Avaliação: VW T-Cross 2022 atualiza itens para não ficar para trás
O ciclo de vida de um automóvel em tempos modernos não costuma ter muitas surpresas – claro, quando falamos de um projeto global. Aqueles voltados a mercados emergentes podem ser esticados até o limite da elasticidade da corda.
Quando um novo modelo é lançado, já possui um ciclo de geração pré-estabelecido, que pode variar entre seis e oito anos, no caso de um carro de passeio. Nesse meio tempo, haverá uma atualização visual com inclusão de novos equipamentos.
Só que a Volkswagen resolveu seguir um caminho diferente com o T-Cross. Com vendas iniciadas no Brasil em 2019, o SUV passará por seu primeiro facelift só em meados do ano que vem.
No entanto, a fabricante não quis esperar até lá para aplicar nele algumas novidades tecnológicas, até porque o T-Cross tem sido sua galinha dos ovos de ouro em tempos de crise no fornecimento de peças. E o segmento de SUVs compactos, como bem sabemos, tornou-se o mais concorrido em nosso mercado. Estar desatualizado é pedir para ficar para trás.
Mas, afinal, o que o T-Cross tem de novo na linha 2022? A Mobiauto avaliou a versão intermediária Comfortline 200 TSI e traz a resposta. Já respire fundo, porque, apesar de não ser a opção mais cara da gama, ela chega a R$ 160.000 com pintura metálica e todos os opcionais, que estavam presentes em peso na unidade avaliada ao longo de uma semana.
VW T-Cross Comfortline 200 TSI 2022 – Preço: R$ 149.670. Pintura Azul Norway: R$ 1.410. Bancos revestidos em couro: R$ 2.470. Pacote SkyView (retrovisor interno eletrocrômico, sensores crepuscular e de chuva, teto solar panorâmico). Total: R$ 160.520.
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VW T-Cross 2022 - As novidades visuais e tecnológicas
Como dissemos, as novidades do T-Cross 2022 ficaram todas reservadas à parte tecnológica. Visualmente, a única diferença da linha para as anteriores foi o acréscimo da pintura Vermelho Sunset, herdada do irmão Nivus, no lugar da extinta Vermelho Crimson.
Ainda não foi desta vez que a Volkswagen caprichou mais no acabamento do SUV, que segue predominado por plástico rígido – algo incômodo em um veículo que, lembremos, custará entre R$ 150.000 e R$ 160.000 nesta versão, que não é a mais cara.
Por outro lado, o T-Cross 2022 incorporou elementos mais modernos, vindos também do Nivus ou até de seu mais recente irmão maior, o Taos. O volante e a central multimídia VW Play, por exemplo, são presentes do primeiro, assim como o pacote de segurança ativa dotado de ACC (controle de cruzeiro adaptativo) e AEB (frenagem autônoma emergencial).
Já o carregador de celular por indução e o quadro de instrumentos digital de 8”, presente nas duas versões mais básicas, Sense 200 e 200 TSI, são cortesia do segundo. A opção Comfortline, que testamos, já dispõe de série do cluster Active Info Display, de 10,25”.
Com as atualizações, a multimídia do T-Cross finalmente passa a oferecer projeção de celulares via Android Auto ou Apple CarPlay sem fio, desde que a unidade tenha sido fabricada neste ano. Exemplares produzidos em 2021 precisam de atualização no software.
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Por outro lado, o sistema VW Play ainda preserva comportamentos estranhos de outrora. Durante a jornada do T-Cross Comfortline conosco, o sistema superaqueceu algumas vezes e apresentou pequenos travamentos, o que demonstra que ainda precisa ser aperfeiçoado.
Entre os novos comandos presentes, o que mais gostamos foi o do ar-condicionado Climatronic Touch. Além de automático e digital, ele conta com comandos sensíveis ao toque e ao deslizamento, ou seja, basta arrastar o dado para a esquerda ou para a direita a fim de variar a temperatura ou a intensidade da ventilação do ar. Muito prático!
O volante renovado e o carregador de smartphones sem fio também ajudam a deixar o T-Cross mais moderno. Os auxílios semiautônomos de condução se mostraram igualmente bem-vindos, especialmente o ACC, que permite trafegar em trânsito pesado sem tanto estresse.
No entanto, o controle de cruzeiro adaptativo não é do tipo Stop&Go, como o do Taos, portanto não faz o veículo reacelerar sozinho a partir da imobilidade. Abaixo de 23 km/h o condutor recebe um aviso de que terá de acionar o pedal do acelerador para retomar velocidade.
Já havíamos testado o funcionamento desse sistema, que opera a partir de um radar presente no logotipo da marca na grade, no próprio Nivus. Relembre no vídeo logo abaixo como foi a experiência.
Também sentimos falta de um assistente de permanência em faixa e de um alerta de ponto cego, mas há câmera de ré e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, muito úteis nas manobras. Bancos integralmente em couro sintético, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva e teto solar são opcionais.
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VW T-Cross Comfortline 200 TSI 2022 – Itens de série
Visual: grade dianteira em preto brilhante com detalhes cromados; para-choque traseiro com apliques cromados; faróis halógenos com regulagem de altura do facho e máscaras negras; luzes de condução diurna em LED; faróis de neblina; maçanetas das portas e espelhos retrovisores na cor do veículo; retrovisores com luzes de seta integradas; lanternas traseiras em LED; logotipo "TSI"; colunas laterais na cor preta; barras longitudinais de teto pretas.
Segurança: alarme; controle de cruzeiro adaptativo (ACC); frenagem automática de emergência; controle eletrônico de estabilidade (ESC); controle de tração (ASR); bloqueio eletrônico do diferencial (EDS); seis airbags (frontais, laterais e de cortina); alerta sonoro e visual de não utilização dos cintos de segurança dianteiros; assistente para partida em rampas; cintos dianteiros com regulagem de altura e pré-tensionador; indicador de pressão dos pneus; frenagem automática pós-colisão; detector de fadiga do motorista.
Tecnologia: start/stop; quadro de instrumentos digital de 10,25” (Active Info Display); som com quatro alto-falantes dianteiros e dois traseiros; câmera de ré; carregador de celular sem fio; tomada USB no console central; duas saídas de ar e duas tomadas USB para o banco traseiro; sensor crepuscular; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; central multimídia VW Play touchscreen de 10,1 com central de aplicativos, internet roteada de celular e projeção via Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Conforto e acabamento: chave com sensor presencial; partida do motor por botão; vidros elétricos dianteiros (um-toque) e traseiros; retrovisores externos elétricos com função tilt down do lado direito; volante multifuncional em couro com regulagem de altura e profundidade; manopla de câmbio revestida em couro; ar-condicionado automático digital Climatronic Touch; bancos revestidos em tecido; banco do motorista com ajuste manual de altura e lombar; banco traseiro com encosto rebatível bipartido e duas angulações de encosto lombar; descansa-braço central com porta-objetos; luz ambiente em LED; luzes para os pés e porta-malas; luzes de leitura dianteira e traseira.
Opcional 1 (R$ 2.470): bancos revestidos em couro e couro sintético.
Opcional 2 – Pacote Sky View II (R$ 6.700): duas luzes de leitura dianteiras; retrovisor interno eletrocrômico; sensores de chuva; teto solar panorâmico.
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Desempenho, dirigibilidade, conforto, acabamento e espaço interno: o mesmo T-Cross de sempre
Demais detalhes do T-Cross, como espaço interno, padrão de acabamento, altura para transpor obstáculos e dinâmica proporcionada pelas suspensões, já haviam sido analisados neste outro artigo. Nada mudou de lá para cá.
A diferença é que, desta vez, experimentamos uma unidade com motor 200 TSI, o mesmo 1.0 três-cilindros 12V turboflex usado por Polo, Virtus e Nivus. Com ele, o vigor das acelerações e retomadas diminui, mas não a ponto de deixar o SUV manco. Pelo contrário: seu desempenho ainda é relativamente esperto, com um 0 a 100 km/h pouco acima de 10 segundos.
Para uso na cidade, é mais do que suficiente. E se o condutor souber dosar o pedal do acelerador, poderá ter um consumo de combustível na casa de 12 km/l em ambiente urbano com gasolina. Nada mau em tempos de gasolina a mais de R$ 8,00 o litro.
Ponto negativo para os tranquinhos proporcionados pelo câmbio automático de seis marchas da Aisin nas reduções para marchas mais baixas, especialmente a primeira, ou aqueles do sistema start-stop toda vez que desliga ou religa o motor.
Motor: 1.0, dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12V, turbo, flex, duplo comando de válvulas no cabeçote com variação na admissão e escape, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 116/128 cv (G/E) a 5.500 rpm
Torque: 20,4/20,4 kgfm (G/E) a 2.000 rpm
Peso/potência: 10,8/9,8 kg/cv (G/E)
Peso/torque: 61,4/61,4 kg/kgfm (G/E)
Câmbio: automático, seis marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 10,4 segundos
Velocidade máxima: 184 km/h
Dimensões: comprimento, 4.199 mm; entre-eixos, 2.651 mm; largura, 1.760 mm; altura, 1.568 mm; porta-malas, 373 litros; tanque de combustível, 52 litros; peso em ordem de marcha: 1.246 kg; carga útil, 464 kg.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); pneus 205/55 R17; diâmetro de giro: 10,9 m; vão livre do solo: 191 mm; ângulo de ataque, 20,7°: 22º, ângulo central: não divulgado, ângulo de saída: 30,2°; coeficiente aerodinâmico, 0,36.
Consumo Inmetro: 7,8 km/l (E) ou 11,1 km/l (G) na cidade. 9,4 km/l (E) ou 13,3 km/l (G) na estrada.
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Vale a pena comprar o VW T-Cross 2022?
Os novos itens de série ajudaram o T-Cross a se manter pareado tecnologicamente com o que a concorrência oferece. Ainda falta um ou outro equipamento, como o assistente de faixa, que ficou guardado para sua reestilização de meia vida.
De qualquer forma, o T-Cross é um SUV agradável, com boa dose de conforto, a melhor posição de dirigir do segmento, dinâmica exemplar, excelente espaço interno, porta-malas razoável, desempenho decente na configuração 200 TSI e um visual que segue atualizado, apesar dos anos de mercado.
O modelo preserva alguns vacilos, que não comprometem o conjunto da obra, e tem um preço relativamente salgado. Mas, lembremos, a fabricante oferece as três primeiras revisões gratuitas (dentro do pacote básico, sem contar serviços extras), o que ajuda a constituir um custo de manutenção baixo.
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Jornalista Automotivo