NIO, a fabricante de carros chineses que venderá "óculos mágicos"
Antes que o leitor “embarque” neste texto e, mais à frente, o estranhe, é preciso adiantar que ele trata do mais recente lançamento da chinesa NIO, marca dedicada ao desenvolvimento e produção apenas de veículos elétricos (EVs).
Quem vive dentro da bolha automotiva das revistas tradicionais e dos portais brasileiros, que só fazem bajular as marcas que arrancam o couro do consumidor, certamente desconhece a NIO. Mas ela é uma das 12 maiores montadoras do mundo, em termos de capitalização de mercado, com um valor de US$ 36,8 bilhões (o equivalente a quase R$ 190 bilhões).
Aquele seu primo ou cunhado que “entende tudo de carros” nunca ouviu falar na montadora fundada em Xangai, há apenas sete anos, mas ela vale, hoje, 28% mais que a Hyundai e a Ferrari. Enquanto as ações do ‘cavalinho rampante’ caíram 7,8%, nos últimos 12 meses, os papéis da NIO valorizaram 13,5%, só nas últimas 24 horas.
Feita esta contextualização, a marca acaba de iniciar a pré-venda de uma novidade que promete revolucionar o setor automotivo: os óculos Air AR. O gadget é, na verdade, o passaporte para o PanoCinema, cockpit panorâmico e imersivo da NIO, que combina realidades aumentada (AR) e virtual (VR).
Por um preço de 2.299 yuans (o equivalente a R$ 1.690), o ocupante poderá visualizar filmes em 3D, numa enorme tela emulada de 130 polegadas, com direito a som Dolby Atmos 7.1.4. É ficção-científica, frente aos carros vendidos no Brasil.
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“O design e a inovação são os principais fatores que os clientes consideram, ao comprar um EV”, pontua o gerente geral da JD Power China, mais prestigiada consultoria do setor automotivo em nível global, Elvis Yang.
“Esta é a razão de as startups chinesas manterem sua posição de liderança em todos os aspectos, entre os modelos verdes. Não se trata apenas de um conceito e abordagem únicos na fabricação de veículos elétricos, mas também sua busca por um novo posicionamento dos seus produtos”, acrescenta Yang.
Coexistência de mundos
Os óculos Air AR foram desenvolvidos em parceria com a Nreal, startup sediada em Pequim especializada em realidade mista (MR), conceito que funde os mundos real e virtual para produzir novos ambientes em que objetos físicos e digitais coexistem.
O gadget foi apresentado no final do ano passado, juntamente com o ET5, segundo sedã totalmente elétrico da NIO. Mas seu lançamento comercial só acontece agora e, apesar de o Air AR ser compatível com os sistemas de áudio de todos os modelos feitos sobre a plataforma atual, NT 2.0, ele não é pareável aos ES6, EC6 e ES8 – que são montados sobre a base NT 1.0.
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Os óculos mágicos da NIO são interativos e operados por comandos 3DOF – três graus de liberdade dentro do espaço virtual, ‘pitch’, ‘yaw’ e ‘roll’, girando, arfando e inclinando a cabeça.
Já a biblioteca do PanoCimema com quase 500 títulos, sendo 200 filmes em 3D, é acessada pelo Air Smart Ring, um touchpad desenvolvido em parceria com a NOLO. A interface é equipamento de série no novo ET5 e pode ser instalada nos ES5 e ET5 nos concessionários – inclusive europeus – da NIO, o que leva apenas 30 minutos.
Por falar em minutos, a NIO confirmou, na Europa, que deseja compartilhar suas estações de trocas de baterias com montadoras instaladas na Alemanha e Noruega. “Instalamos mais de 860 destas estações, na China, onde já realizamos 7,6 milhões de trocas de baterias”, disse o gerente geral da subsidiária europeia da marca, Hui Zhang.
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“A substituição é feita em apenas cinco minutos, portanto, de forma muito mais rápida do que a recarga do conjunto. Apesar de os custos para construção da estação de troca ser mais de duas vezes superior ao de um ponto de recarga, ela armazena 13 baterias e quase todos os consumidores que compraram um ES8 optaram pelo aluguel das baterias, como forma de acessar este serviço”, sublinha Zhang.
Já em Pindorama, aguarda-se, ansiosamente, o lançamento do Gol Last Edition, série de despedida de um modelo jurássico que vai custar quase R$ 100 mil e ainda terá fila de compradores. Realmente, o brasileiro apresenta um quadro psiquiátrico que nenhum especialista, de Asclepíades da Bitínia a Jacques Lacan, passando por Philippe Pinel e chegando a Aaron Beck, seria capaz de tratar...
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Jornalista Automotivo