Avaliação: VW Polo Highline 2023 calibrou motor muito bem. Já o câmbio...

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio
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27.12.2022 às 17:34 • Atualizado em 29.05.2024
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Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

A Volkswagen surpreendeu o mercado ao reposicionar o Polo na linha 2023. Não apenas o hatch ganhou uma reestilização dianteira e o trem de força do extinto Up!, mais fraco e econômico, e com direito a câmbio manual, como também teve a lista de equipamentos revista, perdendo itens de série para ficar mais simples e barato.

O objetivo é ter mais competitividade no segmento liderado por Chevrolet Onix e Hyundai HB20. A Mobiauto já contou em detalhes todas as mudanças na gama, e até avaliou a versão de entrada do modelo, MPi, equipada com motor 1.0 aspirado de 84 cv.

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

Faltava experimentar apenas a configuração Highline com motor 1.0 TSi recalibrado e câmbio automático de seis marchas da Aisin. Foi o que fizemos após passar uma semana com esta opção. Veja em detalhes como ela anda:

Volkswagen Polo Highline 2023 – Preço: R$ 109.990. Pintura Vermelho Sunset: R$ 1.650. Total: R$ 111.640

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Motor recalibrado à prova

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

Uma das grandes dúvidas quanto ao novo Polo era se o hatch seguiria dando conta do recado com um motor que perdeu 7 cv de potência com gasolina e 12 cv com etanol, e que abdicou de 3,6 kgfm de torque com qualquer combustível. E olha que a versão Highline ficou só 1 kg mais leve.

Nos números, o 0 a 100 km/h subiu em quase 1 segundo, de 9,6 para 10,5 s. Porém, quando observamos que a do Chevrolet Onix turbo ocorre em 10,1 s e a do Hyundai HB20 TGDi, em 10,7 s, vemos que o Polo 2023 segue com uma aceleração na média do segmento.

Na prática, temos um desempenho sem a pujança de outrora, verdade, mas agradável. O bom torque a baixas rotações se faz presente em menor medida, mas ainda está lá, o que facilita muito as arrancadas e retomadas na cidade.

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

O consumo ficou um pouco aquém dos dados do Inmetro, mas pegamos trânsito bem intenso em boa parte do período de uso do Polo 2023 Highline em nossa avaliação. Já a dinâmica de condução é a mesma que já conhecíamos do hatch, com todas as vantagens da plataforma MQB A0: carroceria rígida, porém com suspensão ainda mais bem acertada.

Apenas o pedal dos freios me pareceu um tanto borrachudo, demandando certa veemência a cada pisada para que o carro parasse. Parece pouco provável que seja efeito da troca dos discos traseiros por tambores, visto que boa parte da carga da frenagem recai sobre os discos ventilados dianteiros. 

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

Motor: 1.0, dianteiro, transversal, três cilindros 12V, turbo, flex, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas no cabeçote com variação na admissão e escape, acionado por correia dentada
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 116/109 cv (E/G) a 5.500 rpm
Torque: 16,8/16,8 kgfm (E/G) a 1.750 rpm
Peso/potência: 9,9 kg/cv
Peso/torque: 68,2 kg/kgfm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 10,5 segundos
Velocidade máxima: 192 km/h

Consumo Inmetro
Cidade: 8,4 km/l com etanol e 12,1 km/l com gasolina
Estrada: 10,5 km/l com etanol e 14,9 km/l com gasolina.

Consumo Mobiauto: 9,85 km/l com gasolina na cidade

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A questão do câmbio

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

Se o possível dissabor com o motor menos potente se converteu em agradável surpresa no Polo Highline 2023, a grande decepção veio com o câmbio. E não estamos falando nem dos tranquinhos que a caixa fornecida pela Aisin já proporcionava no antigo Polo 200 TSI.

Na unidade que testamos, a caixa apresentou um comportamento estranho. Além dos trancos acima do normal nas reduções, que chegavam a virar pequenos solavancos na descida de segunda para primeira marcha, o carro demonstrava vontade brusca de sair da imobilidade antes mesmo que você terminasse de tirar o pé do freio para buscar o acelerador.

Seria um reflexo da troca da caixa AQ200, que suporta maior torque, pela AQ160, mais simples? Lembrando que este é o primeiro casamento da especificação AQ160 da Aisin com o motor 1.0 TSi da Volkswagen.

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

O extinto Polo 1.6 MSI automático usava a mesma caixa, mas possuía um pouco menos de torque, 16,5 kgfm com etanom e 15,8 kgfm com gasolina, e com um pico que surgia apenas a 4.000 rpm, ante os 1.750 rpm do motor 1.0 TSi usado atualmente.

Estaria o câmbio subdimensionado para as demandas do novo motor? Ou seria uma característica apresentada de forma isolada na unidade que avaliamos? Esta resposta só a VW e o tempo poderão dizer...

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VW Polo Highline TSi 2023 – 10 outros pontos de destaque

1) Novo velho visual e pintura Vermelho Sunset

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A reestilização do Polo 2023 foi sutil: nova grade, faróis, para-choques, rodas, lanternas traseiras com lente escurecida e novos arranjos internos, e inscrição Polo na tampa do porta-malas. É menos, inclusive, do que a marca fez no Polo europeu, que adotou lanternas bipartidas.

O resultado, apesar disso, é de bom gosto, inclusive com um conjunto óptico dianteiro menos retilíneo, quebrando o padrão sisudo tão típico dos VW atuais. A pintura Vermelho Sunset, herdada do Nivus, caiu bem como cor de lançamento do modelo.

2) Novo ajuste de suspensão

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A VW aproveitou a atualização de meia vida do Polo G6 nacional para mexer na calibragem dos amortecedores. Isso, mais as rodas aro 16 com pneus de perfil relativamente generoso, deixou o hatch mais confortável em uso urbano.

3) Ar digital Climatronic Touch

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O Polo já havia na linha 2022 adotado uma nova interface de ar-condicionado digital, chamada Climatronic Touch. Nela, em vez de apertar botões ou girar seletores, basta deslizar o dedo à direita ou à esquerda a fim de mexer na temperatura ou na intensidade de difusão do ar.

Com o carro parado, a solução se mostra muito prática. Em movimento, fica mais difícil se acostumar e não errar o local correto de posicionar o dedo, além de dosar corretamente o quanto deslizar para não jogar tudo para o mínimo ou o máximo.

4) Central multimídia VW Play

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A controversa central multimídia VW Play está presente no Polo 2023. Por um lado, muito fácil de mexer e intuitiva, e agora com o incremento de permitir a projeção sem fio via Android Auto e Apple CarPlay, com direito a carregador de celular por indução.

Em nosso teste, desta vez deu tudo certo, mas seguem comuns os relatos de travamento e superaquecimento do sistema. É bom ficar esperto e evitar, por exemplo, deixar o carro muitas horas estacionado sob a incidência do sol. 

5) Bancos dianteiros inteiriços

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

Um dos maiores trunfos do VW Polo eram seus bancos dianteiros, com ótimas abas laterais e excelente ergonomia. Aliás, os bancos são um dos itens mais caros dentro do projeto de um automóvel. 

Talvez tenha sido por isso mesmo que a VW tenha trocado os bancos dianteiros do Polo 2023 por outros mais simples, e com encosto de cabeça integrado. Um regresso, certamente, embora os bancos novos tenham bom nível de conforto.

6) USB só do tipo C

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Assim como no Taos, o Polo 2023 não oferece mais tomadas USB do tipo A, só a de tipo C, que vêm se popularizando em smartphones mais modernos. Má notícia para quem tem cabos mais antigos agora, mas certamente será um trunfo do carro daqui a alguns anos, na hora da revenda. 

7) Faróis full-LED

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Além de elegantes, os novos faróis do VW Polo 2023 são funcionais e bem resolvidos, com iluminação integral de LED, incluindo luzes diurnas integradas, acendimento automático e ajuste manual de altura do facho.

8) Cadê os sistemas semiautônomos?

Por outro lado, o Polo 2023 continua sem oferecer nenhum tipo de assistente ativo de segurança, algo que os rivais Onix e HB20 já oferecem. Ok, a ideia era deixá-lo mais acessível, mas por que não disponibilizar as funções pelo menos na versão de topo, que já é a mais cara mesmo?

9) Porta-malas sem botão de abertura

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Uma característica que já irritava no Polo antigo é o porta-malas sem um botão para abertura elétrica na própria tampa. Quer abri-la? Só pelo console central do carro ou pela chave. O volume do bagageiro, pelo menos, continua bom para a realidade do segmento: 300 litros.

10) Start-stop

No combo do câmbio, o start-top do novo Polo Highline também nos incomodou. O processo de desligar e religar o carro é um bocado barulhento, com tranquinhos e, após religar, se o pé não estiver muito firme nos freios, o veículo já vai querer sair andando como se a relação da primeira marcha estivesse curta demais.

Leia também: Avaliação: por que VW Taos não faz o sucesso de Compass e Corolla Cross?

VW Polo Highline TSI 2023 – Itens de série

Versão de topo do hatch perdeu potência e equipamentos, mas queda de desempenho na prática é muito menos perceptível do que as estranhezas do câmbio

  • Faróis full-LED com iluminação diurna integrada em      LED  
  • Quatro airbags (frontais e laterais)
  • Frenagem automática pós-colisão
  • Controle de perda de pressão dos pneus
  • Ar-condicionado manual 
  • Bloqueio eletrônico do diferencia 
  • Assistente de partida em rampas 
  • Controle eletrônico de tração e estabilidade
  • Assistente de partida em rampas
  • Controle de pressão dos pneus 
  • Retrovisores e maçanetas na cor do veículo  
  • Vidros elétricos com função “um-toque” nos      dianteiros
  • Volante multifuncional revestido em couro com      regulagem de altura e profundidade
  • Rodas de liga leve de 16”
  • Quadro de instrumentos digital de 10,25”
  • Retrovisores com ajuste elétrico e função tilt-down      
  • Sensores de estacionamento traseiros e dianteiros
  • Chave com sensor presencial
  • Partida do motor por botão
  • Sistema Start/Stop
  • Controle de cruzeiro (Piloto automático)
  • Ar-condicionado digital
  • Câmera de ré
  • Bancos revestidos em couro
  • Bancos dianteiros com ajuste de altura
  • Carregamento de celular por indução
  • Tomadas USB tipo C
  • Sensores de estacionamento dianteiro
  • Sensor de chuva
  • Sensor crepuscular
  • Central Multimídia VW Play de 10 polegadas com seis      alto-falantes

Dimensões: comprimento, 4.057 mm; entre-eixos, 2.565 mm; largura, 1.751 mm; altura, 1.468 mm; peso em ordem de marcha, 1.146 kg; porta-malas, 300 litros; tanque de combustível, 52 litros.

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 10,6 m; vão livre do solo, 149 mm; ângulo de ataque, não divulgado; ângulo central, não divulgado; ângulo de saída, não divulgado; coeficiente aerodinâmico, 0,344 Cx; carga útil, 424 kg.

VW Polo Highline 2023 vale a pena?

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Pelo desempenho aliado ao bom consumo de combustível, sim. Até porque, para quem procura a confiabilidade mecânica típica dos VW, vai encontrá-la no VW Polo 2023. Quanto ao câmbio, conte nos comentários se há mais relatos de comportamento similar ou se rolou só com a gente!

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