Avaliação: Nissan Frontier sobe nível e adota tática da Toro contra a Hilux

Depois de anos à sombra de Hilux, S10 e outras rivais, picape ganha armas necessárias para tentar cair de novo no gosto do consumidor
Camila Torres
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14.04.2022 às 13:43 • Atualizado em 12.11.2024
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Depois de anos à sombra de Hilux, S10 e outras rivais, picape ganha armas necessárias para tentar cair de novo no gosto do consumidor

Cinco anos após trocar de geração, a Nissan Frontier ganha sua primeira reestilização. Cansada de ficar à sombra de outras picapes, o modelo chega à linha 2023 com visual renovado e seis versões, sendo três inéditas, para entrar no páreo da concorrência.

Subestimada, a Nissan Frontier vendeu menos que a Renault Oroch no ano passado, fechando com 11.816 emplacamentos. Já a líder do segmento, Toyota Hilux vendeu 45.893 unidades, praticamente quatro vezes mais. 

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A nova Frontier chega importada de Córdoba, Argentina, onde é fabricada. Com versões entre R$ 230.000 e R$ 315.000, a Nissan optou por não aumentar os valores das configurações que já existiam na gama.

Depois de anos à sombra de Hilux, S10 e outras rivais, picape ganha armas necessárias para tentar cair de novo no gosto do consumidor

E, assim como a Jeep faz com o Renegade e a Fiat com a Toro, usou a estratégia de oferecer duas versões topo de linha pelo mesmo valor, uma mais off-road e outra com o visual mais sofisticado.

A versão da nossa avaliação é Frontier Pro-4X, a que tem um caráter mais fora de estrada e uma das novidades mais aguardadas. Viajamos até Puerto Iguazú, na divisa da Argentina com o Brasil, para colocá-la à prova nas terras dos nuestros hermanos. E se vale um spoiler, gostamos do que vimos. 

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Nissan Frontier Pro-4X 2023 - Preço: R$ 314.590. 


Design e conforto 

O novo design da Nissan Frontier é robusto e bem resolvido, como uma picape tem que ser. A grade foi redesenhada, assim como os para-choque dianteiro, para seguir o conceito estético da marca chamado Emotional Geometry Design.

O visual é bem característico dos novos modelos da Nissan e foi muito bem aplicado à picape. Um ponto que chama atenção nas versões topo de linha, Platinum e Pro-4X, são os faróis com projetores quádruplos de LED. Eles trazem um toque de modernidade e sofisticação.

Na traseira, a tampa da caçamba ganhou novos vincos e um degrau no para-choque traseiro para facilitar o acesso à caçamba. O design das lanternas de LED passou por modificações apenas internas na reestilização. 

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Na versão Pro-4X, os para-lamas são exclusivos, mas o que chama atenção mesmo é o teto solar, um diferencial no segmento de picapes, que vem de série também na versão Platinum.

Além disso, a Frontier Pro-4X tem seu nome estampado na lateral da caçamba, nos tapetes e bancos de couro. A cor vermelha se faz presente tanto nas costuras dos assentos como no nome Nissan, na dianteira e no volante.

Por dentro, a marca poderia ter sido mais generosa e trocado a antiga central multimídia de 8 polegadas por uma maior e mais moderna. O quadro de instrumentos possui uma tela TFT central de 7 polegadas. 

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Há três entradas para carregamento do celular, sendo uma do tipo C, mas sentimos falta de um carregador por indução. Ainda mais que no console há um espaço perfeito para encaixá-lo. O ar-condicionado é de duas zonas e tem saídas de ar na segunda fileira de bancos.

Um detalhe que segue presente e nos deixou contentes é que, bem ao lado volante, abaixo da saída de ar-condicionado, há um porta-copos estrategicamente posicionado para oferecer praticidade ao motorista e manter a água fresca o tempo todo. O passageiro dianteiro também tem um.

Parece que a Nissan leva muito a sério os pequenos detalhes, tanto que espalharam 27 porta-objetos pelo habitáculo da picape. 

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Espaço e capacidade

Aproveitando a deixa sobre os compartimentos para objetos, vamos seguir falando sobre o espaço. Bem, não mudou nada por aqui. Afinal, estamos falando de uma reestilização e não de uma nova geração. 

No entanto, a capacidade de carga da caçamba passou de 1.025 kg para 1.043 kg. Isso graças ao ganho de 25 mm na altura do compartimento perto da cabine e de até 50 mm nas laterais perto da tampa. Os ganchos com argola na parte inferior do assoalho suportam até 400 kg.

Mas o que nós mais gostamos é que a tampa da caçamba está mais leve, devido aos novos amortecedores de abertura. Eles reduziram o peso a tal ponto que é possível até abri-la usando uma mão só. 

Dimensões: 5.260 mm de comprimento, 3.150 mm de entre-eixos, 1.850 mm de largura, 1.860 de largura, 1.054 litros de capacidade de caçamba e 73 litros de tanque.

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Desempenho

A nova Nissan Frontier continua com o mesmo conjunto mecânico, formado por um motor 2.3 quatro-cilindros 16V turbodiesel, em configurações mono ou biturbo. A opção mais simples traz câmbio automático de seis marchas. A mais forte, automático de sete velocidades. 

Para atender às novas regras de emissões do Brasil, o Proconve L7, o propulsou precisou ser recalibrado e a picape ainda recebeu um Sistema Redutor Catalítico (SCR) com Arla 32, tecnologia sobre a qual a Mobiauto já explicou neste outro artigo.

A boa notícia é que a picape não perderau potência. Pelo contrário, a especificação da versão de entrada teve um ganho de 3 cv, passando a entregar 163 cv e 43,3 kgfm de torque. Já o 2.3 com dois turbos continua oferecendo os mesmos 190 cv e 45,9 kgfm de antes. É um pouco menos do que Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger já oferecerem.

A Nissan concentrou as demais mudanças no sistema de suspensão, que ganhou ajustes nos amortecedores. O jogo dianteiro é composto por braços duplos com barra estabilizadora, enquanto o traseiro segue trazendo uma peculiar combinação de eixo traseiro com molas helicoidais.

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Tal sistema, chamado forçosamente pela marca de multilink, aumenta de fato o conforto, mas sempre gera desconfiança entre quem compra picapes. Afinal, as molas semielípticas costumam proporcionar maior robustez e manutenção menos complexa. 

Os freios da Frontier são a disco nas quatro rodas, outro pontinho para ela, mas a direção ainda possui assistência hidráulica. Pensando bem, para uma picape desse porte, é até melhor que seja assim. Para completar, ela tem bons ângulos: 31,6º (ataque), 25,7º (saída) e 25,2 cm (vão livre do solo), o que contribui para o bom desempenho off-road.

Motor: 2.3, dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, diesel, comando de válvulas: duplo no cabeçote, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: não divulgada
Potência: 190 cv a 3.750 rpm
Torque: 45,9 kgfm a 1.500 rpm
Peso/potência: 11,7 kg/cv
Peso/torque: 48,4 kg/kgfm
Câmbio: automático, 7 marchas
Tração: 4x4
0 a 100 km/h: 11,3 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h

Dados técnicos: direção hidraúlica; suspensões com braços duplo-A com barra estabilizadora (dianteira) e eixo rígido com molas helicoidais (traseira); freios a disco nas quatro roda; diâmetro de giro: 12 m.

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Dirigibilidade

Então, vamos à prática. Dirigimos pouco a nova Nissan Frontier no asfalto, o que foi uma pena, pois não tivemos oportunidade de testar seus novos assistentes de direção (que listaremos mais abaixo). Em compensação, tivemos um belo dia de trilheiros.

Viajamos mais de 3 horas pelo parque Nacional Iguaçu. De cara, a estabilidade foi um dos pontos que agradaram já com poucos quilômetros percorridos. A Frontier, diferente da maioria das picapes, não balança muito na estrada de terra e tem um comportamento similar ao de um carro de passeio, deixando o efeito “pula-pula” para as rivais. Ponto para as molas helicoidais.

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Durante o trajeto tivemos oportunidade de colocar à prova a capacidade off-road da Nissan Frontier várias vezes. A estrada tinha trechos extremamente desnivelados. Havia chovido no dia anterior e um certo nevoeiro apareceu tímido durante partes do percurso, o suficiente para deixar o chão muito úmido e escorregadio.

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Porém, a versão Pro-4X nos deu algumas vantagens, como os pneus 255/65 R17 All Terrain, exclusivos dela, e bloqueio de diferencial.

Esses dois itens se fizeram extremante úteis em muitos momentos. Como a caçamba estava vazia, a traseira escorregou muitas vezes. A sensação da traseira sambando passa um pouco de insegurança para quem está dirigindo, parecendo que as rodas não vão recuperar a aderência. Mas nada que não se solucionasse em alguns segundos.

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A tração 4x4 reduzida, em conjunto com o bloqueio de diferencial traseiro, foi crucial. Em situações como essas, o bloqueio atua jogando o torque para a roda que está com mais aderência, diminuindo o deslizamento das outras rodas.

Uma dica importante para quem faz trilha é manter a aceleração constante ao passar por um terreno mais instável e escorregadio. Tirar o pé do acelerador ou pisar no freio pode ser o suficiente para ficar preso na lama. Acelerar demais também.

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A picape conta ainda com quatro modos de direção: Standard – ideal para cidade –, Sport – como o próprio o nome já revela, confere uma direção mais nervosa –, Tow – indicada para puxar reboque ou com muita carga – e Off Road – atua modulando o acelerador para manter as rotações altas e ganhar força em baixas velocidades.

Essa última foi fundamental para completarmos a nossa aventura sem passar por apertos. O modo off-road da Nissan Frontier está muito bem acertado e oferece o necessário para encarar a estrada de terra com muito mais facilidade e, assim, desfrutar algumas emoções ao volante. Pode carimbar como aprovada.

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Consumo melhor que o da concorrência

Para compensar os 14 cv a menos que a rival Toyota Hilux, a Frontier Pro-4X é levemente mais econômica, fazendo 9,1 km/litro na cidade e 11 km/litro na estrada com diesel, segundo o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro.

A picape da Nissan ganha ainda mais vantagem em relação ao consumo de Chevrolet S10 Z71 e Ford Ranger Storm, concorrentes diretas da versão Pro-4X. Aproveite para conferir quais são as picapes mais econômicas no Brasil em 2022.

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Assistentes de condução 

A nova Nissan Frontier ganhou nove assistentes de condução e eles são a principal arma que ela tem contra a sua maior rival: Toyota Hilux. Que, embora seja uma picape consolidada e referência no segmento, fica devendo em alguns quesitos de segurança ativa. A Nissan identificou a oportunidade e abraçou. 

A marca chama o pacote de assistências de Nissan Intelligent Safety Shield. Na versão Pro-4X ele inclui: alertas de tráfego cruzado traseiro, colisão frontal, ponto cego, mudança de faixa, e de atenção; faróis automáticos inteligentes; assistente de manutenção em faixa e frenagem autônoma emergencial.

Além disso, a versão vem equipada com auxílio de partida em rampa (HSA), controle automático de descida (HDC), controle eletrônico de frenagem (EBD) e câmera de 360º com detector de objetos em movimento.

Durante o test drive não tivemos a oportunidade de explorar todos os assistentes de direção à devido a lama que cobriu os sensores. Fica para quando tivermos a oportunidade de testá-la por mais tempo em nossa garagem.

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Nova Nissan Frontier vale a pena?

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A Nissan teve grandes sacadas para a nova Frontier, como o visual invocado da versão Pro-4X, itens diferenciais como o teto solar, a oferta de duas versões diferentes de topo e os assistentes de condução. 

Além disso, a Frontier segue robusta como já era, mas também deu algumas mancadas, como a escassez de mudanças do interior e não investir em mais tecnologias de conectividade.

De forma geral, não nos parece que esses dois últimos fatores são tão decisivos para o segmento. O motor de 190 cv talvez pese ainda mais contra, já que as rivais vêm oferecendo opções acima de 200 cv. 

Colocando tudo na balança, a proposta da nova Nissan Frontier foi bem pensada e ela está até um passo à frente da concorrência quando pensamos em direção semiautônoma. É mais fácil e confortável guiá-la do que as outras picapes.

Porém, quando falamos de picapes médias, é preciso construir uma boa reputação e mostrar solidez no dia a dia. A nova Frontier será capaz disso? Precisaremos esperar para ver. Mas, considerando o fato de seu preço estar alinhado com a concorrência, mesmo se tratando de um produto novo, a resposta é sim.

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