Diferentemente do City hatch, de linhas um tanto desproporcionais, no sedan temos traços mais proporcionais em todo o perímetro da carroceria. A dianteira é inspirada no Civic e a traseira lembra a dos BMW, por causa de formato e coloração das lanternas. Só o conjunto roda-pneu poderia ser maior para ornar mais.
2. Espaço interno: SUVs não são necessariamente mais espaçosos que hatches e sedans. Modelos dessa categoria podem até ter porte mais avantajado em algumas medidas, mas isso não significa que entregarão mais espaço interno.
O City 2024 sedan tem 4.549 mm de comprimento e 2.600 mm de entre-eixos, medidas superiores às de Fiat Pulse e Fastback, Peugeot 2008, Citroën C4 Cactus e VW Nivus. Elas são bem aproveitadas e há espaço de sobra para quatro passageiros adultos de 1,90 m viajarem com tranquilidade. Apenas a posição central traseira é mais indicada a crianças.
3. Porta-malas: a medida mais significativa do City Sedan é seu porta-malas. São 519 litros de capacidade, um dos maiores volumes do segmento e bem maior que o de qualquer SUV compacto vendido no Brasil atualmente, com exceção ao Fiat Fastback. Como referência, um Jeep Renegade tem 320 litros e um Compass, 410 litros. Só a abertura é pior que a dos utilitários.
4. Consumo: as linhas de sedan, muito mais aerodinâmicas que as de um SUV, quebram o atrito com o vento de modo mais fácil. Isso ajuda tanto no desempenho como no consumo de combustível. No caso do City, o motor 1.5 aspirado flex e o câmbio CVT com simulação de sete marchas entregam um desempenho apenas honesto. Já o consumo surpreende: são 13,3 km/l com gasolina e 9,1 km/l com etanol na cidade, e 14,8 km/l com gasolina e 10,5 km/l com etanol, na estrada, segundo o Inmetro.
5. Acabamento interno: é o melhor do segmento e o melhor contra os SUVs de até R$ 130.000. O painel frontal e das portas têm bastante plástico rígido, é verdade, mas os encaixes são bons e não há rebarbas. Detalhe: a unidade testada já tinha 20.000 km rodados.
Nas portas, ainda há revestimento em couro no encosto do braço. Já os bancos dianteiros são a cerejas do bolo, com estrutura robusta e bom apoio para pernas e costas, além de um acabamento em couro sintético de boa qualidade. Só pecam na cor.
6. Motor: o propulsor 1.5 aspirado flex com injeção direta de combustível é confiável. Além disso, tem um bom casamento com a transmissão automática CVT, garantido mais conforto para dirigir, sem trancos nas trocas.
7. Tecnologia embarcada: o pacote Honda Sensing, de tecnologias de segurança e assistência de condução, é mais completo que o de qualquer SUV nessa faixa de preço. Além de oferecer controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e frenagem autônoma de emergência (SEB), o sedan conta com assistência de permanência e centralização de faixa, alerta de ponto cego, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Lane Watch (câmera lateral direita para ponto cego) e câmera de ré.
8. Dirigibilidade: sedans são melhores que SUVs para dirigir. Embora estes tenham posição de dirigir mais elevada, que costuma dar mais segurança para grande parte dos motoristas. Ainda assim, um sedan tende a ser mais prazeroso e “na mão”. Por ser mais baixo e aerodinâmico, gruda melhor no chão e a carroceria não arrasta tanto nas curvas, como é tão comum perceber em utilitários esportivos. Por ser mais estável, torna-se mais seguro e ágil.
Honda City Sedan Touring 2024 - principais pontos negativos
1. Desempenho: o motor 1.5 flex tem bons números de potência e torque. São 126 cv de potência (a 6.200 rpm) com qualquer combustível, sendo 15,5 kgfm de torque com gasolina e 15,8 kgfm com etanol (a 4.600 rpm), respectivamente.
Porém, como o câmbio CVT tem aceleração contínua e demora mais para atingir o pico de torque, o desempenho é morno para o que estamos acostumados a ver em sedans ou mesmo SUVs turbinados. Nesse caso, um propulsor sobrealimentado faria muito bem ao sedan. Lembrando que os SUVs dessa faixa de preços são quase todos equipados com motores turbo.
2. Tanque de combustível: são apenas 44 litros de capacidade no tanque de combustível, posicionado abaixo dos bancos dianteiros. Embora tenha um consumo exemplar para a categoria, o reservatório pequeno não deixa o City Sedan ter uma autonomia maior.
3. Pneus: o perfil relativamente baixo dos pneus prejudica o conforto interno. As suspensões são bem calibradas e, de fato, tornam a experiência de condução prazerosa. Mas o City sedan (até mesmo o hatch) poderia ser mais confortável e menos “seco” se o perfil dos pneus fosse maior.
4. Cor do acabamento interno: como já citamos mais acima, o Honda City 2024 tem o melhor nível de acabamento entre os sedans compactos brasileiros, e ganha até de SUVs vendidos na mesma faixa de preço. No entanto, a escolha pelo couro claro na versão Touring não se mostra prática. No vídeo em destaque neste, vemos que o banco do motorista já tem manchas pretas com apenas 20.000 km rodados.
5. Acabamento do porta-malas: a Honda aplicou carpete por toda parte, mas não na parte superior do compartimento. Visualmente não fica legal, e você ainda pode ter o mecanismo danificado por uma mala. Problema como esse não será encontrado nos SUVs.
Honda City Sedan Touring 2024 - ficha técnica
Motor: 1.5, dianteiro, transversal, quatro
cilindros em linha, 16V, aspirado, flex, DOHC, comando variável de válvulas de
admissão, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: não divulgada
Potência: 126/126 cv (G/E) a 6.200 rpm
Torque: 15,5/15,8 kgfm (G/E) a 4.600 rpm
Peso/potência: 9,4/9,4 kg/cv (G/E)
Peso/torque: 76,1/74,7 kg/kgfm
Câmbio: automático CVT, 7 marchas
simuladas
Tração: 4x2 dianteira
0 a 100 km/h: 10,6 segundos
Velocidade máxima: não divulgada.
Dimensões: comprimento, 4.549 mm; entre-eixos, 2.600 mm; largura, 1.748 mm; altura, 1.477 mm; porta-malas, 519 litros; tanque de combustível, 44 litros; peso em ordem de marcha, 1.170 kg.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 10,6 m; vão livre do solo, 144 mm; ângulo de ataque, 15,3°; ângulo central, não divulgado; ângulo de saída, não divulgado.
Consumo (Inmetro): 9,1 km/l com etanol e 13,3 km/l com gasolina na cidade / 10,5 km/l com etanol e 14,8 km/l com gasolina em rodovia
Honda City Sedan Touring 2024 - Itens de série
- Faróis full-LED com luzes diurnas integradas, acionamento automático, farol alto automático e ajuste manual de altura do facho;
- Faróis de neblina de LED;
- Lanternas com guias e luzes de freio de LED;
- Rodas de liga leve aro 16 polegadas com acabamento diamantado e preto brilhante;
- Antena tipo barbatana de tubarão
- Chave com sensor presencial;
- Partida do motor por botão;
- Travas elétricas;
- Vidros com função “um-toque” e antiesmagamento;
- Volante multifuncional com regulagem de altura e profundidade;
- Retrovisores externos com rebatimento elétrico;
- Ar-condicionado automático e digital,
- Bancos com revestimento em couro sintético na cor branca;
- Teto em tom claro;
- Bancos dianteiros rebatíveis em modo cama;
- Banco traseiro bipartido com encosto e assento rebatíveis.
- Quadro de instrumentos parcialmente digital de 7”;
- Central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio;
- Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros;
- Câmera de ré com gráficos dinâmicos
- Modos de condução Eco, Normal e S.
- Estrutura de deformação progressiva;
- Controles de estabilidade e tração;
- Assistente de partida em rampa;
- Seis airbags (frontais, laterais e de cortina);
- Alerta de não afivelamento dos cintos de segurança;
- Monitoramento de pressão dos pneus;
- Câmera para redução de ponto cego à direita;
- Frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, ciclistas e carros cruzando à diagonal;
- Controle de cruzeiro adaptativo (ACC);
- Assistente de permanência em faixa;
- Alerta de troca involuntária de faixa.
Honda City Touring 2024 vale a pena?
O Honda City Touring 2024 é um tanto caro. No entanto, temos outros sedans compactos que entregam menos do que ele na mesma faixa de preço. Não só isso: SUVs mais apertados e menos equipados cobram valor similar. Para fugir da moda e garantir um carro para a família que se dá bem na cidade, o modelo da marca japonesa é uma escolha confiável e assertiva.
Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.