Por que Fiat Pulse e Fastback tomaram os holofotes de Argo e Cronos

SUVs são a moda e consumidores deixam de lado modelos hatches e sedans
Renan Bandeira
Por
06.12.2024 às 19:40
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SUVs são a moda e consumidores deixam de lado modelos hatches e sedans

Faz quase 10 anos que tivemos o principal “boom” dos SUVs em nosso mercado. De lá para cá, tivemos os lançamentos de Jeep Renegade, Hyundai Creta, VW T-Cross, Nissan Kicks, Chevrolet Tracker e, claro, os Fiat Pulse e Fastback. Mas o que eles têm a ver com Argo e Cronos?

No início dos 1980, as marcas instaladas aqui passaram a adotar uma nova linha de design, compactuando com aquilo que era vendido na Europa. Com isso, hatches e sedans compactos passaram a surgir no Brasil, como os VW Gol e Voyage e os Fiat Uno e Prêmio, por exemplo.

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Desde então, tivemos modelos desse tipo sendo os mais emplacados por aqui. O Gol, por exemplo, foi o mais vendido do Brasil por 27 anos seguidos. O Chevrolet Onix também registrou uma boa marca consecutiva na década passada, e ainda tivemos as aparições de Uno e Palio no pódio.

O bom volume de vendas fez as montadoras darem mais atenção para esse tipo de veículo e olhar de perto para o volume de vendas que eles são capazes de entregar. Por isso, tornou-se quase que uma regra ter hatches e sedans compactos vendidos no Brasil.

A Fiat, por exemplo, que teve Palio, Uno, Punto, Bravo, Linea, Siena e Grand Siena vendidos aqui nesse século. E eles foram substituídos por dois novos projetos, que são irmãos de plataforma, visual e motores: Argo e Cronos. Ambos foram apresentados como rivais de VW Polo, Chevrolet Onix e Hyundai HB20, como um degrau acima do que eram os modelos citados anteriormente.

O Fiat Argo sempre se deu bem nos emplacamentos. De fato, é um modelo melhor que os antecessores, com boas medidas internas e de porta-malas. Em novembro do ano passado, bateu 500 mil unidades fabricadas. E o bom volume de vendas faz o hatch figurar entre os 10 mais vendidos desde que foi apresentado.

O Cronos não teve o mesmo sucesso e patinou nas vendas até perder o motor 1.8 do Jeep Renegade para mudar seu objetivo no mercado, e atuar como um produto de entrada, oferecido com motores 1.0 e 1.3. Atualmente, tem mais de 200 mil unidades vendidas, faz sucesso na Argentina, onde é produzido, e é o segundo sedan compacto mais vendido do Brasil.

No entanto, mesmo sendo projetos melhores que os seus antepassados, o foco das montadoras mudou. Hatches e sedans hoje não têm mais os holofotes das fabricantes como há 10 ou 20 anos. Isso porque a onda dos SUVs que ganhou destaque em 2016 é quem mais atrai olhares agora.

O público pede por SUVs, que é a categoria mais vendida do mercado. E as marcas fazem o dever de casa em criar produtos para o segmento, usando até mesmo a base de hatches compactos – como aconteceu com o Ford EcoSport no início dos anos 2000, e que abriu esse segmento.

Exemplos disso são os Renault Kardian (base do Sandero europeu), VW Nivus (base do Polo) e o Fiat Pulse (base do Argo). Modelos do tipo ganharam os olhares das fabricantes e viraram o jogo contra hatches e sedans de entrada, que hoje são vistos mais como carros de trabalho, deixando os SUVs como produtos para o lazer.

E foi assim que Fiat Pulse e Fiat Fastback tomaram os holofotes de Argo e Cronos. Analisando as carrocerias, observamos que o Pulse é como um SUV do Argo, considerando as características, medidas e espaço interno. Enquanto o Fastback seria um “SUV-sedan” por causa de seu porta-malas mais avantajado, como é o Cronos.

Tanto que Cronos e Argo foram cotados para receber motorização T200, que é a usina 1.0 turbo flex de até 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque. No entanto, ambos os modelos ficaram posicionados como veículos de entrada e não receberam o propulsor, que traciona Pulse e Fastback. O mesmo acontece agora com as versões híbridas MHEV.

Levando em consideração os queridos do mercado há 20 anos, no caso da Fiat, Argo e Cronos seriam os cotados para receber tais tecnologias antes de outros produtos. Atualmente, ambos lutam para ter mais tempo de vida em nosso mercado.

E isso acontece justamente por novas demandas por tecnologia e emissões reduzidas. A adição de novos itens aos veículos e a estrutura mais reforçada faz os carros ficarem mais caros, e é mais difícil justificar valor em hatches e sedans de entrada, que em SUVs – que tem valor agregado maior.

Dito isso, as marcas acabam por preferir investir em modelos do tipo, por causa da demanda e do lucro maior por unidade, e veículos como Argo e Fastback ficam destinados ao mercado de entrada, onde brigam por preços mais baixos e abrem mão de serem mais completos.

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