Avaliação: por que Jeep Commander vendeu mais que Toyota SW4 e Tiggo 8

Mobiauto fez uma longa avaliação com a versão Overland TD380 4x4, a top de linha a diesel do SUV de 7 lugares
RM
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26.01.2023 às 12:00 • Atualizado em 12.11.2024
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Mobiauto fez uma longa avaliação com a versão Overland TD380 4x4, a top de linha a diesel do SUV de 7 lugares

O Jeep Commander deu um banho na concorrência em 2022. Além de ter assumido a liderança entre os SUV´s de grande porte com 7 lugares, destronando o tradicional campeão do segmento, o Toyota SW4, além do combativo CAOA Chery Tiggo8, o veículo produzido pela Jeep em Goiana (PE) praticamente vendeu o mesmo que os dois somados. Ele registrou 22.355 unidades vendidas no ano passado, enquanto os rivais somaram 13.718 e 10.439 unidades emplacadas, respectivamente. 

O mérito não é pequeno. Visto que o Commander deriva de um modelo de menor porte (Jeep Compass), e considerando o grau de exigência dos consumidores que buscam um SUV de 7 lugares, essa performance foi digna de destaque, indicando que o custo-benefício parece mesmo ser seu principal atributo.

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A unidade avaliada por MOBIAUTO, a Overland TD380 4x4, que é a top de linha, simboliza muito bem esse aspecto. Não é porque o camarada vai gastar R$ 300 e poucos mil reais em um carro... que ele não faça contas do que lhe parece mais vantajoso. Pois bem: enquanto o modelo da Jeep é vendido por pouco mais de R$ 320 mil nessa versão top, o SW4 com terceira fileira de assentos custa entre R$ 380 mil e R$ 430 mil.

Mobiauto fez uma longa avaliação com a versão Overland TD380 4x4, a top de linha a diesel do SUV de 7 lugares

E se você considerar que xis% desses compradores vão usar seu SUVão praticamente o tempo todo no asfalto, escapando pra uma estradinha de terra vez ou outra, o Jeep Commander acaba se tornando uma opção melhor que o Toyota SW4 na dirigibilidade (leia-se combinação de desempenho, segurança, estabilidade e conforto), tanto urbana como rodoviária. 

Mas onde estaria o segredo? A Jeep oferece, então, um carro melhor dotado e R$ 100 mil mais barato?

Tudo pode ser explicado por uma questão conceitual que difere os dois modelos: o Jeep possui construção monobloco (todas as peças de aço da carroceria são soldadas entre si até que o conjunto fique pronto), enquanto o modelo da Toyota é montado sobre chassi, igual à picape Hilux de onde deriva. A cabine é soldada, mas ela é aparafusada no chassi, que são aquelas duas longarinas paralelas que se estendem por todo o carro – igual a qualquer caminhão, maldosamente falando.

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Em nossa longa avaliação com essa versão Overland a diesel, de mais de 2.500 km, realizamos uma viagem entre São Paulo e Londrina. Na volta, logo na saída da cidade paranaense, há uma estradinha bem sinuosa, de pista dupla, mas com curvas de raio bem fechado. Chovia barbaridade naquele domingo pela manhã. Mesmo “provocado”, o Jeep Commander manteve-se exemplar nos contornos mais velozes. 

Houve só uma “pisadinha” naquela faixa branca que delimita o acostamento em que uma das rodas traseiras deu uma leve escorregada. Leve mesmo. O controle de tração e estabilidade devolveu o Jeep ao “trilho” e nem houve necessidade de correção no volante. Só não dá para dizer, em suma, que ele é seguro como um carro de passeio porque o centro de gravidade elevado da carroceria de 1,70 metro de altura não permite.  

Mobiauto fez uma longa avaliação com a versão Overland TD380 4x4, a top de linha a diesel do SUV de 7 lugares

Vale mencionar que esse conceito de carroceria presa ao chassi, que serve à Hilux SW4, rende maior robustez no transporte de cargas (já falamos dos caminhões) e na performance de um off-road mais severo, tanto que todas as picapes médias (Hilux, Amarok, S10 etc) usam esse princípio. Não se discute aqui, portanto, a robustez do conjunto da SW4 na lama. Mas quem faz isso, na prática? E com qual frequência a ponto de desembolsar um sedã compacto 1.0 zero km só de diferença na hora da compra?

Tá entendido por que o Commander vendeu tanto em 2022?

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão McPherson (dianteira) e McPherson (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); peso em ordem de marcha, 1.908 kg; carga útil, 540 kg; diâmetro de giro, 11,8 m; vão livre do solo, 214 mm; ângulo de ataque, 25,4°; ângulo central, 21,6°; ângulo de saída, 23,6°. Tanque de combustível: 61 litros. Pneus 235/50 R19.

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Desempenho é bom. Mas agradeça ao câmbio de 9 marchas

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A Mobiauto já havia experimentado essa versão no início de 2022, quando destacou a receita mecânica desse Jeep como “promissora” para roubar vendas dos tradicionais SUV´s de 7 lugares. E acertou. Com motor 2.0 MultiJet turbodiesel com calibração exclusiva (Jeep Compass e Fiat Toro adotam esse mesmo motor, mas com 3 kgfm a menos), que rende 170 cv e 38,7 kgfm de torque, seu maior trunfo surge na caixa de transmissão automática ZF com 9 velocidades. 

Convenhamos que essa potência para um carro que pesa quase 2 toneladas não é lá essas coisas; pois a eficiência do câmbio compensa uma eventual falta de fôlego. Ele é bem escalonado e, por ter relações próximas, sempre imprime o uso na faixa ideal de torque. Ou seja: quase nunca faltará gás ao Commander a diesel.

Na estrada, rodando dentro dos limites de velocidade, mesmo com o carro carregado, ele estará em 8ª ou 9ª marcha, com o motor girando na faixa de 1.500 rpm. E isso já é bem pertinho do torque máximo, ou seja, qualquer leve carga no acelerador para realizar uma ultrapassagem, por exemplo, será correspondido de imediato.

A tração 4x4 opera praticamente sob vontade do motorista, comandada por um seletor no console central que escolhe os modos de condução. No “Auto”, você usa as rodas dianteiras como motrizes, com ação das traseiras se a central eletrônica perceber que as da frente estão destracionando. Ele é “quase” um carro só tração dianteira, na prática. 

Já as opções “Sand/Mud” (areia/lama) e “Snow” (neve) requerem mais uso das rodas traseiras motrizes de acordo com a necessidade, em um sistema de embreagens no diferencial central que vai “lendo” o torque ideal para cada eixo dependendo da circunstância. Há ainda blocante do diferencial e reduzida. O que é realmente importante: a não ser que você se aventure em um off-road mais radical, o sistema de tração 4x4 do Jeep Commander será sempre capaz de atendê-lo em um uso mais “doméstico”.

Muito econômico! Ou não. Dependerá do seu pé

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Como qualquer motor a diesel, que sempre tem torque em baixos regimes de rotação, mas sofre por falta de potência, o consumo rodoviário do Jeep Commander é um verdadeiro “leque de opções”. Caso você rode com um pé de “bailarina” – e testamos isso nos retões planos da Rod. Castello Branco (na viagem a Londrina), ele fará médias acima de 20 km/l de diesel. 

Mas basta uma confusãozinha pela frente, como ultrapassagens ou percursos mais sinuosos, para que o consumo despenque para 12 ou 13 km/l – o Inmetro dá 12,9 km/l como dado oficial. Fique só de olho no “tanque” de Arla 32 – o bocal de abastecimento é ao lado da portinhola do diesel. O nível pode ser verificado no painel de instrumentos, mas um alerta é emitido quando está baixo, junto com uma luz de advertência. E não insista em retardar o reabastecimento: o motor para e não liga mais se estiver faltando o aditivo.

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Já o consumo urbano, ainda que pareça complicado mover as duas toneladas do Commander pelo tráfego urbano, oferece um range mais estreito. Ele varia entre 8,5 e 10,5 km/l, dependendo do tipo de uso. O oficial é 10,3 km/l.

Ficha Técnica - Jeep Commander Overland 2023

Motor: 2.0, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, diesel, duplo comando de válvulas, injeção direta, taxa de compressão 16,5:1
Potência: 170 cv a 3.750 rpm
Torque: 38,7 kgfm a 1.750 rpm
Peso/potência: 11,2 kg/cv
Peso/torque: 49,3 kg/kgfm
Câmbio: automático, 9 marchas
Tração: 4x4 sob demanda com bloqueio de diferencial, reduzida e seletor de terrenos
0 a 100 km/h: 11,6 segundos
Velocidade máxima: 197 km/h
Dimensões:  comprimento, 4.769 mm; largura, 1.859 mm; altura, 1.700 mm; entre-eixos, 2.794 mm. Porta-malas (7 lugares): 233 litros. Porta-malas (5 lugares): 661 litros.

Vida a bordo

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Por ser um modelo movido a diesel, ele se destaca favoravelmente pelo baixo nível de ruído. Mérito não só do motor, que é bem moderno, mas principalmente na aplicação de materiais fonoabsorventes no cofre dianteiro, que isolam bem o clac-clac típico do ciclo Diesel. 

E chama logo a atenção o acabamento em couro Alcântara, permeado por costuras mais rebuscadas que tentam elevar o padrão. E olha: conseguem. Bonito mesmo. Essas costuras aparecem no painel frontal, nas portas e nos bancos. 

Mas não dá para fugir das origens: o Commander possui um interior até refinado... mas pode chamá-lo de “Compass de fraque”. As ferramentas que estampam as peças são as mesmas. Por mais que os materiais e cores empregados sejam exclusivos, você vai se lembrar do campeão de vendas do qual o grandalhão buscou inspiração.

Para o motorista, o destaque aparece nas funções do quadro de instrumentos (tela de 10,25” pol), que são controladas por teclas no volante. Leva um tempinho para decorar a infinidade de funções, opções e até configurações do que você quer deixar exposto. Mas depois a vida segue. Há até um útil sistema de reconhece as placas de trânsito com limites de velocidade, que são reprisadas no painel. Isso é legal! Você entra numa avenida e não percebe qual o limite de velocidade da via: o carro avisa pra você.

Já a central multimídia é mais fácil de ser utilizada. É bem dotada em conectividade, incluindo funções como Android Auto e Apple CarPlay sem fio e Wi-Fi a bordo. O modelo traz, ainda, conexão remota com a Amazon Alexa e um ótimo conjunto de áudio da Harmann Kardon, de 450 Watts.

Na fileira central de bancos, que são bipartidos, há uma curiosidade bem-vinda: eles possuem regulagem manual de profundidade do assento e de inclinação do encosto. Isso ajuda muito a configurar mais ou menos espaço para as pernas, principalmente se houver mais dois passageirtos sentados lá atrás, na última fileira de assentos. 

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Agora, chato mesmo é...

Os sensores irritam: alerta de colisão com frenagem automática, detecção de ponto cego e de tráfego cruzado, alerta de mudança de faixa, frenagem de emergência para pedestres, ciclistas ou motociclistas e detector de fadiga do motorista. 

Vá lá. A gente não pode contrariar as novas tecnologias que buscam aprimorar a segurança com tecnologias semi-autônomas. Se bem... que eu contrariei. Desliguei tudo. Desde o escarcéu provocado pelo “FREIE”, em letras garrafais vermelhas, quando você se aproxima muito do carro da frente, até os bip´s de mudança de faixa. Bem chatinhos.

Jeep Commander Overland TD380 2022 – Itens de série

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Além dos obrigatórios airbags frontais, freios dianteiros com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem), cintos de segurança de três pontos em todas as posições, encostos de cabeça em todas as posições e ganchos Isofix para cadeirinhas infantis, o Commander Overland 2022 vem de série com:

Visual: faróis full-LED com acendimento e comutação automáticos; luzes diurnas de LED; faróis de neblina em LED; luzes de seta dinâmicas; lanternas traseiras de LED; frisos cromados por toda a extensão das janelas do veículo; barras longidutinais de teto com acabamento cromado; rodas de liga leve de 19 polegadas; teto solar panorâmico.

Conforto e acabamento: chave com sensor presencial; partida por botão; trio elétrico; retrovisores externos com rebatimento automático; retrovisor interno antiofuscante; volante multifuncional revestido em couro com ajuste de altura e profundidade; aletas para trocas de marcha no volante; sensores de luminosidade e chuva; ar-condicionado de duas zonas; bancos dianteiros com ajuste elétrico; bancos em couro com faixas em suede marrom; apoia-braço central com porta-objetos; bolsa-objetos atrás dos bancos dianteiros; segunda fileira de assentos reclináveis, com dois ângulos de inclinação do encosto lombar e deslocamento longitudinal de 14 cm; terceira fileira de assentos reclináveis; porta-malas com com abertura e fechamento elétricos e hands-free, ganchos internos e iluminação.

Segurança: alarme; sete airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração; controle anticapotamento; freio de estacionamento eletrônico com assistente de subida em rampa, controle de velocidade em descida e auto hold; câmera de ré; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; controle de cruzeiro adaptativo; frenagem automática com reconhecimento de pedestres e ciclistas; detector de fadiga do motorista; assistente ativo de manutenção de faixa; alerta de ponto cego; reconhecimento de placas; alertas de limite de velocidade e manutenção programada; monitoramento de pressão dos pneus.

Tecnologia: partida remota do motor pela chave ou via Alexa; quadro de instrumentos digital de 10,25”; central multimídia de 10,1 polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e navegador GPS; tomadas USB-A nas três fileiras; tomada USB-C; carregador por indução para celulares; assistente de estacionamento semiautônomo; som premium Harman Kardon de 450 W com nove alto-falantes e subwoofer; Adventure Intelligence com comandos via Amazon Alexa.

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Compra ou não compra?

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Nem é a minha opinião, mas a de vinte e dois mil clientes que deram a resposta em 2022. Para quem precisa de um SUV de 7 lugares, é fã de motores a diesel, e quer economizar cerca de R$ 100 mil frente ao Toyota SW4, a resposta é sim, compre o Commander Overland TD380 4x4. Simples assim.

Ele é típico modelo que nasceu como um upgrade para a família do Compass, mas se afastou tanto da faixa de preços do irmão menor... que virou opção para incomodar os carrões mais caros lá do andar de cima. 

Imagens: Rodrigo Miele

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