Kei car elétrico da Mitsubishi tem marra de L200 e é menor que um Kwid
A cara de mau e as linhas frontais fazem referência imediata a Mitsubishi L200 Triton Sport, bem como a nova geração do grandalhão Outlander. Mas por trás do estilo ameaçador mora um ‘kei car’ 100% elétrico que pode inserir a Mitsubishi, definitivamente, no mercado de elétricos, premiado como “Carro do Ano 2023” japonês, há três meses.
Estamos falando do eK X EV (lê-se o “X” do meio como “cross”, em inglês) mira uma fatia do segmento mais promissor para o futuro da eletromobilidade, pelo menos no país do sol nascente: o dos microcarros.
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Os ‘kei cars’ correspondem à categoria de menor porte, entre os automóveis convencionais, no Japão, e os "sinofóbicos" podem ficar tranquilos porque trata-se de um produto legítimo, “made in Japan”.
Lá, seus preços partem de 1,84 milhão de ienes (o equivalente a R$ 73.440), valor subsidiado pelo programa estatal de Energia Limpa – os preços de tabela são mais salgados e partem de 2,4 milhões de ienes (o equivalente a R$ 95.240).
Barato, o Mitsubishi eK X EV não é, principalmente se comparado a modelos chineses de classe equivalente. Já sua autonomia, de 180 quilômetros, também parece muito reduzida, até quando confrontada a do Renault Kwid E-Tech (elétrico) vendido no Brasil, que é um EV de primeira geração e sem nenhum tipo de requinte.
Neste ponto, a lógica japonesa entra em ação para explicar que, segundo pesquisas da própria Mitsubishi, 80% dos donos de ‘kei cars’ rodam, no máximo, 50 quilômetros diários, o que permitiria ao proprietário do lançamento usá-lo por dois dias, sem necessidade de recarga das baterias. Seu motor fornece 47 kW, equivalentes a 64 cv de potência, mas é o torque de 20,0 mkgf que sobressai.
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O pacote de baterias tem capacidade de 20 kWh e leva oito longas horas para ser recarregado em uma tomada de energia convencional – de 220 volts, no Japão. Com o carregador rápido, vendido à parte, a promessa é de 80% de recarga em “apenas” 40 minutos.
São números inferiores aos do Wuling Air EV, e é por isso que o eK X EV aposta em outros atributos, nominalmente no sistema MI-PILOT, para conquistar o comprador. Trata-se de um generoso pacote de segurança, que inclui controles de tração e estabilidade, sensores de pedestres e estacionamento (com detecção de vagas e função automática, opcional), além de sete bolsas infláveis.
Opcionalmente, o microEV também oferece piloto automático ativo e assistente de permanência na faixa. Antes de prosseguir, é importante frisar que não há nem a mais remota intenção de importá-lo para o Brasil, onde a Mitsubishi concentra sua participação de um segmento de mercado – de grandes picapes e SUVs – antagônico ao dos ‘kei cars’.
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Modo ‘Sport’
Por dentro, a arquitetura interna do eK X EV lembra mais a da L200 Triton Sport do que as dos chinesinhos de sua categoria, que têm uma orientação mais “gamer”. A marca promete acomodações dignas para quatro adultos, mas para usar o porta-malas é necessário rebater os encostos traseiros e deslizar os assentos – portanto, bagagem e passageiros de trás disputam o mesmo espaço.
Um detalhe interessante é o seletor que permite a escolha de três modos de condução: Normal, Eco (que reduz a oferta de força para baixar o consumo de energia) e Sport (que garante respostas mais prontas ao acelerador). O torque, como já dissemos, é um ponto forte deste “Mitsubinho”, até porque traz um valor bem próximo ao do Eclipse Cross – equipado com motor turboalimentado.
Infelizmente, o fabricante não divulgou dados de aceleração, que neste segmento é de 0 a 50 km/h, nem a velocidade máxima do lançamento, mas o eK X EV é uma espécie de gêmeo do Nissan Sakura, que é fabricado pela própria Mitsubishi na planta de Mizushima, na cidade japonesa de Kurashiki.
A Nissan divulga a máxima de 130 km/h para o Sakura que, vale frisar, dividiu o título de “Carro do Ano 2023” com o irmão, exatamente por serem, basicamente, o mesmo produto.
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Por fora, o eK X EV não é tão “micro” quanto parece. Com 3,39 metros de comprimento, ele é 80 cm maior que o Wuling Air EV, mas só 33 cm menor que o Kwid E-Tech – ou 22 cm menor que a primeira geração do Ford Ka.
Suas dimensões lembram as de um caixotinho, o que pode ser explicado pela relação entre largura, 1,48 m, e altura, 2,00 m – dentro dele, há 1,65 m livre, do assoalho ao teto.
E para quem ainda não conhecia o Mitsubishi eK (o nome é uma abreviatura de “excellent keijidōsha”), estamos falando de um ‘kei car’ tradicionalíssimo, produzido desde 2001, quando sucedeu o lendário Minica.
De lá para cá, já foram vendidas quase 800 mil unidades das suas seis gerações, quatro do modelo hatch e duas da perua Space/Wagon que, em 2016, foi pivô do escândalo da falsificação de dados de consumo. A fraude, na época, também manchou a imagem do Nissan Dayz e culminou com a aquisição, por parte da própria Nissan, do controle acionário da Mitsubishi.
Como o leitor pode ver, o pedigree japonês não é a garantia de honra de um samurai...
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
Jornalista Automotivo