O designer brasileiro que ajudou a dar vida ao Chevrolet Blazer elétrico

Raphael Molina participou da criação estética do Blazer EV 2024 e conta as inspirações para produção do SUV elétrico que virá ao Brasil
JP
Por
11.08.2023 às 23:57 • Atualizado em 29.05.2024
Compartilhe:
Raphael Molina participou da criação estética do Blazer EV 2024 e conta as inspirações para produção do SUV elétrico que virá ao Brasil

O Chevrolet Blazer voltará ao Brasil e será vendido como elétrico e em versão única RS. O modelo de linhas futuristas já foi lançado na América do Norte e chegará aqui no próximo ano, com muito mais dedos de Brasil do que se imagina, afinal, dois designers brasileiros trabalharam na construção do SUV.

O Chevrolet Blazer 2024 ficou mais conhecido pelos brasileiros nas últimas semanas. Ele é um dos veículos usados do filme da Barbie, que é um sucesso de bilheteria. E Raphael Molina, um dos designers criadores do SUV, contou com exclusividade à Mobiauto como foi ver o modelo nas telas e o processo de criação do veículo.

Você também pode se interessar por:

“O cinema é capaz de levar sua obra a um outro patamar, algo que realmente não passava pela minha cabeça quando estava trabalhando nos primeiros esboços do veículo [Blazer EV 2024]”, conta Molina.

Primeira ideia vem do cliente

O processo de criação de um veículo é demorado, desde a confecção de seu design até o casamento da parte mecânica e carroceria. São várias etapas até um automóvel chegar à linha de montagem. Há 10 anos na GM, Molina já trabalhou nos projetos de Onix, OnixPlus, Tracker e Montana até chegar ao Blazer, e conta que a primeira “ideia” de design vem do cliente.

“Na GM, todo o briefing se inicia com o time de inteligência de mercado, que analisa tendência socioeconômicas, escuta e projeta as necessidades e desejos do consumidor. Com base nessas informações é que se estipula as características do produto a ser concebido pelo time de engenharia e de design”, esclarece Molina.

É a partir dos dados coletados da clientela que se começam os esboços. A equipe responsável define a plataforma, o tipo de carroceria, as tecnologias e o conteúdo que o carro entregará ao consumidor final. Um dos grandes desafios, segundo Molina, é conseguir colocar as soluções propostas pelos times no papel, já que muitas vezes elas são inéditas.

Carroceria fiel aos esboços iniciais

No caso do Blazer a ideia era esquecer os antepassados e produzir algo completamente novo, e tentar colocar no papel aquilo que os clientes têm buscado: um SUV. Só que no caso do Chevrolet, com linhas um pouco mais robustas que as de modelos convencionais.

A proposta era “desenhar um veículo de proporções atléticas, com o teto baixo e uma carroceria mais larga, que evidenciam o aspecto esportivo do produto e que o carro está bem ancorado ao chão”, relembra o designer, que foi responsável por iniciar o projeto do desenho do exterior do automóvel.

Por isso temos essa “consistência nos temas da parte dianteira, traseira e lateral, com a assinatura de LED dupla e as linhas fluídas que compõe a tampa do plug para carregamento das baterias”, conta Molina.

“Realmente nós conseguimos explorar bastante a parte da escultura em todas as superfícies do veículo, deixando o design super dinâmico e sofisticado. É daqueles carros que te surpreendem toda vez que você olha para ele, pois são tantos os detalhes esculpidos e que se harmonizam entre si, que acabam sendo descobertos ou apreciados de forma diferente com o passar do tempo”, conclui. 

Os esboços originais feitos por Molina são bem próximos ao do carro que em breve circulará pelas ruas do Brasil. As imagens liberadas pelo autor do croqui mostram essa proximidade com o veículo físico.

Interessante lembrar que mesmo sendo um design disruptivo perto daquilo que a marca sempre apresentou em seus veículos, a ideia do brasileiro foi aceita. Curiosamente, levada para frente por outro brasileiro.

“Fico muito orgulhoso da minha proposta ter sido mantida, principalmente pelas mãos do Eduardo Okamoto, outro designer brasileiro que está aqui nos Estados unidos e é um dos meus mentores”, se orgulha o designer.

Carro sai do papel e toma retoques finais

Ter um esboço escolhido para ser o design oficial de um veículo é dificil, ainda mais quando consideramos que existem tantos profissionais na equipe de engenharia e design trabalhando sobre o mesmo projeto. Nesse caso, ainda mais raro por se tratar de um desenho inicial que passou pelas barreiras e avaliações das áreas e chega ao fim do curso com poucos retoques.

Para Molina, uma das melhores partes do processo criativo é justamente quando o carro sai do papel. “Uma etapa mágica do projeto acontece quando aquele veículo começa a ganhar forma, contagiando cada vez mais de motivação os centenas e centenas de profissionais que são necessários para construir um produto”, rememora.

De acordo com o designer, os trabalhos da área de design sobre o veículo são incessantes até que o produto seja aprovado nas clínicas. “Toda importante fase do projeto vai para a apreciação do público-alvo, as famosas clínicas secretas, onde nem a marca do fabricante o cliente fica sabendo”, conta. “Até aí, o time de design costuma ter um grande volume de trabalho até deixar tudo encaminhado”, complementa o designer.

Quando o projeto do automóvel é aprovado por todas as áreas envolvidas, começa a construção física do veículo. Primeiro, esculpido por algo como uma grande impressora 3D (em tamanho real), para entender se é preciso refinar linhas e proporções. Nesta etapa, o carro ainda não é funcional, já que é feito com uma espécie de argila.

Depois disso, e de alcançar todas as certificações de segurança, qualidade e produtividade, o produto entra na fase dos protótipos artesanais, que rodam com camuflagem para disfarçar as formas e não revelar o design final do automóvel, esclareceu o profissional. “Nesse período, nosso time começa a refinar detalhes, como os acabamentos dos materiais”, destacou Molina.

Ainda não há especificações de motorização do Blazer que chegará ao Brasil, mas sabe-se que virá na configuração RS. O SUV faz parte do plano de eletrificação da marca, que já conta com Bolt EV e Bolt EUV, sendo que este último sairá de linha até o fim deste ano.

A expectativa é que o novo modelo faça mais sucesso que os atuais elétricos da Chevrolet por aqui. O começo é bom, pensando na curiosidade que o Blazer causou ao passar nas telas de cinema do Brasil.

Imagens: Arquivo pessoal - Raphael Molina e divulgação - Chevrolet

Comentários