Avaliação: Ram Rampage R/T é foguete que a Fiat Toro queria ter sido
De olho na lacuna entre a Fiat Toro e as picapes médias, a Stellantis criou a Ram Rampage, primeiro produto desenvolvido e fabricado pela marca do carneiro fora da América do Norte. A Rampage 2024 é um dos principais lançamentos do ano e quer roubar os clientes da Ford Maverick, além de ser um degrau acima da Toro e opção até para os donos de Jeep.
A Ram Rampage 2024 tem dimensões próximas às da própria Toro, de quem herda basicamente toda a estrutura e carroceria. Ou seja, ela é construída sobre a plataforma Small Wide 4x4, a mesma que também dá vida aos Jeep Renegade, Compass e Commander.
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São duas opções de motores. o 2.0 Multijet turbodiesel de 170 cv de potência e 38,8 kgfm de torque é usado pelas configurações mais básicas. Já o 2.0 Hurricane 4 turbo a gasolina de 272 cv de potência e 40,8 kgfm de torque surge nas mais caras, sendo usado pela primeira vez em um modelo Stellantis de fabricação local – antes, aparecia somente no importado Jeep Wrangler.
A nova picape chega ao mercado com três níveis de acabamento e cinco versões, com preços que variam entre R$ 239.990 e R$ 269.990. Osdetalhes de cada versão estão neste outro artigo. Confira a lista completa de versões e preços:
- Ram Rampage Rebel 2.0 TD 2024: R$ 239.990
- Ram Rampage Rebel 2.0 2024: R$ 249.990
- Ram Rampage Laramie 2.0 TD 2024: R$ 249.990
- Ram Rampage Laramie 2.0 2024: R$ 259.990
- Ram Rampage R/T 2.0 2024: R$ 269.990
A Mobiauto foi até Curvello (MG), no campo de provas da Stellantis, e testou a versão R/T, a mais cara da gama, que promete fazer da picape a mais rápida do Brasil. Assista abaixo ao vídeo exclusivo e leia mais abaixo as impressões.
Ram Rampage R/T 2024 – 9 destaques positivos
1) Desempenho: a Rampage R/T é a picape mais rápida do Brasil atualmente. Com 0 a 100 km/h em 6,9 segundos, a novata bate VW Amarok, Ford Maverick e as irmãs Ram 1500, Classic, 2500 e 3500 nessa prova. O motor 2.0 turbo a gasolina tem aceleração gradativa e não um pico de torque na saída, como é comum em usinas turbinadas. Ponto positivo para o conforto dos ocupantes. Além disso, atinge 220 km/h de máxima, sendo a mais rápida da marca.
2) Botão R/T: é com esse botão acionado que a picape atinge os números citados acima. Diferente do modo Sport das outras versões, a R/T tem um mapeamento exclusivo, mais arisco, que altera o humor de motor e acelerador.
3) Motor e câmbio: com 272 cv de potência e 40,8 kgfm de torque, a Rampage se torna a picape mais potente já fabricada no Brasil. Esse propulsor é compartilhado com o Jeep Wrangler, vem importador da Itália e torna o modelo mais potente que sua principal rival, a Ford Maverick Lariat FX4. A usina encaixou muito bem com o câmbio automático de nove marchas da ZF, que poderia ser um pouco mais ágil para baixar ainda mais o tempo de aceleração.
4) Acabamento: fortemente inspirado no Jeep Commander, o interior é bem montado e tem bons materiais - do jeito que a Fiat Toro desejava ter. O painel tem o estilo cascata com toda a superfície macia ao toque, algo que dificilmente se vê em picapes. Na versão R/T, ainda conta com acabamento em alcântara. Esse mesmo revestimento é aplicado nas portas e em parte dos bancos dianteiros e traseiro. O seletor rotativo para trocas de marcha é o ponto chave da cabine para remeter às Ram 1500, 2500 e 3500.
5) Suspensão: Os conjuntos McPherson na dianteira e multilink na traseira são iguais aos da Toro e mais robustos do que os Jeep produzidos localmente. Os sistemas independentes ajudam a melhorar o conforto na cabine. Na versão R/T, a suspensão é mais rígida que nas outras opções, para cumprir a função da esportividade. Na prática, temos um meio termo, garantindo boas passagens em trechos esburacados sem chegar ao fim de curso, e estabilidade regular em velocidades mais altas. O vão livre do solo elevado (veja os números completos mais abaixo) faz a Rampage ter uma inclinação lateral de carroceria maior que a da Maverick nas curvas, o que compromete a estabilidade. Em contrapartida, vai bem melhor no off-road.
6) Vedação acústica: tem o padrão da Jeep, com o adicional de um motor a gasolina menos barulhento que o T270 flex de Renegade, Compass ,Commander e Toro. Afinal, ele gira menos e faz menos esforço nas acelerações. Com isso, temos menos ruído interno.
7) Central multimídia: é a maior tela da Stellantis entre os carros nacionais, com 12,3 polegadas ao estilo flutuante. Conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, tela tátil rápida e sistema intuitivo. O ar-condicionado integrado não incomoda como em outros modelos do grupo, já que os acionamentos não cobrem totalmente as informações da tela.
8) Quadro de instrumentos: é 100% digital e tem computador de bordo multifunções. Nesse caso, há uma evolução em relação aos Jeep, com uma tela visualmente mais interessante e informações mais claras de se entender.
9) Portas USB: são seis para carga lenta em toda a cabine. Quatro são destinadas só aos passageiros do banco traseiro, com duas do tipo C e duas convencionais. As duas restantes ficam no segundo andar do console central, sendo uma do tipo C e outra convencional.
Veja mais detalhes de preços e versões da nova Ram Rampage:
Ram Rampage R/T 2024 – 9 destaques negativos
1) Consumo: a Rampage faz 8 km/l na cidade, o que é até perdoável para uma picape de quase 2 toneladas de peso em ordem de marcha, com aerodinâmica limitada e motor a gasolina. O motor de único combustível ajuda nisso, mas o consumo ainda é pior que o da Fiat Toro T270. Afinal, aqui temos tração 4x4, quase 100 cv a mais de potência e ainda mais peso.
2) Visual: a Fiat Toro, que usa basicamente a mesma plataforma, tem um visual mais linear. A Rampage traz um balanço dianteiro elevado para se parecer com as primas maiores. A grade incrementada demais deixa o design aquém do esperado nas opções R/T e Laramie. A dianteira da Rebel é a que melhor se encaixou no porte da picape.
3) Direção: a assistência elétrica é leve até demais. Para uso urbano, em manobras, o sistema se sai bem. No entanto, em estrada de terra ou a velocidades maiores no asfalto fica demasiado “boba” e não passa tanta segurança. Poderia pesar um pouco mais para que sentíssemos o veículo à mão.
4) Capacidade de reboque: com apenas 400 kg de capacidade de reboque, a Rampage fica bem abaixo do que puxam as irmãs maiores. A Stellantis afirma que esse é o limite da plataforma.
5) Capota marítima: ou, no caso, a falta dela. Assim como a Maverick, capota marítima, item importante em picapes principalmente para uso urbano, não vem de série mesmo na versão mais cara da Rampage.
6) Espaço interno: o entre-eixos é apenas 4 mm maior que o da Fiat Toro. Isso quer dizer que temos uma cabine igual à da picape da Fiat, e aí vem a má notícia: ela é apertada na fileira traseira. A Rampage tem bancos melhores e que apoiam mais a posterior das pernas. No entanto, o espaço para joelhos de pessoas mais altas é comedido.
7) Apoio de braço: estreito como o dos Jeep e diferente do que temos nas picapes maiores da marca. Claro que a Rampage tem dimensões bem menores que as da 1500, mas o console central e o apoia braço são as maiores lembranças de que seu interior é compartilhado com Commander e Compass.
8) Console central: ao estilo double deck, como nos Caoa Chery, peca por ter as portas de carga lenta no segundo andar. Em uma primeira experiência, não dá para ver os acessos para conectar o celular. Fica escondido e mais difícil de encontrar no trânsito, por exemplo.
9) Tração 4x4: Não tem seletor como nas picapes médias e usa o mesmo sistema da Toro com motorização turbodiesel, excluindo o bloqueio de diferencial presente, por exemplo, no Compass. Nesse caso, a primeira marcha trabalha como reduzida. Um sistema mais robusto, como o aplicado no próprio Jeep Wrangler, aumentaria o apetite fora de estrada da Rampage, e a distanciaria da Toro.
Ram Rampage R/T 2024 – Ficha técnica
Motor: | 2.0, dianteiro, transversal, quatro cilindros em
linha, 16V, turbo, gasolina, injeção direta, duplo comando de válvulas |
Potência: | 272 cv a 5.200 rpm |
Torque: | 40,8 kgfm a 3.000 rpm |
Câmbio: | automático, 9 marchas |
Tração: | 4x4 |
0 a 100 km/h | 6,9 segundos |
Velocidade máxima: | 220 km/h (limitados eletronicamente) |
Dimensões: | 5.028 mm de comprimento, 2.994 mm de entre-eixos,
1.886 mm de largura, 1.760 mm de altura, 55 litros de tanque de combustível;
capacidade de carga, 750 kg; volume da caçamba, 980 litros; capacidade de
reboque, 400 kg; peso em ordem de marcha, 1.917 kg. |
Consumo (Inmetro): | 8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada |
Ram Rampage R/T 2024 – Principais itens de série
- Rodas de liga leve de 19 polegadas
- Escapamento duplo
- Farois Full LED com projetores bi-função
- Farol de neblina de LED com função cornering
- Lanter de LED
- Luz de direção dinâmica
- Retrovisor elétrico com rebatimento elétrico
- Protetor de cárter
- Trava elétrica para bocal do tanque
- Tampa traseira amortecida
- Caçamba revestida
- Banco com ajuste elétrico para motorista
- Revestimento interno em couro e suede para bancos, volante e painel
- Porta óculos
- Ar-condicionado automático, digital e de duas zonas com dutos para segunda fileira
- Multimídia de 12,3 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio
- Carregador por indução
- Câmera de ré
- Sensor de estacionamento dianteiro e traseiro
- Freio de estacionamento eletrônico
- Sensor de chuva
- Retrovisor eletrocrômico
- Comutação automática dos faróis
- Partida remota
- Seis portas USB
- Desembaçador da janela traseira
- Start-stop
- Assistente de partida em rampa
- Acendimento automático dos faróis
- Controle de cruzeiro adaptativo com função anda e para
- Alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres
- Monitoramento de pontos cegos
- Detecção de tráfego cruzado traseiro
- Alerta de saída de faixa
- 7 airbags
- Monitoramento de pressão dos pneus
- Sistema eletrônico de mitigação de rolagem da carroceria
- Limitador de velocidade
Vale a pena comprar uma Ram Rampage R/T 2024?
A principal rival da Rampage R/T 2024 é a Ford Maverick Lariat FX4. A picape da Ram leva a pior no visual e dinâmica da carroceria, mas é superior para uma condução mais hostil, no desempenho, no pacote de equipamentos de série e no acabamento da cabine.
Além disso, é um projeto nacional com peças compartilhadas com vários produtos da Stellantis, que vão tornar o custo de reposição mais acessível e, consequentemente, a manutenção mais barata. Por isso, ela se torna uma escolha mais racional.
Veja também nosso teste com a versão intermediária Laramie turbodiesel:
Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.