Em crise, Nissan negociará fusão com a Honda para fabricar carros elétricos
Atravessando uma grave crise financeira, a Nissan negociará com a Honda uma fusão de recursos para aumentar a competitividade de ambas as marcas diante dos maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo. A informação foi divulgada nesta terça-feira (17) pelo jornal japonês Nikkei.
De acordo com a publicação, as duas montadoras devem assinar um memorando de entendimento para a formação de uma nova entidade para operar sob o comando de uma única holding. Representantes da Honda e da Nissan ainda não se manifestaram sobre o assunto.
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Recentemente, funcionários de alto escalão da Nissan confessaram ao Financial Times que a empresa teria “12 ou 14 meses para sobreviver”. Esses representantes anteciparam que a fabricante estava operando no “modo de emergência” e estava à procura de um novo investidor majoritário capaz de fornecer apoio sólido e de longo prazo.
Inicialmente, pensava-se que a Renault poderia ser esse “acionista âncora”, uma vez que a fabricante francesa é parceira da Nissan na aliança formada em 1999 com a participação da Mitsubishi. No entanto, a relação entre as marcas vem esfriando nos últimos anos, a ponto de a participação da Renault sobre a Nissan, que antes era de 46%, ter caído para 36%, segundo o Financial Times.
Com isso em vista, a Honda se mostra como uma opção plausível para manter as portas da Nissan abertas. O Financial Times ouviu fontes ligadas à Renault de que a empresa francesa estaria disposta a vender sua a participação na Nissan para outra fabricante.
No fim de julho, vale lembrar, Nissan e Honda juntaram-se à Mitsubishi com o intuito de padronizar seus softwares, produzir componentes e desenvolver inteligência artificial para os veículos das três marcas, a fim de reduzir custos de produção de modelos elétricos.
Fora do setor automotivo, duas empresas de investimentos já entraram na jogada para tentar salvar a marca: o Effissimo Capital Management, com sede em Cingapura, e a Oasis Management, de Hong Kong, as quais compraram parte da Nissan no mês de novembro, subindo as ações da fabricante em 6% na época.
Mesmo antes da reportagem do Financial Times, a situação econômica da Nissan já não era segredo. Já era sabido que a marca vinha perdendo espaço nos Estados Unidos e na China, importantes mercados para as suas receitas. Além disso, a fabricante reduziu a sua previsão anual de lucros já no primeiro semestre de 2024.
No início do mês, o CEO da Nissan, Makoto Uchida, já havia anunciado medidas para tentar reverter a situação, como demitir 9 mil funcionários, cortar sua produção em 20% e vender suas ações da Mitsubishi. Mesmo com os esforços, existe um perigo real de falência, resta saber se a Honda é o investidor que tentará salvá-la.