Pneu: quanto tempo dura e qual a hora certa para trocar

Colocar um jogo novo de pneus em um carro popular, atualmente, pode custar aos bolsos do condutor até R$ 2 mil
JC
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25.07.2023 às 20:57 • Atualizado em 12.11.2024
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Colocar um jogo novo de pneus em um carro popular, atualmente, pode custar aos bolsos do condutor até R$ 2 mil

Por Juliano Passaro

Um dos principais itens de segurança de um automóvel é o pneu. Por isso, rodar com pneus muito gastos ou carecas pode ser extremamente perigoso. A dúvida que permeia a cabeça dos condutores (principalmente os de primeira viagem), entretanto, é: qual a hora certa para trocar o pneu do carro?

De acordo com Flavio Santana, gerente de produto da Michelin América do Sul, a durabilidade dos pneus varia conforme o tipo de condução de cada motorista e é “impossível determinar quantos quilômetros um pneu pode rodar”. Existem, entretanto, algumas formas de saber quando é a hora para realizar essa troca.

“O período ideal para a troca dos pneus é quando o desgaste da banda de rodagem atinge os indicadores de desgaste presentes no fundo dos sulcos. Esses indicadores são ressaltos que ficam no fundo do sulco em várias partes do pneu, justamente para indicar quando ele precisa ser substituído. Se o pneu atingir um desses indicadores, ainda que tenha atingido somente um deles em função de um desgaste irregular, deve ser substituído independentemente da quilometragem rodada”, destacou Santana.

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Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o ideal é realizar a troca dos pneus antes dos sulcos ficarem abaixo de 1,6 milímetro de profundidade. Quando não é extremamente visível que o pneu está careca (já sem os “desenhos” e profundidade dos sulcos), existem formas comuns de avaliar se é necessário a troca:

  • Uma delas (talvez a mais conhecida) é a da teoria da moeda de R$ 1, que consiste em colocar o objeto entre os sulcos do pneu e observar se a parte dourada sumiu ou ainda pode ser notada. Se a parte dourada sumir, significa que o pneu ainda pode rodar. Do contrário, pode ser a hora de realizar a troca do pneu.
  • Outro modo de verificar a hora certa para trocar o pneu, de maneira mais técnica e assertiva, é, segundo o especialista da Michelin, realizando um exame visual da banda de rodagem do pneu.

“Pare o veículo em um local com boa iluminação, gire completamente a direção do carro para qualquer dos lados e verifique o estado dos pneus em todos os sulcos, desde a parte interna até a parte externa. Nos pneus traseiros, fique o mais baixo possível e busque alcançar a vista até o ombro interno do pneu. Caso não consiga uma boa visualização, utilize o dedo, percorrendo o sulco interno até encontrar um ressalto no fundo da escultura. Se o desgaste do pneu estiver no mesmo nível que esse indicador de desgaste (o ressalto no fundo do sulco), é o momento de substituir os pneus”, explicou Santana.

Pneus gastos prejudicam outras peças do carro?

Para além do fator “segurança”, os pneus, em mau estado, no longo prazo, também afetarão o bolso do motorista de outras formas, já que podem prejudicar diversos componentes do automóvel.

De acordo com o especialista da Michelin, em função das diferentes solicitações, no dia a dia, em cada pneu - como, por exemplo, mais curvas para um lado que para o outro, pneu montado em um eixo de tração e direção e outro em um eixo livre e distribuição de peso desigual no carro - dificilmente os quatro pneus estarão nas mesmas condições, na hora da troca, mesmo estando todos muito gastos.

Além disso, os desgastes, dificilmente, serão uniformes e regulares. De acordo com Santana, a Michelin realizou estudos em que analisaram mais de 15 mil pneus de automóveis sucateados no Brasil, e comprovaram que 40% dos pneus apresentam desgastes irregulares.

Esses desgastes, segundo Santana, podem provocar vibrações que não são corrigidas em um balanceamento e que “podem ser imperceptíveis para o motorista por ocorrerem a velocidades muito específicas, mas causam um desgaste prematuro dos amortecedores, das molas, das buchas da suspensão e da caixa de direção, exigindo uma substituição prematura desses componentes ou parte deles”.

Outros componentes que se desgastarão mais rapidamente, segundo o especialista da Michelin, são as pastilhas e lonas de freio.

“Como os pneus têm menor aderência, é necessário frear antes para poder conseguir parar o veículo na distância necessária, usando os freios por mais tempo e com mais intensidade. O condutor não percebe essa alteração na distância de frenagem porque é muito gradativa e ele vai se adaptando no dia a dia a essa mudança que é muito sútil. Ele notará a mudança quando trocar os pneus e verificar que o carro tem muito mais aderência com os pneus novos nas curvas, freia muito mais forte do que freava antes e fica muito mais confortável (sem vibrações) do que quando estava com os pneus antigos gastos”, destacou Santana.

Pneu antigo, com pouco ou nenhum uso, é seguro?

Mesmo que um pneu tenha sido utilizado poucas vezes (ou nenhuma), se ele for muito antigo, é importante verificar o seu estado geral, como alerta o especialista da Michelin.

“Ainda que estejam no estepe [os pneus antigos] sem uso ou que tenham rodado poucos quilômetros podem ter se degradado por uma ação química natural do contato da borracha com o ozônio presente na atmosfera. Por isso, a Michelin não recomenda o uso de um pneu com mais de 10 anos de fabricação, mesmo estando aparentemente em bom estado e mesmo que tenha pouca ou nenhuma quilometragem de uso”, alertou Santana.

Quanto custa trocar os pneus de um carro popular?

O valor de um jogo novo de pneus para um carro popular, atualmente, varia entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, a depender das especificações e da marca.

A Mobiauto alerta que negligenciar essa manutenção pode colocar vidas em risco. Isso porque o pneu do carro é um item mais do que fundamental para a segurança do motorista e de terceiros, no trânsito.

O que pode alterar a durabilidade de um pneu?

Conforme alertou Santana, a durabilidade dos pneus varia muito conforme o tipo de utilização. Confira, abaixo, o que pode diminuir a vida útil de um pneu:

  • Se os pneus forem de baixa qualidade, a durabilidade deverá ser menor;
  • Não calibrar o pneu pode diminuir sua vida útil;
  • Não realizar o rodízio dos pneus;
  • Realizar frenagens bruscas (aumenta o desgaste).

Existe multa para quem roda com pneu careca?

Apesar de não existir uma multa específica para a condução de automóvel com pneus carecas, o Código Brasileiro de Trânsito (CTB), no artigo 230 (art. XVIII), assim como na Resolução nº 558 do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), destaca que é infração grave rodar com um veículo que esteja em falta com a devida manutenção.

Por isso, não trocar o pneu do carro na hora certa pode levar o condutor a arcar com uma multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira de motorista, o que pode ser o menor dos problemas, considerando as vidas colocadas em risco quando se anda com um automóvel fora dos padrões de segurança. Isso, inclusive, nos leva ao próximo tópico.

Quais os riscos de conduzir um carro com pneus carecas?

O principal risco de conduzir um veículo com pneus carecas, segundo Santana, é a possibilidade de perda de aderência quando o veículo passar em uma pista molhada. O especialista ressalta que, em uma situação como essa, os pneus perdem completamente o contato com o asfalto e “flutuam” sobre a película de água que está na pista, não respondendo mais a nenhum comando do motorista como redução de velocidade ou correção de trajetória.

“Nessa situação, o risco de acidente é eminente. E lembro que mesmo em época de seca em algumas regiões, como agora, sempre existem trechos de ruas e estradas que estão molhadas momentaneamente por algum fator além da chuva em si”, disse Santana.

“Existem outros riscos como, por exemplo, maior probabilidade de ocorrência de furos ou cortes porque temos menos borracha para proteger o pneu; perda de aderência em ruas e estradas não asfaltadas; desequilíbrio dinâmico do veículo pela falta de aderência dos pneus”, complementou o especialista da Michelin.

O professor de Engenharia de Materiais da UFABC, Danilo Carastan, explicou que os sulcos dos pneus, que somem quando ele está careca (ou quase), possuem duas funções principais. Entre elas está a de minimizar o risco de deslizamento nas vias (aquaplanagem).

“Esses canais e ranhuras (sulcos) são cuidadosamente projetados para auxiliar na drenagem da água que pode se acumular sob os pneus quando chove, ou de outras substâncias líquidas ou pastosas, como a lama, ou neve em países frios. Na ausência dos sulcos, a água forma uma fina camada entre o pneu e o solo que age como um lubrificante, reduzindo drasticamente a aderência, fazendo com que se perca o controle do veículo”, explicou Carastan.

A outra função dos sulcos, segundo o professor da UFABC, é de, mesmo em pisos secos, auxiliar na dissipação de calor dos pneus durante a rodagem.

“A borracha é um mau condutor de calor, e o atrito do pneu com o solo faz a borracha aquecer. Se a temperatura subir muito, a borracha perde parte de suas propriedades, e pode resultar em desgaste irregular e prematuro dos pneus, que podem até eventualmente explodir. Os sulcos facilitam a dissipação de calor, por deixarem uma maior superfície da borracha exposta ao ar”, analisou Carastan.

Em suma, é sempre necessário ficar de olho nas manutenções dos automóveis. Os pneus fazem parte dessas manutenções e não devem ser ignorados. Isso porque não trocar o pneu na hora certa pode acarretar uma série de inconvenientes que afetam de maneira importante a segurança de todos – os que estão no veículo em questão e os demais que podem ser atingidos por ele.

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