Chevrolet Opalete, a avó da nova Montana que queria ser El Camino
Durante o início da década de 1970, construir uma picape com base em um veículo de passeio não passava pela cabeça dos times de engenharia das grandes montadoras instaladas no Brasil.
A Chevrolet seguia firme com sua escola americanizada, e apostava em sedans e cupês para se manter no mercado. Já Volkswagen, Ford e Fiat iniciavam seus projetos de carros compactos inspirados na frota europeia.
As americanas Chevrolet e Ford até tinham opções de picapes, mas eram veículos mais robustos com construção chassi-cabine. Um veículo desse segmento com estrutura em monobloco e pegada urbana, como mostram as imagens cedidas pelo Museu da Imprensa Automotiva (Miau), não fazia parte da realidade da época.
Mas por pouco a marca da gravata dourada não mudou o curso dessa história. No início da década de 1970 os burburinhos sobre o projeto de uma versão picape do Opala cresciam, e ganharam até as páginas da edição de fevereiro de 1974 da revista Quatro Rodas.
Os jornalistas especializados da época chamavam carinhosamente o projeto de Opalete. Mas esse não era o nome oficial aventado no interior da montadora, onde o veículo era conhecido por Opala picape ou V80, seu código de projeto.
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A ideia era basicamente a mesma que vemos hoje com a nova Montana, e a relação entre Opala e Opalete seria semelhante a da nova picape com o SUV Tracker: aproveitar a plataforma em monobloco e construir um modelo intermediário entre os veículos compactos e médios.
O projeto era inspirado no El Camino, um veículo produzido nos Estados Unidos e México, derivado do lendário Impala (1ª geração) e do Chevelle (2ª geração). As linhas eram de muscle-car com um balanço dianteiro gigante para guardar os grandes motores V8 no cofre.
A inédita picape chegaria junto com a família Opala na linha 1975. Eram esperadas as opções cupê, sedan, a perua Caravan e a picape, que teriam motorizações 2.5 quatro-cilindros de 96 cv e 18 kgfm, e seis cilindros 4.1 de 118 cv e 28 kgfm.
Havia até um flagra do protótipo estacionado no pátio da fábrica na época, provando que a versão com caçamba não era um delírio coletivo. No entanto, a Chevrolet decidiu não avançar com a produção e perdeu a chance de ser pioneira no segmento.
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Quem tirou a ideia do papel foi a Fiat, que lançou no final da década de 1970 a City, picapinha derivada do compacto 147. Com isso, a marca italiana assumiu o posto precursora da categoria, embora Chevrolet Opalete e Fiat City fossem produtos completamente diferentes - principalmente em dimensões e motorização.
O segmento demorou para cair no gosto dos brasileiros. Tanto que apenas com a chegada de Fiat Fiorino, Chevy 500, VW Saveiro e Ford Pampa, já na década de 1980, a categoria registrou um volume de vendas mais relevante.
Entretanto, só na última década é que a indústria nacional trouxe picape com porte que ofereceria a Opalete. A primeira foi a Renault Oroch, em 2015, sendo seguida pela Fiat Toro, em 2016, e que ganhou as concorrentes Ford Maverick e da nova Chevrolet Montana.
Imagens: MIAU - Museu da Imprensa Automotiva
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Gerente de conteúdo
Formado em mecânica pelo Senai e jornalismo pela Metodista, está no setor há 5 anos. Tem passagens por Quatro Rodas e Autoesporte, e já conquistou três prêmios SAE Brasil de Jornalismo. Na garagem, um Gol 1993 é seu xodó.