Avaliação: Fiat Pulse Abarth tem mesmo tanto veneno quanto promete?
Depois de meses e meses de espera, o Fiat Pulse Abarth finalmente está na pista. O primeiro SUV da divisão esportiva da marca, que também marca sua re-estreia no país após alguns anos de hiato, chega ao mercado brasileiro por R$ 149.990, com produção em Betim (MG) e ano depois que o Fiat Pulse convencional foi lançado.
Realmente, o momento parece propício, visto que o Pulse Abarth aproveita muitos elementos de outro modelo recém-lançado pela Fiat, o Fastback. Falaremos mais sobre isso adiante.
Com quase 50.000 emplacamentos em um ano de lojas, o Fiat Pulse convencional, já pode ser considerado um sucesso nacional e um dos SUVs com melhor custo-benefício. Será que a versão esportiva terá o mesmo êxito? Afinal, além de atraente visualmente, será que ele tem veneno suficiente para fisgar o público? É o que a Mobiauto descobriu ao conhecê-lo de perto há alguns dias.
Design: esportividade sem breguices, e com toques de Fastback
Finalmente ficamos cara a cara com o Pulse Abarth sem nenhum tipo de camuflagem. O SUV da Fiat mudou por dentro e por fora para ganhar o sobrenome da divisão esportiva. Aproveitou, para isso, muitos elementos do Fastback.
Então, comecemos pelos detalhes externos. A grade filetada ficou para as versões convencionais, pois no Pulse Abarth ela tem formato colmeia e acabamento em black piano, exatamente como a do SUV cupê. A diferença é o logo da divisão Abarth no centro. Do lado direto da grade foi colocada uma flag da Fiat (insígnia com as cores da bandeira da Itália).
Também como no Fastback, o para-choque ficou mais baixo e largo, adicionando novos recortes trapezoidais, luzes auxiliares e uma faixa vermelha que corta a dianteira de uma ponta à outra.
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Entre a grade e o capô, uma surpresa: faixa em fibra de carbono. Na traseira, bem no centro da tampa do porta-malas, a assinatura Abarth aparece em destaque. Mas o que realmente traz o apelo esportivo é o escapamento duplo de 3 polegadas.
As rodas são aro 17 exclusivas, os pneus também estão mais largos e com maior aderência. O modelo será oferecido em quatro cores: Branco Banchisa, Cinza Strato, Preto Volcano, Vermelho Montecarlo, todas combinadas a elementos em preto. Só na tonalidade Vermelho Montecarlo há opção dos detalhes na cor cinza.
Por dentro, o visual esportivo continua sendo reforçado, sempre com uma ajudinha do Fastback. O console central elevado em preto brilhante, por exemplo, vem todo do SUV cupê.
Os bancos, robustos, trazem acabamento em couro perfurado e costuras contrastantes em vermelho. O volante segue a mesma proposta. Inclusive, este é outro item que diferencia o Pulse Abarth das versões civis, pois aqui o volante tem cubo menos quadrado e o botão vermelho troca a grafia "Sport" por "Poison" (veneno, em inglês). O escorpião parece pronto para picar…
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O painel tem um acabamento que passa sensação de mais qualidade, incluindo uma faixa vermelha para trazer mais um pouco de esportividade. Multimídia e demais controles, como os do ar-condicionado digital, são iguais aos das demais versões.
Uma curiosidade: apesar de a manopla de câmbio ser igual à do Pulse, a caixa de transmissão é compartilhada da Fiat Toro, que também é equipada com o motor 1.3 turbo. Estamos falando do sistema epicíclico de seis marchas da Aisin, enquanto os Pulse convencionais automáticos trazem o tipo CVT.
Esteticamente, o Pulse Abarth conservou o que há de melhor no Pulse civil e trouxe com bom gosto elementos esportivos, sem se perder no meio do caminho.
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Espaço
Não vamos nos estender neste quesito, afinal, para não dizer que não mudou nada, o Pulse Abarth é 6 mm mais comprido e 32 mm mais baixo que as outras versões do SUV, graças aos ajustes de suspensão, para-choques e saídas de escape exclusivos.
Os ângulos também mudaram, passando de 20,3º de ataque e 31,4º de saída para 20º e 27º, respectivamente. É o contraponto de ser um esportivo…
Dimensões Pulse Abarth: 4.115 mm de comprimento, 2.532 mm de entre-eixos, 1.777 mm de largura, 1.544 mm de altura, 370 litros de porta-malas, 47 litros do tanque de combustível e 1.187 kg de peso em ordem de marcha.
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Desempenho
Para ganhar o sobrenome Abarth, o Pulse passou por diversas modificações mecânicas. Como dissemos, as suspensões foram recalibradas para oferecer mais estabilidade e firmeza, ficando 13% mais rígidas. Também deixam a carroceria 10 mm mais baixa se comparada ao conjunto do Pulse Turbo 200.
A caixa de direção segue com assistência elétrica progressiva, mas passou por ajustes e ficou 7% mais direta. O câmbio foi recalibrado para oferecer trocas mais rápidas e esportivas. O sistema de freios também foi redimensionado, ganhando os discos dianteiros com as mesmas dimensões dos freios do Fastback, mas com uma calibração eletrônica própria para ele. Já os freios traseiros são a tambor.
O carro também recebeu um novo sistema de escapamento para atingir a sonoridade do motor que a Fiat acredita ser a ideal: agressivo, mas sem cansar os ouvidos de quem está a bordo. Ele também ganhou rodas aro 17 com pneus esportivos mais largos e de maior aderência.
Outra novidade é freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold, outro presente do Fastback. Normalmente, o motorista realiza a frenagem até a parada total do veículo. Depois, é só dar um toquinho no acelerador que o carro volta a se locomover.
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Porém, este recurso, apesar de muito eficiente, em manobras de estacionamento acaba incomodando alguns usuários que querem ir controlando o carro apenas com o freio. Pensando nisso, o sistema foi aprimorado e, em frenagens mais suaves, entende que o motorista não quer que o Auto Hold seja ativado.
Outro ponto positivo é que não é preciso se preocupar em ativar ou desativar o freio do estacionamento através da tecla, isso acontece automaticamente assim que o câmbio é colocado na posição ‘P’, ‘R’ ou ‘D’.
Bem, já gastamos seis parágrafos falando apenas dos ganhos e aprimoramentos do Pulse Abarth, agora já está na hora de dizer como tudo isso funciona em conjunto e como ele anda, ou melhor, se este escorpião é mesmo envenenado.
São três modos de direção, mas em vez de Eco, Normal e Sport, como no Pulse Turbo 200, aqui temos Normal, Sport e Poison. Este último podemos traduzir para tóxico ou veneno.
Vamos começar pelo básico. No modo Normal, o Pulse Abarth já mostra um desempenho bem diferente das versões civis e não é para menos, já que estamos falando de um motor 1.3 turboflex de 180 cv de potência com gasolina e 185 cv com etanol, e 27,5 kgfm de torque com qualquer combustível.
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Esse mesmo conjunto mecânico já mostra um desempenho interessante em um SUV de sete lugares como o Jeep Commander, imagina em carro com quase 500 kg a menos?
No modo Sport, o desempenho ganha uma boa dose de diversão, mas não é dele que vamos falar e sim do botão mágico Poison, aquele vermelho que se destaca no volante.
Poison
Basta um clique para tudo se transformar. Assim que o modo Poison é acionado, o Pulse Abarth muda o comportamento imediatamente. O ronco do motor fica mais evidente, o carro fica mais rígido, o volante, mais firme, e o pedal de acelerador, muito mais sensível.
Para se ter ideia, quando se ativa o modo Poison, basta pressionar o curso do pedal do acelerador até a metade para se ter 100% do torque disponível. E não para por aí: nesse modo, é possível atingir velocidade até 42% superior que no modo normal e 13% superior que no modo Sport.
Para deixar a direção mais provocante, as trocas de marchas acontecem mais rápido e em rotações 30% mais altas que no modo normal. Só tivemos a oportunidade de dirigir o Pulse Abarth em pista fechada e pudemos comprovar que não se tratam apenas de números: o novo SUV da Abarth realmente tem uma performance instigante.
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Claro que temos que respeitar o limite do carro, não é um toquinho no acelerador, que vai fazer o Pulse Abarth voar. Mas quando você pressiona o pedal com mais veemência, o escorpião mostra que é de fato envenenado.
Além disso, apesar de ser um SUV, ele passou muita segurança nas curvas, isso mostra o quanto os ajustes na suspensão foram bem acertados. E se o Pulse Abarth embala rápido, ele também é muito instantâneo nas frenagens, mesmo com os freios a tambor na traseira.
No geral, no modo Normal, o Pulse Abarth é um ótimo SUV para encarar o trânsito cotidiano de casa até o trabalho e até levar as crianças na escola com estilo. Já no modo Poison, é quando você vai aliviar o estresse da semana testando o veneno do escoropião.
Dados técnicos Fiat Pulse Abarth: direção elétrica, suspensões independentes do tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira), freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira), 10,9 m diâmetro de giro, 188 mm de vão livre do solo, 20º de ângulo de ataque e 27º de ângulo de saída.
Dados técnicos Fiat Pulse convencional: direção elétrica, suspensões independentes do tipo McPherson (dianteira) e eixo rígido (traseira), freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira), 10,5 m diâmetro de giro, 188 mm de vão livre do solo, 20,3º de ângulo de ataque e 31,4º de ângulo de saída.
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Motor: 1.3 turbo, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 8V, turbo, flex
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 180/185 (gasolina/etanol) cv a 5.750 rpm
Torque: 27,5 (gasolina/etanol) kgfm a 1.750 rpm
Peso/potência: 7,1/6,9 kg/cv (gasolina/etanol)
Peso/torque: 46,5 kg/kgfm (gasolina/etanol)
Câmbio: automático de seis marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 8/7,6 segundos (gasolina/etanol)
Velocidade máxima: 214/215 km/h (gasolina/etanol)
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Consumo: bebe mais que Renegade
Outra diferença entre o Pulse convencional e o Abarth é economia de combustível. Enquanto as versões 1.3 aspiradas estão entre os SUVs mais econômicos no Brasil, o Pulse Abarth cobra o preço do seu desempenho no consumo de combustível.
Para se ter ideia, o Jeep Renegade Turbo 270 4x2 é mais econômico do que ele. Para ter o escorpião na garagem é preciso estar disposto a bancar um SUV compacto com consumo de SUV médio, afinal, suas médias são bem parecidas com as do seu primo Compass.
Consumo Pulse Abarth: 6,8 km/litro na cidade e 8,8 km/litro na estrada com etanol / 10 km/litro na cidade e 12,3 km/litro na estrada com gasolina
Consumo Jeep Renegade 1.3 AT6 4x2: 7,7 km/litro na cidade e 9,1 km/litro na estrada com etanol / 11 km/litro na cidade e 12,8 km/litro na estrada com gasolina
Consumo Jeep Compass 1.3 AT6 4x2: 7,1 km/litro na cidade e 8,6 km/litro na estrada com etanol / 10,4 km/litro na cidade e 12,1 km/litro na estrada
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Principais itens de série:
● Frenagem autônoma de emergência
● Comutação automática do farol alto
● Serviços conectados via APP Connect Me
● Partida remota
● Ar-condicionado automático digital
● Faróis e lanternas Full LED
● Badges do escorpião Abarth na grade e para-lamas
● Aletas atrás do volante
● Alerta de saída de faixa
● Freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold
● Cluster Full Digital de 7 polegadas específico da Abarth
● Carregador por indução
● Partida por botão e chave presencial
● Faróis e limpador de para-brisa automáticos
● Rodas esportivas de 17 polegadas
● Bancos revestidos em couro com abas laterais
Pulse Abarth vale a pena?
O Pulse Abarth não é um carro para quem busca apenas um SUV. É preciso ter uma relação, um encantamento pela divisão esportiva Abarth para pagar os R$ 150.000 cobrados. Se for só pelo desempenho, o Jeep Renegade tem uma ótima performance e cobra menos por isso. Mas não tem a dose generosa de esportividade que o Pulse entrega instantaneamente quando se aperta a tecla Poison, nem o visual esportivo, nem o sobrenome Abarth.
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.