Toyota terá ajuda da BYD para criar elétricos com baterias que não viciam

Marca japonesa quer recuperar tempo perdido e investir pesado no desenvolvimento de carros elétricos, com uma ajudinha dos chineses
Camila Torres
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25.10.2022 às 17:56 • Atualizado em 29.05.2024
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Marca japonesa quer recuperar tempo perdido e investir pesado no desenvolvimento de carros elétricos, com uma ajudinha dos chineses

A Toyota foi uma das pioneiras no segmento de carros híbridos, com o Prius, lançado ainda nos anos 1990. Inclusive, foi a primeira marca a oferecer um carro híbrido flex no mundo, o brasileiro Corolla Hybrid. A montadora japonesa também foi uma das precursoras dos veículos movidos a hidrogênio, com o Mirai. 

Os carros elétricos pareciam ser a única categoria na qual ela não desejava concentrar seus esforços, mas não teve jeito e somente este ano a Toyota já lançou dois carros elétricos: o SUV bZ4x meses atrás, e o sedan bZ3. 

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Os dois são equipados com baterias da BYD. Aliás, para quem não sabe, o bZ3 é fruto da BTET, joint venture entre a FAW-Toyota e a chinesa BYD. A FAW é uma empresa local na China que as montadoras estrangeiras precisam trabalhar em parceria se quiserem produzir no país asiático. 

No desenvolvimento do bZ3, a Toyota entrou com a plataforma e-TNGA (também usado no bZ4x). Já a BYD entrou com as baterias de células laminares, capazes de conservar até 50% mais energia se comparadas a modelos convencionais. 

Marca japonesa quer recuperar tempo perdido e investir pesado no desenvolvimento de carros elétricos, com uma ajudinha dos chineses

A Toyota fala de uma autonomia de 600 km, porém é preciso se atentar ao fato de que a medição foi feita no ciclo CLCT, usado para homologação na China. No ciclo WLTP, que é usado como padrão na Europa e também é mais comum no Brasil, essa autonomia pode cair.

Leia também: Os detalhes do segundo SUV híbrido flex que a Toyota fará no Brasil

A BYD prospecta que, após dez anos de uso do carro, a capacidade energética ainda seja de 90%. Ou seja, nada de baterias viciadas. Essas baterias laminares também têm uma maior resistência a incêndios e a perfurações, informa a fabricante.


Simplista como um Toyota e acessível como um chinês 

Esqueça as ostentações dos carros da BYD vendidos no Brasil. O bZ3 tem muito da essência de um Toyota, nada de extravagâncias, um design ultra moderno e LEDs espalhados por todo o carro.

Seu habitáculo é limpo e o que mais chama atenção é a central multimídia grandalhona na vertical, que se unifica com o console do carro. Aqui, podemos perceber uma forte influência da BYD. No lugar do câmbio há um botão giratório em destaque. O Toyota bZ3 também oferece carregador por indução e entrada USB-C.

Leia também: Carros elétricos: matéria prima para a fabricação de baterias está no Brasil 

Em termos de espaço, ele é bem avantajado, só de entre-eixos são 18 cm a mais que o Toyota Corolla. Por fora, o design é bem marcante, com vincos e curvas bem pronunciadas. A dianteira é larga e musculosa com faróis interligados. Já a traseira tem o caimento estilo fastback que voltou a estar na moda. 

Dados de performance como potência, torque e 0 a 100 km /h ainda não foram divulgados. Assim como o preço, a expectativa é que por se tratar de um modelo com uma proposta mais acessível, mas não popular, o valor seja mais interessante. 


Por que a Toyota acordou para os elétricos?

Marca japonesa quer recuperar tempo perdido e investir pesado no desenvolvimento de carros elétricos, com uma ajudinha dos chineses

Depois de aparentar não estar muito preocupada em ser uma das fabricantes com mais veículos elétricos no menor tempo possível, a Toyota divulgou uma meta ousada de lançar dez carros elétricos até 2030. O que nós não sabíamos de cara é que a carta na manga seriam as valiosas baterias da BYD, que já despertaram interesse até da Tesla. 

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Segundo a Reuters, a Toyota está estudando como reformular sua estratégia de veículos elétricos rapidamente para acompanhar o mercado e não ficar atrás nessa corrida. A agência de notícias esteve em contato com quatro fontes de dentro da Toyota, que afirmaram que a marca abortou projetos de elétricos recentemente para se adaptar. 

Ano passado, a fabricante japonesa anunciou um investimento de US$ 38 bilhões em veículos a baterias. Isso depois de engenheiros e executivos da marca alertarem que a Toyota poderia perder sua competitividade diante da Tesla.

Além disso, de acordo com a agência de notícias, montadoras de todo o mundo preveem que carros elétricos representem mais da metade da produção de veículos até 2030. Isso significa um investimento no setor que ultrapassa a marca de US$ 1 trilhão. 

Isso é muito além do que a Toyota esperava tempos atrás, a decolagem dos carros elétricos e os investimentos da Tesla e de outras fabricantes acendeu o alerta vermelho entre os chefões da Toyota que viram que não havia mais tempo para perder. 

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