Avaliação: Mercedes E 300 é o Mercedes mais Mercedes que você já viu
O Mercedes-Benz E 300 Exclusive é o Mercedes mais Mercedes dentre todos os Mercedes feitos pela Mercedes. É Mercedes demais nessa abertura, não? Mas você verá que não é nenhum exagero.
Sabe quando você pensa em Volkswagen? Dependendo de sua faixa etária, o primeiro carro que vem à cabeça é o Fusca. Ou o Gol. E quando você mentaliza a Fiat? Uno, claro. Chevrolet? Dá pra pensar em Opala ou Monza. Ou até o Onix. Todos são muito simbólicos na história da marca.
Sim-bó-li-co. Esse é o termo. O Mercedes-Benz Classe E é o modelo mais simbólico (e vendido) da história da montadora que inventou o automóvel. Desde 1947, a família já emplacou mais de 14 milhões de unidades e está em sua décima geração (e meia). Mas isso eu já explico.
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A marca tem um enorme orgulho em anunciar que 80% dos proprietários do Classe E são fiéis ao modelo quando trocam seu carro... E o fazem, naturalmente, por outro Classe E. É quase como donos de Toyota Corolla, só que com mais luxo envolvido.
A tradição é tão contundente no Mercedes Classe E que, repare, ele ainda exibe aquela anacrônica estrela aplicada como um troféu sobre o capô. Todos os outros modelos da marca transferiram o logotipo de três pontas para o centro da grade do radiador. Até o próprio Classe E. Só a versão E 300 Exclusive a mantém na posição “histórica”.
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E por que décima geração e meia? Em um modelo tão tradicional, as mudanças de carroceria são igualmente previsíveis. Costumam durar entre oito e nove anos, com uma leve reestilização no meio desse período. Como foi lançada em 2016, o facelift chegou no ano passado e deve durar até 2024 ou 2025.
Foi esse modelo que a Mobiauto avaliou pelas ruas paulistanas e por algumas rodovias no entorno da capital, pois, aqui, ninguém é de ferro.
Mercedes-Benz E 300 Exclusive 2022 – Preço: R$ 561.900
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Reaprenda o conceito de um carro “gostoso de dirigir”
Ah, mas não é mesmo. Neste mundo habitado ostensivamente por SUVs, nada é mais prazeroso do que pilotar um legítimo sedan em uma estrada. E estamos falando DO sedan.
Com quase 5 metros de comprimento, o Classe E é dotado de um motor 2.0 turbo a gasolina com quatro cilindros turbo, que desenvolve 258 cv e 37,7 kgfm – estáveis entre 1.800 e 4.000 rpm – e câmbio automático de nove marchas. Não falta desempenho, óbvio.
Pode até frustrar parte daqueles 80% de compradores fiéis que atravessaram as últimas décadas a bordo de exemplares equipados com unidades de seis ou oito cilindros. Mas, na prática, você se acostuma logo.
Quer ver? Lembra daquele nostálgico Classe E de faróis redondos, o primeiro lançado aqui no Brasil, em 1995? Pois o E 320 daquela geração era um seis-cilindros em linha, 3.2, de 220 cv e 32 kgfm. São 38 cv e 5,7 kgfm a menos do que o atual. Se naquela época já empolgava, imagine agora...
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O tempero desse carro aparece justamente no visual conservador com a adição de um comportamento para lá de esportivo. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos. Mas, rodando a 120 km/h numa rodovia, o conta-giros acusa menos de 2.000 rpm. Isto é: o silêncio ao rodar é absoluto.
A suspensão possibilita um equilíbrio invejável entre conforto e estabilidade em curvas, embora a proposta do carro indique a maciez como virtude prioritária.
É curioso vivenciar essa sensação de “sala de estar” em um carro com pneus de perfil tão baixo, o que suscitaria o efeito contrário. O E300 Exclusive vem com pneus 245/40 R19 na dianteira e 275/35 R19 na traseira, mas, nem assim, você se incomoda com as imperfeições do piso.
No centro do painel, você escolhe o modo que quer ajustar a suspensão (e outros parâmetros de funcionamento do carro): Eco, Comfort, Sport, Sport+ e Individual. Quer charme maior do que esse modo Individual? Você consegue ajustar a receita desejada!
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Motor: 2.0, dianteiro, longitudinal, gasolina quatro cilindros em linha, 16V, turbo, duplo comando variável de válvulas, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 9,8:1
Potência: 258 cv (5.800 a 6.100 rpm)
Torque: 37,7 kgfm (1.800 a 4.000 rpm)
Peso/potência: 6,7 kg/cv
Peso/torque: 45,9 kg/kgfm
Câmbio: automático, 9 marchas
Tração: traseira
0 a 100 km/h: 6,2 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitados eletronicamente)
Dimensões: 4.935 mm de comprimento, 2.939 mm de entre-eixos, 2.065 mm de largura, 1.460 mm de altura, 540 litros de porta-malas, 73 litros do tanque de combustível, 1.730 kg de peso em ordem de marcha.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão duplo-A com molas helicoidais (dianteira) e multilink com molas helicoidais (traseira); freios a disco ventilados (dianteiros e traseiros), 11 m de diâmetro de giro, 131 mm de vão livre do solo, ângulo de ataque, central e de saída não divulgados.
Consumo Inmetro: 7,9 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada.
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O melhor ou nada
Alguns anos atrás, a Mercedes-Benz havia adotado esse ousado slogan de marca: “o melhor ou nada”. Embora arrogante, a marca confiava em seu próprio taco.
Dá para afirmar que, neste Classe E, ela tinha absoluta razão. O sedan executivo é incrivelmente recheado de detalhes que ultrapassam a obrigação de “ser um automóvel de luxo equipado”. Ele garante entretenimento puro a quem gosta do tema.
E nem estamos falando do pacote de equipamentos, que falarei a seguir. Mas, sim, das funções da central multimídia, com 12,3 polegadas, comandadas por tela de toque ou pelo mousepad no centro do console. E essa é apenas uma das telas.
Batizado de MBUX, o sistema inclui uma segunda (na verdade, o quadro de instrumentos) que tem igualmente as mesmas 12,3”. Uma dessas funções permite que você, por exemplo, informe sua estatura. Você vai lá e registra: 1,80 metro. E dá Ok.
Adivinhe? O carro regulará automaticamente o volante (altura e profundidade), a altura e a distância do assento do motorista, reclinará o encosto e posicionará o banco na posição ideal para aquele condutor. Essa é só uma entre dezenas de atrações.
Com interior que mescla couro e preto piano, o E 300 Exclusive traz outro charme: um filete luminoso aplicado por toda a extensão do painel que... muda de cor. Claro: isso também é regulado pelo multimídia. São 64 cores. Tá bom para você?
Outro ponto interessante é o retrato instantâneo de potência e torque que estão sendo empregados pelo motor do carro. Pode até ser uma especificidade que só atraia apaixonados por automóvel. “Legal saber que, a 100 km/h, eu estou usando somente 80 cv de potência...” Mas quem gosta vai concordar.
Outra funcionalidade do sistema MBUX reside nos comandos por voz. Você solta um “Olá, Mercedes” e o aparato de inteligência artificial atende aos comandos disponíveis, como abrir o teto solar e alterar a velocidade do ar-condicionado. Verdadeira sinfonia a bordo, com seus 10 alto-falantes, o sistema de som é Surround Burmester.
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Com tanto prazer ao dirigir, para que tanta assistência?
Juro que eu me fiz essa pergunta ao provar as funcionalidades do pacote de assistência de condução. Em nome do aprimoramento do conjunto, o volante é novo, capaz agora de “perceber” as mãos do motorista para tomar “providências”.
Por exemplo: se o sistema emite um alerta a quem dirige sobre uma mudança ocasional de faixa, prevenindo o motorista de que ele pode estar com sono, e não houver reação imediata, o carro começará a frear. Sozinho! No meio de qualquer rua ou estrada! Isso porque entenderá que o sujeito realmente cochilou.
Ainda sobre esse assistente de faixas: se você está numa rodovia bem sinalizada, pode relaxar: bastará segurar o volante. O resto, ele faz sozinho. Mudança de faixa? Sim, ele faz. Você liga a seta e faz um leve movimento ao volante: o sistema irá “ler” se não vem ninguém atrás e, pimba, vai mudar sozinho de faixa.
Já o piloto automático adaptativo (ACC), que atua em conjunto com o assistente de faixas e a frenagem autônoma emergencial, sendo controlado por botões capacitivos no volante, enxerga as curvas e pode mapear outros carros (até parados) ou pedestres.
Quanto ao Parking System (assistente autônomo de estacionamento), parece piada. Sabe outros carros com esse recurso, nos quais você se alinha à vaga “desejada”, aguarda a leitura do veículo para detectá-la, engrena a ré e aciona o sistema?
Ele vira o volante, vai entrando na vaga e você freia. Se precisar de ajustes, você mesmo engata o Drive, ele vai para frente, aí você aperta freia de novo, volta para a ré e... Esqueça tudo isso. O novo Classe E assume até as frenagens e a operação do câmbio. Você só tem o trabalho de achar a vaga e acionar o sistema. Ele fará todo o resto sozinho.
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Mudanças sutis na “geração e meia”
Lançado ano passado no Brasil em versão única, o E 300 Exclusive recebeu novos faróis com sistema de LEDs multifeixe, nova grade dianteira, para-choques reestilizados e lanternas traseiras agora mais estreitas.
Os principais itens de série incluem ar-condicionado de quatro zonas, teto solar panorâmico, persiana elétrica do vidro traseiro, persianas manuais das janelas traseiras e escape esportivo, além de seis airbags.
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Achei alguns pênaltis...
· O sistema MBUX é compatível com Apple CarPlay e Android Auto, porém só oferece conectividade por cabo. Para um carro desse preço, não é legal.
· As saídas de ar para o banco traseiro são posicionadas na coluna B (a que divide as portas). Isso significa que fica a um palmo e meio da sua cabeça. Quando está muito calor e você ajusta a velocidade do ar-condicionado numa velocidade mais alta, aquela janelinha assoprará ar frio pertinho do seu ouvido. Não é frescura. Em um carro tão silencioso, isso chega a incomodar.
· Por mais “tradicional” que seja um cliente de Mercedes Classe E, a falta de um recurso de propulsão híbrida (a marca dispõe da versão E 350, por exemplo, na Europa) pode frustrar. Um carrão de 4,93 metros de comprimento e 1,7 tonelada de peso que faça 13 ou 14 km/l na estrada é ótimo. Mas o híbrido seria melhor ainda. E nem me refiro pelo propósito de buscar economia de combustível num carro desse porte e preço, mas sim pela tecnologia. Merecia, sim.
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Mercedes-Benz E 300 Exclusive 2022 – Itens de série
Além dos obrigatórios airbags frontais, freios dianteiros com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem), cintos de segurança de três pontos em todas as posições, encostos de cabeça em todas as posições e ganchos Isofix para cadeirinhas infantis, o Volvo C40 Recharge vem de série com:
Visual e exterior: faróis full-LED multifeixe com assistente adaptativo de luz alta; soleira das portas iluminada com logomarca; chave em preto brilhante com sensor presencial; abertura das portas dianteiras com iluminação e projeção de logotipo; pneus runflat; rodas de liga leve aro 19”; escape esportivo; protetor de cárter; retrovisores externos rebatíveis eletricamente.
Segurança: alarme; sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista); controle eletrônico de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas; auto-hold; controle de cruzeiro adaptativo; frenagem autônoma emergência com detecção de pedestres; assistente de permanência em faixa; assistente de estacionamento autônomo; câmera de ré; monitoramento de pressão dos pneus (TPMS).
Tecnologia: quadro de instrumentos 100% digital de 12,3”; central multimídia MBUX de 12,3” com touchpad, Android Auto e Apple CarPlay (via cabo), navegador GPS, Bluetooth, entrada USB e auxiliar; som de motor esportivo na cabine; duas portas USB na fileira traseira; Sistema de Som Surround Burmester; sensor de preseça interior.
Conforto e acabamento: volante multifuncional em couro Napa com borboletas para mudança de marchas; bancos dianteiros com ajustes elétricos, sendo o do motorista com função memória; relógio analógico; tapetes de veludo; retrovisor interno eletrocrômico; banco traseiro bipartido rebatível; teto solar panorâmico; revestimento do teto em tom preto; cortina elétrica traseira; ar-condicionado Thermotronic; console central em preto brilhante; cabine com acabamento em madeira preta fosca; iluminação interna com 64 cores; fechamento elétrico do porta-malas.
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Conclusão
Os dados de mercado não mentem: a grande maioria dos consumidores brasileiros com mais de meio milhão de reais na conta para comprar um automóvel zero-km escolherá um SUV. Zero novidade.
Mas sabe aquelas honrosas exceções, que preferem um “carro carro”, isto é, apreciam o verdadeiro prazer ao dirigir de um sedan requintado, refinado tecnologicamente, com altíssima performance e segurança?
Serão esses (poucos) consumidores que se unirão àquela conta de 14 milhões de clientes do Classe E. Nenhuma dúvida disso.
Imagens: Rodrigo Miele/Mobiauto e Divulgação/Mercedes-Benz
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Jornalista Automotivo