Avaliação: Renault Duster 2024, 7 motivos por que ele deveria vender mais
Presente no mercado brasileiro desde 2011, o Renault Duster é um dos modelos da “virada” da marca francesa quando pensamos em volume de vendas no país, algo ainda mais relevante quando pensamos que o SUV compacto surgiu para brigar com osaudoso Ford EcoSport. Daqueles tempos do início da febre dos utilitários esportivos, restou somente o Duster.
Os anos passaram e o modelo amadureceu consideravelmente, com a primeira geração durando de 2011 a 2019. No ano seguinte foi lançada no Brasil a segunda fase do SUV compacto, que acabou linhas mais modernas, sem perder a essência do visual mais robusto e o espaço interno generoso, que o caracterizaram desde o início.
Também pode te interessar:
- Renault Duster pode ter sucessor com outro nome para conviver com atual
- BYD já tem um EcoSport (elétrico) para montar em antiga fábrica da Ford
- Renault Duster: os principais problemas, segundo os donos
- Novo Renault Duster terá truque do VW Taos para subir de nível
No início do ano passado o Duster ganhou o novo motor turbo 1.3 TCe flex, que é justamente o conjunto mecânico do Duster Iconic 2024 desta avaliação. Ficamos com a versão topo de linha do SUV compacto e agora trazemos quais seus pontos positivos e no que ele poderia melhorar. Mas aqui vai um spoiler: mesmo com quase três anos, o utilitário continua sendo o melhor Renault fabricado no Brasil.
Renault Duster Iconic 2024 – 7 Pontos que fazem valer a compra
1) Desempenho: desde 2022 que o Duster vêm equipado com o motor turbo 1.3 TCe, propulsor que entrega até 170 cv de potência e 27,5 kgfm de torque. Para quem não está muito ligado, vale dizer que esse é o mesmo motor usado em modelos da Mercedes-Benz, à exemplo do GLA e GLB. O motor tem bastante força desde as rotações mais baixas, fora que parece melhor ajustado no Duster em relação Captur TCe, sem destracionar à toa em saídas de semáforo. Além disso, combina progressividade no uso diário ao toque entusiasta por conta do assobio do turbo em alguns momentos. O câmbio CVT simula 8 marchas, mas chama a atenção mesmo pela suavidade no funcionamento.
2) Visual: o novo desenho que estreou na segunda geração, no início de 2020, deixou o Duster moderno, sem perder os ares de SUV raiz, com carroceria bem definida e mais quadrada, que carrega desde sempre. Assim, ele segue uma linha contrária aos utilitários com estilo cada vez mais urbano ou de SUV cupê. Interessante ainda é que ele mantém seu design evolutivo, um caminho cada vez mais difícil de ver na indústria automotiva. Só perdoe as lanternas parecidas demais com a dos primeiro Jeep Renegade.
3) Espaço interno: desde que surgiu, numa época em que só tinha o Ford EcoSport como rival, o Renault Duster se destaca por seu espaço interno. Suas dimensões sempre foram mais próximas às de um SUV médio, mas seu acabamento e nível de equipamentos o deixou posicionado na linha de entrada de SUVs. Com 4,37 metros de comprimento, o Duster tem tamanho próximo ao de um Jeep Compass[4] , por exemplo, que tem 4,40 m, enquanto seu entre-eixos é até maior com 2,67 m contra os 2,63 m do modelo da Jeep. Vale dizer que o espaço para o banco traseiro não é mais referência (ainda que seja bom ainda), mas o Duster se destaca pela largura e assim facilita a viagem de três pessoas na parte de trás.
4) Posição de dirigir: não é a melhor, quando pensamos em um carro convencional. Porém, quando o assunto é SUV, certamente vai agradar pelo chamado ponto H elevado, pois quem gosta de dirigir lá no alto vai gostar e o Duster cumpre muito bem isso. Pessoas de qualquer estatura encontram uma boa posição de guiar, fora que a ampla visibilidade contribui para a sensação de segurança.
5) Suspensão: podemos dizer que o Duster é um dos SUVs mais competentes do mercado nacional nesse quesito. Sua segunda geração ficou ligeiramente mais firme, o que foi bem-vindo, principalmente na versão Iconic com motor 1.3 turbo de desempenho superior aos modelos 1.6 aspirados. A carroceria oscila bem pouco se comparada a alguns SUVs rivais, o que proporciona mais confiança no contorno de curvas, sem perder conforto que é preciso para um carro familiar.
6) Porta-malas: apesar de não ser novidade, o amplo porta-malas do Duster continua sendo destaque desde que o modelo foi lançado no Brasil. Estamos falando de 475 litros de capacidade no bagageiro, pelo método VDA, que, além do amplo espaço, tem acesso facilitado por conta da tampa traseira comprida que vai até a base do para-choque. O porta-malas do Duster supera o do Nissan Kicks (432 litros) e até mesmo do Compass (440l).
7) Câmeras de manobra: batizado de sistema Multiview, o conjunto de câmeras do Duster fica devendo a visão 360 graus de modelos como o Nissan Kicks, mas mesmo assim é melhor que apenas a câmera de ré da maioria dos rivais. Você pode alternar entre quatro visões: dianteira, lateral esquerda e direita e traseira. É um recurso que ajuda a enxergar as caixas de roda da frente do Duster, além de auxiliar em manobras de estacionamento, principalmente o meio-fio. As câmeras não têm uma grande resolução, mas mesmo assim são úteis.
8) Bônus - Abertura do capô amortecida: não chega a ser diferencial de compra, mas vale a nota. Já reparou que o Duster é o único SUV compacto nacional com abertura do capô amortecida por molas a gás? Um item surpreendente que só se costuma ver em carros de luxo.
Renault Duster Iconic 2024 – 5 pontos para coçar a cabeça antes de comprar
1) Airbags: na atual gama da Renault, o Duster é o veículo com a menor quantidade de airbags, trazendo somente as duas bolsas frontais obrigatórias por lei. Até o subcompacto Kwid, da própria Renault, tem mais airbags, com quatro bolsas (duas frontais e duas laterais). Fica difícil entender a estratégia da marca em oferecer apenas dois airbags para o Duster, um dos seus principais produtos e um modelo com proposta familiar. Nem ao menos como opcional as bolsas adicionais são oferecidas e o boa parte dos rivais oferecem seis airbags...
2) Consumo: de acordo com o Inmetro, o Duster Iconic 1.3 turbo faz 7,7 km/l na cidade e apenas 8,4 km/l na estrada com etanol, enquanto os números quando abastecido com gasolina são um pouco melhores: 10,8 km/l e 11,5 km/l, respectivamente. Durante o nosso contato as médias de consumo foram até um pouco inferiores no uso urbano, e isso sempre usando o sistema start-stop. O Duster nunca foi referência em consumo de combustível, mas ao menos agora ele compensa isso com o melhor desempenho do 1.3 TCe.
3) Porta-objetos: não há muitos nichos para acomodar objetos no Duster, mas isso é resultado do mau aproveitamento do espaço na cabine. O comando dos retrovisores, que ficava embaixo da alavanca do freio de estacionamento na primeira geração, foi para o lado esquerdo do painel, mas deixou como resquício um pequeno buraco circular que não serve para nada. Por ali fica o botão do sistema 4x4 que é oferecido para o Duster em outros mercados, o que não é o caso do Brasil.
4) Descansa-braço: um ponto que deixa a desejar é o descansa-braço para o motorista. Em vez de ficar posicionado no console central, servindo de tampa para um porta-trecos maior, fica acoplado ao banco do motorista. É estreito e nada confortável, fora que atrapalha na hora de acionar o freio de estacionamento.
5) Acabamento e ergonomia: no passado o Duster tinha um acabamento bem simples com ares de Sandero, mas nessa segunda fase melhorou a receita. Ainda usa plástico rígido em boa parte, embora tenha alguma variação de textura, uso de tecido nas portas e melhor impressão ao toque. Fica atrás de boa parte dos rivais, embora no mesmo nível de T-Cross e Creta e superior ao Chevrolet Tracker. O que pega mesmo é a ergonomia: a tela do multimídia é baixa, enquanto o ajuste dos retrovisores fica no painel invés das portas, sem falar no já mencionado descansa-braço central.
Renault Duster Iconic TCe 2024 - Ficha técnica
Motor | 1.3, dianteiro,
transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, flex, comando de válvula
duplo no cabeçote, injeção direta de combustível |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Potência | 170/162 cv (G/E) a 5.500 rpm |
Torque |
27,5 kgfm (G/E) a 1.600 rpm |
Peso/Potência | 8 kg/cv (G/E) |
Peso/Torque | 49,2 kg/kgfm |
Câmbio | automático CVT, 8 marchas simuladas |
Tração | dianteira |
0 a 100 km/h | 9,2 segundos |
Velocidade
máxima |
190 km/h |
Consumo Inmetro | 7,7 km/litro na cidade e 9,4 km/litro na estrada com etanol / 10,8 km/litro na cidade e 11,5 km/litro na estrada com gasolina |
Dimensões e capacidades | comprimento, 4.376 mm; entre-eixos, 2.673 mm; largura, 1.832 mm; altura, 1.693 mm;
porta-malas, 475 litros; tanque de combustível, 50 litros. |
Dados técnicos |
direção elétrica; suspensões tipo McPherson (dianteira) e eixo
de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e tambor
(traseira); diâmetro de giro: 10,7 m; vão livre do solo: 237 mm; ângulo de
ataque: 30º, ângulo central: 22º, ângulo de saída: 34,5º; carga útil, 512 kg |
Renault Duster Iconic 2024 – Itens de série
- Barras de teto na cor preta
- Direção elétrica
- Ar-condicionado digital automático
- Faróis com assinatura LED
- Airbags frontais
- Freios ABS
- Cinto de segurança de três pontos em todas as posições
- Sistema ISOFIX no banco traseiro
- Vidro elétrico nas quatro portas
- Sistema Start&Stop
- Trava elétrica com fechamento automático
- Banco do motorista com regulagem de altura
- Luz de cortesia traseira
- Banco traseiro rebatível bipartido
- Alarme perimétrico
- Tomada 12V traseira
- Rodas de liga-leve de 17 polegadas diamantadas
- Chave presencial tipo cartão
- Ponteira do escapamento cromada.
- Grade dianteira cromada
- Maçanetas na cor da carroceria
- Faróis de neblina
- Retrovisor externo em preto brilhante
- Indicador de temperatura externa
- Luz de cortesia no porta-luvas e porta-malas
- Espelhos nos dois para-sóis
- Volante em couro
- Sistema multimídia Easy Link com Android Auto e Apple CarPlay sem o uso de cabos
- Sensor de estacionamento traseiro com câmera
- Controlador e limitador de velocidade.
- Sistema Multiview com quatro câmeras
- Alerta de ponto cego
- Faróis com acendimento automático
- Partida a distância
- Alargadores de roda
- Bancos com revestimento premium e apoio de braço.
O Renault Duster Iconic 1.3 TCe vale a pena?
Com quase três anos de mercado, o Renault Duster Iconic 2024 com motor 1.3 TCe é uma boa escolha para quem procura um SUV compacto com desenho raiz e bom desempenho, sendo uma melhor escolha em relação à variante Iconic 1.6. O que acaba complicando sua vida é que atualmente ele custa R$ 145.990, exatamente R$ 15.000 a mais do que o Duster Iconic 1.6, justamente pelo propulsor mais forte.
Apesar de não ter o custo x benefício de outrora, o Renault Duster Iconic TCe 2024 ainda vale a pena pelos sete pontos mencionados até aqui, bem como pela fama de robustez e confiabilidade de mercado. Falta algun carinho nos itens de segurança, ergonomia e acabamento, mas diante de outros SUVs que já superam os R$ 170.000, são deslizes perdoáveis.
Repórter
Entusiasta de carros desde criança, achou no jornalismo uma forma de combinar paixão e profissão. É jornalista formado pela faculdade FIAM-FAAM e atua no setor automotivo desde 2014, com passagens por Auto+, Quatro Rodas e Motor1 Brasil.