Cinco razões para pensar bem antes de comprar uma picape
Antes de qualquer coisa, uma ressalva: este artigo não visa a desencorajar a compra de uma picape. Elas podem ser ótimas companheiras de viagem, traslados para chácaras ou sítios, ou mesmo facilitar o dia a dia de trabalho.
Porém, quem compra uma caminhonete como substituta de um carro de passeio precisa estar ciente de cinco detalhes que podem transformar em pesadelo o sonho de adquirir uma dessas novas queridinhas do mercado.
Afinal, picape não é automóvel (ainda), por mais que as fabricantes se esforcem para aproximar a experiência de condução entre elas.
Depois de ficar sabendo sobre essas características, ainda acha que será melhor negócio do que comprar um SUV, sedan ou hatch? Então, seja feliz! Até porque o nível de robustez e valentia desses utilitários com caçamba costuma ser incomparável.
1) Caçamba não é porta-malas
Parece óbvio, mas não é. E o principal ponto de atenção é que uma caçamba não é impermeável como um porta-malas, mesmo com capota marítima. Quantos relatos você não deve ter escutado de gente que teve sua bagagem molhada ao pegar a estrada sob chuva com uma picape?
Além disso, uma capota de lona pode ser facilmente rasgada para roubar suas malas durante uma parada em um posto de serviço. Por isso, para quem viaja muito em família, transportando malas, talvez uma picape não seja a melhor opção.
Ou, então, será preciso proteger bem as bagagens, usando bolsas impermeáveis específicas para esse tipo de situação presa dentro da caçamba.
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2) Consumo de combustível
Lembra quando te contamos que um dos motivos para pensar bem antes de comprar um SUV é que eles são mais pesados e menos aerodinâmicos do que hatches e sedans, e que por isso entregam desempenho inferior e consumo de combustível mais alto usando um mesmo motor e câmbio?
Tal característica é ainda mais pronunciada em uma picape, especialmente as compactas-médias e médias. Além de largas e altas como um SUV, elas são mais compridas, pesadas e, por terem uma carroceria com um degrau entre a cabine e a caçamba, possuem um coeficiente aerodinâmico ainda pior.
Ou seja, agilidade nem sempre será o forte delas, muito menos eficiência em consumo de combustível. E aí o jeito será tentar usar o estilo de condução para obter números mais empolgantes no computador de bordo.
3) Conforto e espaço limitados
Picapes costumam ter um custo-benefício muito interessante em relação a SUVs, mas cobram um preço por isso. O acabamento costuma ser inferior, mais rústico. E se ela for cabine dupla, provavelmente o espaço na fileira traseira será menor.
Ademais, por conta (de novo) do tipo de carroceria, o banco traseiro quase sempre terá um encosto lombar mais fino, duro e posicionado em um ângulo mais ereto, o que compromete o conforto em viagens mais longas.
E se você tem família grande, com crianças e idosos, saiba que o acesso à fileira traseira costuma ser pior que o de um SUV, por conta das portas laterais geralmente mais finas e da maior altura livre do solo, que dificultam a entrada e a inserção de cadeirinhas infantis.
Por fim, tanto picapes médias, como Toyota Hilux e Chevrolet S10, como a compacta Fiat Strada possuem suspensão traseira por eixo rígido com molas semi elípticas, que ajudam a aumentar a robustez, mas comprometem sobremodo o conforto a bordo.
Leia também: 8 picapes e utilitários que serão lançados em 2023 com preço estimado
4) Manobras de estacionamento
Picapes são mais compridas que qualquer outro modelo de uma mesma família. Basta comparar a Fiat Strada com um Palio, Siena ou Weekend, ou uma Renault Oroch com um Duster. Dito isso, manobrar uma caminhonete sempre será um pouco mais complicado.
Ter uma câmera de ré e/ou sensores traseiros de estacionamento será de grande ajuda para manobrar, mas ainda assim você terá mais dificuldades não só para encontrar uma vaga na qual sua bruta caiba, como também para estacioná-la lá de fato. Esteja preparado para isso.
5) Dinâmica peculiar
Por ser como é, uma picape possui distribuição de peso muito diferente de outros veículos leves. Ela é quase toda voltada ao eixo dianteiro, para que fique mais equilibrada na medida em que se aplica carga na caçamba.
Ou seja, ao rodar com uma caminhonete de caçamba vazia, é preciso saber que sua traseira tenderá duas tendências: quicar mais longitudinalmente ao passar por imperfeições; provocar sobre-esterço em curvas mais fechadas, se contornadas rápido demais. Toda atenção é necessária nessas horas.
Há, ainda, um terceiro detalhe: o manual de muitas picapes sugere que se aumente a pressão dos pneus para carregar carga. Depois, é preciso voltar a calibragem a um nível convencional, a fim de evitar eventuais problemas de aderência em manobras ou frenagens de emergência.
É por esses motivos, inclusive, que marcas como a Toyota tiveram enorme dificuldade de ajustar itens como o controle eletrônico de estabilidade de acordo com o comportamento peculiar desse tipo de veículo.
Jornalista Automotivo