Avaliação: Fiat Mobi Trekking, vale pagar R$ 70.000 por um carro popular?

Versão de topo do subcompacto tem lista interessante de equipamentos, mas só com opcionais que deixam o preço final R$ 4.000 mais caro
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13.01.2022 às 19:19 • Atualizado em 12.11.2024
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Versão de topo do subcompacto tem lista interessante de equipamentos, mas só com opcionais que deixam o preço final R$ 4.000 mais caro

A pandemia do coronavírus provocou um fenômeno desanimador no mercado brasileiro. A renda média da população caiu, o desemprego aumentou, a inflação cresceu e os preços dos carros novos dispararam, com reajustes que chegaram a até 50% ao longo de 2021.

Tudo isso desidratou o segmento de modelos mais populares. Afinal, faz sentido pagar mais de R$ 60.000, ou pior, quase R$ 70.000 por um subcompacto como o Fiat Mobi Trekking? É a pergunta que tentamos responder em mais uma edição do Mobiauto Avalia. Assista logo abaixo e leia mais sobre ele em nossa avaliação escrita na sequência.

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Logo de saída, o Mobi Trekking pede quase R$ 64.000. A pintura Cinza Silvestone com teto Preto Volcano, ostentada na unidade que testamos, cobra outros R$ 1.600. E ainda há mais R$ 4.000 a serem gastos em opcionais para aumentar o nível de conforto a bordo, com itens como retrovisores elétricos e volante com ajuste de altura (sem profundidade).

Fiat Mobi Trekking – Preço: R$ 63.990. Pintura: Cinza Silvestone com teto Preto Volcano: R$ 1.600. Opcional Pack One (volante com regulagem de altura; cintos dianteiros com regulagem de altura; comando interno de abertura de porta-malas e tanque de combustível; retrovisores externos elétricos com Tilt Down; sensores traseiros de estacionamento): R$ 1.500. Opcional Pack Style (Rodas de liga leve 14"; faróis de neblina): R$ 2.500. Total: R$ 69.590

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Design, acabamento e espaço interno

Versão de topo do subcompacto tem lista interessante de equipamentos, mas só com opcionais que deixam o preço final R$ 4.000 mais caro

O Mobi é um projeto derivado da plataforma 327 do extinto Uno de segunda geração. O balanço dianteiro e toda a estrutura até a coluna B são muito parecidos, mas o subcompacto teve a traseira encurtada para atender a uma proposta mais urbana. Foi criado originalmente para brigar com o VW Up!, mas hoje tem no Renault Kwid seu principal rival.

Seu visual é praticamente o mesmo já conhecido desde 2016, ano de lançamento. De lá para cá, a Fiat só reestilizou a sua grade, na linha 2021, adotando novas divisórias por barras horizontais, novo logotipo e a bandeirinha da Itália decorando o canto inferior esquerdo. Foi também nesse ano/modelo que a versão aventureira Trekking surgiu.

Portanto, tudo que temos no Mobi em termos estéticos já não é novidade: os enormes faróis halógenos monoparábola, o balanço dianteiro bem proeminente, a traseira curtinha, a tampa do porta-malas de vidro... A versão Trekking traz adesivos exclusivos espalhados por capô, teto, laterais e traseira, além de uma suspensão elevada com 19 cm de vão livre do solo.

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Curiosamente, é a mesma calibração do extinto Uno Way, e que agora se tornou padrão em toda a gama do modelo, pois também está presente na versão Like, enquanto a antiga opção de entrada, Easy, foi retirada de catálogo.

Internamente, todo o acabamento é composto por plástico rígido nos painéis e tecido nos bancos. No Trekking, o revestimento traz costuras alaranjadas, faixas laterais em tom cinza e tecidos de assentos e encostos lombares estilizados com desenhos de ranhuras.

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O entre-eixos encurtado para menos de 2,31 m, o menor entre todos os carros zero-quilômetro produzidos no Brasil atualmente, torna o espaço para pernas limitado na traseira. A máxima vale especialmente para quem senta no meio, visto que há um porta-copos acima do já elevado túnel central. 

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Mesmo a largura é acanhada, fazendo com que os ombros de quem trafega nas posições laterais invadam o espaço intermediário. Ou seja: é um carro homologado para cinco passageiros, mas que na prática é capaz de transportar quatro pessoas com o mínimo de conforto. E se as portas laterais traseiras são curtíssimas, o ângulo de abertura de quase 45° garante um fácil acesso à segunda fileira.

Na frente, a vida de motorista e passageiro fica um pouco mais cômoda, embora o espaço também seja limitado para os ombros. O console de teto com porta-óculos e um pequeno espelho para ficar de olho nos filhos atrás pode até ser útil em vários momentos, mas ajuda a aumentar a sensação de aperto a bordo.

No porta-malas de 200 litros cabe pouco mais do que algumas mochilas ou malas pequenas, reforçando sua proposta quase estritamente urbana.

Dimensões:  comprimento, 3.566 mm; largura, 1.666 mm; altura, 1.552 mm; entre-eixos, 2.307 mm. Porta-malas: 200 litros.

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Desempenho

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O Mobi Trekking entrega o que se espera de um carro 1.0 flex aspirado feito para rodar na cidade. Seu 0 a 100 km/h é melhor que o do Kwid e o subcompacto apresenta respostas até ágeis nas arrancadas de semáforo e retomadas após conversões.

O motor é o velho Fire Evo 8V flex e com comando único de válvulas. Confiável e de manutenção barata, mostra-se também um propulsor girador, sem medo de gritar e fazer crescerem as rotações quando se precisa subir uma ladeira. Por um lado, isso ajuda a ter boas respostas. Por outro, compromete um pouco o consumo e o conforto acústico.

O câmbio manual de cinco marchas é outro veterano da Fiat. Tem engates longos, molinhos e pouco justos, características das quais eu particularmente não gosto. Sua relação é bem curta, mesmo nas marchas mais altas, o que ajuda a proporcionar arrancadas mais céleres, mas te faz cambiar quase o tempo todo.

Versão de topo do subcompacto tem lista interessante de equipamentos, mas só com opcionais que deixam o preço final R$ 4.000 mais caro

A menos de 50 km/h, o Mobi Trekking já está clamando pela quinta marcha. Outra consequência é que numa rodovia, entre 110 e 120 km/h, o motor está sempre berrando acima de 4.000 rpm. Mais uma vez, estamos diante de um veículo feito para o anda-e-para das urbes.

Motor: 1.0, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8V, aspirado, flex, comando único de válvulas, injeção eletrônica multiponto, taxa de compressão 13:1
Potência: 73/75 cv (G/E) a 6.250 rpm
Torque: 9,5/9,9 kgfm (G/E) a 4.850 rpm
Peso/potência: 13,2/12,9 kg/cv (G/E)
Peso/torque: 101,8/97,7 kg/kgfm (G/E
Câmbio: manual, 5 marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 14,4/13,8 segundos (G/E)
Velocidade máxima: 154 km/h

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Consumo

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O consumo do Fiat Mobi é bom para um popular urbano, mas não chega a ser espetacular. Nem nos números oficiais do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, nem naqueles obtidos pela Mobiauto durante uma semana de testes:

Consumo Inmetro: 8,9 km/l (E) e 13 km/l (G) na cidade / 10,1 km/l (E) e 14,1 km/l (G) na estrada.
Consumo Mobiauto: 9,5 km/l em ciclo misto (70% cidade, 30% estrada) com etanol.

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Dirigibilidade e conforto

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O grande trunfo do Mobi Trekking está em seu conjunto de suspensões. Derivadas do Novo Uno, elas entregam um nível de robustez que o Kwid não chega perto de oferecer. Claro que, por ser um projeto de baixo custo, ele transferirá o impacto de ondulações e buracos para a cabine, mas o faz de modo surpreendentemente competente, sem barulhos nem pancadas secas, e sem acusar batente ou fim de curso.

O conforto só não melhora porque a direção hidráulica dá rebote em vias mais esburacadas, além de os bancos serem finos e duros demais. A posição do banco do motorista não é muito síncrona em relação aos pedais e o volante só conta com ajuste de altura, que ainda é opcional.

As travas são todas elétricas e os vidros, elétricos apenas na dianteira, mas com funções um-toque e antiesmagamento (por essa talvez você não esperasse). Já os traseiros ainda dependem da boa e velha manivela. Pelo menos as caixas de rodas traseiras são afastadas e permitem que se os abra totalmente. Já os retrovisores só são elétricos e com tilt down à direita opcionalmente.

Dados técnicos: direção hidráulica; suspensão independente McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira); peso em ordem de marcha, 967 kg; carga útil, 400 kg; diâmetro de giro, 9,9 m; vão livre do solo, 190 mm; ângulo de ataque, 24°; ângulo central não divulgado; ângulo de saída não divulgado. Tanque de combustível: 47 litros.

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Segurança e tecnologia

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Como todo carro de entrada, o Mobi Trekking traz um número acanhado de itens de série. Boa parte dessas limitações já explicamos acima. Com todos os opcionais instalados, o subcompacto fica munido do chamado “kit dignidade” quase completo, faltando apenas os vidros traseiros elétricos.

Fora o que é obrigatório por lei, quase não existem equipamentos extras de segurança. A boa notícia é que o ar-condicionado e a central multimídia UConnect de 7” vêm de série na versão. Esta última surpreende ao ter as mesmas especificações da Fiat Strada, incluindo Android Auto e Apple CarPlay sem fio. 

Duro é achar onde deixar o celular caso precise usar a tomada USB, visto que um smartphone mais moderno não cabe em nenhum dos porta-copos ou porta-objetos do console central. Mas isso é até preciosismo. Não dá para negar que um carro popular do presente trata os usuários bem melhor do que os modelos “pés-de-boi” do passado.

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Fiat Mobi Trekking 2022 – Itens de série

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Além dos obrigatórios airbags frontais, freios dianteiros com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem), cintos de segurança de três pontos em todas as posições, encostos de cabeça em todas as posições e ganchos Isofix para cadeirinhas infantis, o Mobi Trekking vem de série com:

Visual: Faróis com máscara negra; barras longitudinais no teto; molduras plásticas nas caixas de roda; rodas de aço aro 14 com calotas escurecidas; para-choques e maçanetas externas na cor do veículo; retrovisores externos com capas pretas e luzes de seta integradas; tampa traseira do porta-malas em vidro estrutural.

Segurança: Sinalização de frenagem de emergência.

Tecnologia: Quadro de instrumentos analógico com computador de bordo digital de 3,5”; central Multimídia UConnect de 7" com Android Auto e Apple Car Play sem fio; volante multifuncional; pneus com baixa resistência à rolagem.

Conforto e acabamento: Chave canivete; travas elétricas nas quatro portas; vidros elétricos dianteiros com função um-toque e antiesmagamento; direção hidráulica; retrovisores externos manuais; ar-condicionado; console de teto; luzes de seta com acionamento rápido; bancos revestidos em tecido; bancos dianteiros com revisteiro nos encostos; banco do motorista com regulagem de altura; banco traseiro rebatível; espelho nos para-sóis e luzes de leitura para motorista e passageiro dianteiro; limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro.

Opcional Pack One (R$ 1.500): Volante com regulagem de altura; cintos dianteiros com regulagem de altura; comando interno de abertura de porta-malas e tanque de combustível; retrovisores externos elétricos com Tilt Down; sensores traseiros de estacionamento. 

Opcional Pack Style (R$ 2.500): Rodas de liga leve 14"; faróis de neblina.

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Vale a pena comprar um Mobi Trekking?

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Se você faz questão de comprar um carro zero-quilômetro para rodar com agilidade e relativa economia na cidade, que seja até robusto e traga o mínimo de equipamentos de conforto, e não tem uma família grande nem liga muito para espaço interno, sim, o Mobi Trekking pode valer a pena.

Mesmo chegando a quase R$ 70.000 com todos os opcionais, virá com o mínimo daquilo que um carro dos anos 2020 precisa ter e sem custar os quase R$ 100.000 que até um Volkswagen Gol está cobrando atualmente.

Mas é claro que no mercado de usados é possível encontrar opções maiores, mais confortáveis e espaçosas nessa mesma faixa de preços. O Mobi Trekking tem muitas limitações, fato, mas prova que os carros populares do presente ainda têm os seus trunfos.

Imagens: Leonardo Felix/Mobiauto e Divulgação

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