Este microcarro elétrico chinês custa R$ 54 mil e te ajuda com os boletos
Quem sonha em comprar seu primeiro zero-quilômetro já deve ter tomado ciência de que a opção mais “em conta” do mercado brasileiro, neste início de janeiro, é o Renault Kwid Zen, que não sai por menos de R$ 66.590 – há exatamente um ano, sua versão correspondente, Life, custava 36% menos.
É um valor aviltante para um modelo tão simples e um aumento injustificável diante do índice nacional de inflação, que fechou 2022 em 6%.
Mas bem longe daqui existe um país onde, por R$ 53.700 mil (a partir de 67.800 yanes), é possível adquirir um microcarro com estilo moderno e acomodações para duas pessoas mais as compras do supermercado.
Trata-se do Wuling Air EV (a grafia original traz o “ev” em letras minúsculas), primeiro modelo global da SAIC-GM-Wuling ou, simplesmente, SGMW que, para quem não conhece, é a união de três titãs globais da indústria automotiva: a SAIC Motor, maior das quatro estatais chinesas do setor; a General Motors (GM), companhia norte-americana que dispensa apresentações, e a Liuzhou Motors, braço do Wuling Group.
O Air EV é uma espécie de Smart ForTwo chinês, só que 100% elétrico. Ou seja, uma alternativa prática e econômica para os grandes centros – na China, onde o salário mínimo é 30% maior que o novo piso brasileiro, de R$ 1.320, ele é uma alternativa ao transporte coletivo, e nada mais do que isso.
Portanto e antes das críticas mais raivosas, é preciso ter em mente que este é um automóvel feito exclusivamente para regiões metropolitanas europeias e megalópoles asiáticas, que tem um avançado desenvolvimento e estrutura para lidar com elétricos - principalmente os de baixa autonomia.
Posto isso, o grande mote do Air EV não é nem seu preço bastante acessível, mas seu “custo operacional” na ponta do lápis, já que seu consumo é quase 20 vezes menor que o de um Kwid.
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É verdade que o motor de 30 quilowatts (kW), que equivalem a 40 cv de potência, não sobressai pela cavalaria, mas a recarga de 30% a 80% das suas baterias não leva mais do que 45 minutos, no modo rápido – numa tomada de energia convencional, o carregamento completo do pacote leva oito horas e meia, uma eternidade, mas ainda é mais veloz que outro elétricos desse porte.
Nos países onde o microcarro já é vendido, ele está disponível em duas versões, com autonomias de 200 e 300 quilômetros, respectivamente, e a única diferença entre elas fica por conta da capacidade das baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP), que é de 17,3 kWh na primeira e 26,7 kWh, na segunda.
Para o leitor que tem família, o lançamento da Wuling está fora de cogitação, já que o Air EV é um automóvel minimalista, com 2,59 metros de comprimento – 1,09 m menor que um Kwid e 10 cm inferior ao ForTwo.
A distância entre-eixos de 1,63 m, a largura de 1,50 m e altura de 1,63 m completam suas medidas – há uma versão de quatro lugares (nas fotos há uma em que os modelos de dois e quatro lugares aparecem lado a lado) também bastante compacta, com 2,97 m de comprimento. “Magrinho”, o microcarro pesa apenas 760 kg.
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Tela grande e função banco
Internamente, o Air EV dispõe de suas telas de 10,2 polegadas, com destaque para o sistema operacional próprio, denominado LING, uma interface de compartilhamento, intercomunicação e redes sociais, que ainda traz assistente 3D, comandos de voz, e funções dedicadas de navegação (com direito a WeChat), áudio, serviços de pós-venda e i-banking (pagamento de contas, por exemplo).
Remotamente, é possível “iniciar” o veículo – lembrando que um EV não tem motor de arranque – e fazer a seleção do ar-condicionado. Como o leitor pode ver, para além das dimensões mínimas e das linhas que parecem saídas de um mangá, existe um novo conceito de mobilidade.
Agora, pense no seu bolso e no suado dinheirinho que você tem que trabalhar muito para conquistar: os chineses que aderiram à pré-compra no início de dezembro, por meio de um depósito de R$ 800 (oitocentos reais!), terão um desconto de R$ 3.170 na hora de retirar seu Air EV.
E se o amigo não entrou em 2023 queimando dinheiro, tenha em mente que, para cada vez que o dono de um Renault Kwid enche o tanque na cidade de São Paulo, deixando algo em torno de R$ 200 no caixa do posto, um proprietário do Air EV vai desembolsar o equivalente a R$ 22 para percorrer a mesma distância até o combustível zerar, lá do outro lado do mundo.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
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Jornalista Automotivo