Do MASP à Catedral da Sé por R$ 25: robotáxi sem motorista já é realidade
A cidade chinesa de Wuhan entrou para o ‘mapa mundi’ quando, em dezembro de 2019, o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) foi identificado pela primeira vez. De lá para cá, são quase cinco anos de enfrentamento da pandemia, mas quem imagina que a metrópole asiática de mais de 10 milhões de habitantes sucumbiu, como num filme distópico, está redondamente enganado.
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Após conter a COVID-19, Wuhan foi palco, no final de maio, do lançamento da nova versão do RT6, o robotáxi da Baidu que dispensa motorista e chega às ruas como primeiro automóvel de passageiros dotado do Nível 4 de direção autônoma – os níveis listados pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE International) vão de 0 a 5.
Como o próprio nome sugere, o RT6 é um robotáxi de sexta
geração equipado com cinco unidades do sistema LiDAR e nada menos que 40
sensores (de sete categorias diferentes), além de uma capacidade de
processamento de 1.200 TOPS – na microarquitetura Pascal, desenvolvida pela
Nvidia, 1 TFLP e equivalente a 4 TOPS, mas é importante frisar que esta não é a
medida da capacidade bruta de processamento de uma CPU, mas uma escala para
estrutura de aprendizado da inteligência artificial (IA).
Mas o grande atrativo deste veículo autônomo (AV) para seu operador, a Apollo
Go, não está só nas funcionalidades que listamos abaixo, mas no valor de
aquisição: 204,6 mil yuans, o equivalente a R$ 149 mil – cerca de R$ 20 mil a
mais que um Chevrolet Spin LT 1.8.
Na China, esta nova geração chega com preços 60% menores que os da sua antecessora, sendo mais barato que o SU7, primeiro EV da gigante dos eletroeletrônicos Xiaomi, e o L6, da IM Motors, considerado o “sedã do futuro”.
Até o final deste ano, 1.000 unidades do novo RT6 estarão
rodando pelas ruas de Wuhan, cobrindo uma área de 3.000 quilômetros quadrados –
vale citar que, nos últimos dois anos, os robotáxis da Apollo Go apresentaram
uma taxa de ocorrências 14 vezes inferior à registrada com motoristas humanos.
Conveniência e preço da corrida
O RT6 consegue “enxergar” 440 metros à sua frente e sua velocidade máxima é de 135 km/h. Apesar de ser um AV de porte médio, com 4,76 metros de comprimento (34 cm maior que o Spin), o robotáxi da Apollo Go leva apenas dois passageiros por vez – há fotos de uma versão sem volante, mas os modelos que estão rodando, hoje, mantêm o item, bem como o assento do condutor, além de um pequeno quadro de instrumentos digital.
Todavia, há muito espaço e, principalmente, conveniência para quem embarca no modelo por portas deslizantes que são destravadas por meio de uma senha. Os bancos traseiros, individuais, dispõem de aquecimento e função massageadora com dez ajustes, apoio para as pernas ajustável e um leiaute bem parecido com os assentos de classe executiva dos voos comerciais.
São 99,8 cm de altura para a cabeça, 1,48 m para os ombros e 92 cm para as
pernas, além de reclinagem em até 135 graus. Todos os comandos da climatização,
bem como de regulagem dos bancos, são por comandos de voz e há airbags laterais
e cortinas infláveis.
O RT6 é equipado com um motor elétrico de 110 kW, fornecido pela BYD, e suas
baterias (de fosfato de ferro-lítio) estão dispostas em um pacote substituível,
que leva apenas três minutos para ser substituído por outro, totalmente
recarregado. Apesar de parecer uma novidade ou até mesmo um futurismo para a
maioria dos brasileiros, a Apollo Go já acumula 90 milhões de quilômetros com
seus robotáxis – cerca de 100 mil quilômetros, por dia – sem registro de nenhum
acidente por falha primária, nem de ferimentos ou mortes.
Mas o melhor vem agora: uma viagem a bordo desse AV custa
menos do que no Uber ‘Black’. Tomando por base os preços de Wuhan (11,3 yuans,
por quilômetro), uma corrida entre o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a
Catedral da Sé sairia por R$ 25.
Resta, agora, saber se os neoliberais atacarão a Baidu sob a argumento de a
gigante “comunista” estar submetendo seu robotáxi a trabalho escravo...
Jornalista Automotivo