O projeto secreto que faria a VW Kombi ter cara de Porsche e painel de Gol
Durante os 40 anos em que trabalhou na Volkswagen, o designer Luiz Alberto Veiga foi o responsável pelo desenho de modelos importantes da marca no Brasil. A segunda geração do Gol, conhecida como “Bolinha”, de 1994, e o Fox, de 2003, podem ser considerados os produtos mais emblemáticos da carreira de Veiga na empresa.
O designer se aposentou em 2016, após quatro décadas dedicadas à criação de novos modelos e atualizações daqueles já existentes. Desde então, ele utiliza o seu perfil no Instagram para relembrar alguns projetos que não saíram das pranchetas.
Um deles é uma proposta de reestilização da Kombi, que Veiga decidiu mostrar aos seus seguidores nesta semana. As imagens divulgadas pelo designer mostram esboços de duas sugestões de desenho para o utilitário.
Em um deles, a Kombi aparece com faróis de duas parábolas e setas na grade abaixo do para-brisa, no melhor estilo do Porsche 911 Carrera vendido à época. No outro, os faróis redondos são substituídos por um conjunto óptico horizontal com setas integradas, parecidos com os do Gol Bolinha. Ou seria com os da Kia Besta?
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Em ambos, a Velha Senhora teria para-choque dianteiro com envolvente feito de plástico, e não mais de metal. A atualização ainda sugeria um novo painel com os instrumentos do Gol, volante de dois raios (o mesmo da versão GL da geração quadrada) e uma capa plástica para esconder a coluna de direção, que ficava totalmente exposta à frente das pernas do motorista.
“Fundo do baú: juro que nós tentamos. Durante toda a minha carreira tentamos fazer um upgrade na Velha Senhora, mas no fim, as novas exigências de segurança determinaram o fim de produção de um dos mais inteligentes automóveis de trabalho de todos os tempos”, escreveu Veiga na legenda da postagem em seu Instagram.
Embora o designer não tenha informado a data em que as imagens foram produzidas, os projetos aparentam ser da segunda metade dos anos 1990. A Kombi sofreu uma reestilização em 1997, quando ganhou um ressalto de 11 centímetros no teto e a porta lateral corrediça.
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Por dentro, o utilitário perdeu a divisória metálica atrás dos bancos dianteiros, o que obrigou a Volks a acomodar o estepe no porta-malas do veículo. No mesmo ano, estreou a versão Carat. O modelo tinha uma proposta mais luxuosa, com bancos revestidos de tecido aveludado e capacidade para sete passageiros em vez de nove da configuração convencional.
Após essa atualização, a Kombi passaria pela última mudança visual, em 2006. Naquele ano, o utilitário teve de adotar a grade frontal do radiador do novo motor 1.4 flex com arrefecimento líquido, que substituiu o antigo 1.6 boxer a gasolina refrigerado a ar, para se enquadrar nas novas leis de emissões que entraram em vigor na época.
A Volkswagen Kombi foi descontinuada no final de 2013, depois de 56 anos de produção ininterrupta na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
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Baseado em um projeto da década de 1950, o modelo não era capaz de ser adaptado à nova legislação de segurança, que começou a valer em 2014 obrigando a instalação dos airbags frontais e dos freios com ABS em todos os veículos zero quilômetro vendidos no país. O Brasil foi o último país a encerrar a produção da Kombi.
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Jornalista Automotivo