Avaliação: Renault Kwid E-Tech, 4 pontos cruciais sobre o Kwid elétrico

Sem invencionismos, modelo chega com proposta interessante para quem busca dar a primeira chance ao carro elétrico sem investir o valor de um apartamento
Camila Torres
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05.05.2022 às 14:11 • Atualizado em 12.11.2024
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Sem invencionismos, modelo chega com proposta interessante para quem busca dar a primeira chance ao carro elétrico sem investir o valor de um apartamento

O novo carro elétrico mais barato no Brasil chegou. Quer dizer… Está chegando. O Renault Kwid E-Techentrou em pré-venda, a R$ 142.990, o equivalente a duas vezes o preço da versão de topo do irmão gêmeo a combustão, o Kwid Outsider.

Nós tivemos a experiência de rodar com o Kwid E-Tech no Kartódromo da Aldeia da Serra, perto de São Paulo (SP). Ali, pudemos conhecer um pouco mais sobre o que o carro 100% elétrico mais barato do Brasil pode oferecer. 

O valor já esbarra em SUVs compactos desejados, como Jeep Renegade e Hyundai Creta, por exemplo. Porém, nenhum deles é elétrico. E esse é o principal diferencial do Kwid E-Tech.

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Sem invencionismos, modelo chega com proposta interessante para quem busca dar a primeira chance ao carro elétrico sem investir o valor de um apartamento

Com proposta de carro urbano, desempenho ágil para a cidade, autonomia de quase 300 km, dispensa de reabastecimento com a gasolina a mais de R$ 7 o litro e fácil carregamento, o novo Renault chega com potencial para democratizar o segmento e simplificar o conceito e uso de um carro elétrico. 

A forma de carregamento, os pontos e o tempo de recarga, além do próprio preço inicial, são as principais preocupações de quem cogita ter um veículo do tipo na garagem. Afinal, estamos falando de pagar quase R$ 150.000… Em um Kwid…

Mas a marca francesa tem seus argumentos para solucionar essas questões sem grandes invencionismos, focando apenas na praticidade e acessibilidade que o consumidor tanto quer. Sem mais, vamos às primeiras impressões do Renault Kwid E-Tech em quatro pontos cruciais: design e conforto, espaço, desempenho e autonomia.

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Design e conforto: simples, mas funcional 

Nesses quesitos, o E-Tech é basicamente o mesmo Renault Kwid a combustão que já conhecemos, já tendo a reestilização visual aplicada no início deste ano na linha 2023, mas com uma diferença estética aqui e outra ali.

O visual é bem acertado e não passa imagem de fragilidade. A grade frontal fechada, na cor da carroceria, com detalhes cromados, é o que diferencia esteticamente a versão E-Tech das demais, junto dos adesivos laterais, o nome da versão inscrito na traseira e… As rodas com quatro furos! Nada de “rodas de Corcel”, neste caso.

Mas isso não é o que chama mais atenção no Renault Kwid E-Tech, e sim alguns elementos que não são tão comuns em carros elétricos. Por exemplo, a partida do motor ainda é por chave tipo canivete, e não por botão. E o freio de estacionamento não é eletrônico, usando ainda a velha alavanca. Tudo para conter o preço. 

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Na versão E-Tech, a manopla de câmbio deu lugar a seletor rotativo, deixando o modelo mais moderno. Quem nunca entrou no Kwid a combustão irá estranhar que os botões para abertura e fechamento dos vidros elétricos dianteiros não ficam nas portas, mas sim no painel, logo abaixo da central multimídia. Tudo para economizar chicotes elétricos.

Já a entrada USB fica no topo da central multimídia, o que é uma solução estranha, visto que o cabo ficará no campo de visão do motorista em relação à tela caso o motorista repouse seu celular no console central. Mas isso é só um detalhe. 

Também há lugar para dois adaptadores do console, para quem se incomodar com o fio tão visível. Nenhum deles, porém, faz a projeção de Android Auto ou Apple CarPlar, servindo apenas para carregamento.Se a intenção for fazer o espelhamento, aí é só através da entrada USB acima. 

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Os bancos têm um belo acabamento em couro preto com costuras brancas que se destacam, coisa fina. No entanto, não há ajuste de cabeça nos bancos dianteiros, como de costume. Só nos traseiros, como acontece nas versões a combustão.

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Como se pode ver, a Renault economizou em algumas coisas, mas isso é totalmente compreensível, visto que ela é a única marca a oferecer um carro 100% elétrico por menos de R$ 150.000. E, para oferecer o carro elétrico mais barato do Brasil, alguns sacrifícios precisaram ser feitos. 


Espaço: homologado para quatro pessoas

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No Kwid E-Tech, os passageiros traseiros desfrutam de um pouco mais de espaço. Não, ele não tem dimensões maiores que as do Kwid a combustão. As medidas são as mesmas e já falamos detalhadamente sobre essa disposição de espaço interno neste outro artigo

O que muda é que a versão elétrica é homologada apenas para quatro pessoas. Não há encosto de cabeça ou cinto de segurança no assento do meio. Logo, acaba sobrando mais espaço para os dois ocupantes que vão atrás. 

Nesta versão, os bancos também podem ser rebatidos e o espaço para as malas passa dos já bons 290 litros - mesmo volume das versões térmicas - para 1.100 litros. 

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Dimensões: 3.734 mm de comprimento, 1.770 mm de largura (com retrovisores abertos), 1.500 mm de altura (sem barras), 2.423 mm de entre-eixos e 290 litros de porta-malas.            


Desempenho: bom para a cidade

São 65 cv de potência entregues a 4.000 rpm (sim, um motor elétrico também possui pico de potência a determinada rotação!) e 11 kgfm de torque entre 0 e 4.000 rpm (ou seja, entregues de modo imediato). 

Esses dados podem frustrar muitos consumidores antes mesmo de testarem o carro, mesmo a Renault frisando há algum tempo a proposta urbana do Kwid E-Tech. A propaganda não é enganosa, pois o desempenho do subcompacto é realmente interessante para uso na cidade. Com alguns “poréns”, e vamos explicar por quê. 

Para começar, de cara é estranho entrar um Kwid sem embreagem ou manopla de câmbio. Mas é questão de cinco minutos para se acostumar. Os números de potência e torque não são empolgantes até saber que o carro vai de 0 a 50 km/h em 4,1 segundos, um tempo realmente bom. 

Para se ter ideia, o Renault Duster com o novo motor 1.3 turboflex precisa de 4,3 segundos para atingir essa marca. Considerando que em uma metrópole como São Paulo, a maioria das vias urbanas tem limite de velocidade de 50 km/h, o Kwid é um carro bem espertinho para a cidade. 

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Basta pisar no acelerador que ele responde prontamente. Nos carros elétricos, o torque é entregue totalmente já na primeira acelerada e é isso que deixa esse subcompacto tão ágil, mesmo com apenas 65 cv e 11 kgfm.

Além disso, mesmo com o banco de baterias, o Kwid E-Tech continua pesando menos de 1 tonelada, o que é um feito e tanto em se tratando de um carro elétrico. Na prática, pegamos uma pequena subida no kartódromo da Aldeia da Serra, nada muito íngreme, e ele se saiu muito bem. E, vale lembrar, o foco dele nem é performance. 

Para a cidade, ele entrega o que é necessário. Porém, um consumidor que gosta de pegar estrada terá que se acostumar com a falta de elasticidade dos meros 65 cv, e com o fato de que o torque cai após 4.000 rpm, comprometendo o desempenho a velocidades mais altas.

Não tivemos a oportunidade de dirigi-lo fora do kartódromo, mas a julgar que seu 0 a 100 ocorre em 14,7 s (até 1,7 s a mais que o Kwid 1.0), e que sua velocidade máxima é de 130 km/h, já dá para imaginar que rodovia não é o forte dele.

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Outro ponto é que as baterias deixam o Kwid E-Tech um pouco mais assentado do que as versões a combustão dinamicamente. É um pouco aliviante, mas ele ainda passa sensação de insegurança ao contornar curvas de maneira mais veloz. 

Motor: motor 100% elétrico síncrono de imãs permanentes com redutor integrado alimentado por baterias de íon-lítio de 27 KWh    
Potência: 65 cv a 4.000 rpm
Torque: 11 kgfm de torque entre 0 e 4.000 rpm
Peso/potência: 15 kg/cv
Peso/torque: 88,8 kg/kgfm
Câmbio: automático, 1 marcha
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 4,1 segundos
0 a 100 km/h: 14,7 segundos
Velocidade máxima: 130 km/h

Dados técnicos: Elétrica com assistência variável, suspensões tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 10 m;

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Autonomia e tempo de carregamento 

O Renault Kwid E-Tech é equipado com uma bateria de 27 kWh, que oferece um alcane de 265 quilômetros no ciclo misto (cidade e estrada) no ciclo WLTP. Se o uso for só urbano, o número pode subir para 298 quilômetros, segundo a Renault. 

Trata-se da menor autonomia entre todos os carros 100% elétricos de marcas generalistas vendidos no Brasil. Para sermos mais específicos, só o Mini Cooper S E e o BMW i3 têm uma autonomia menor que o subcompacto da Renault. Vale lembrar que os modelos da JAC possuem medição apenas em NEDC, um método menos rigoroso.

Para preencher de 15% a 80% das baterias em casa, numa tomada doméstica de três pinos e 220 Volts, são necessárias 9 horas (corrente alternada AC de 2,2 KW). Aliás, o Kwid E-Tech vem com um cabo que permite esse tipo de carregamento como brinde.

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Isso pode trazer comodidade para o proprietário. Se ele for passar o final de semana fora de casa não precisa se preocupar em procurar um carregador público por perto, basta que tenha uma tomada de 220 V no local onde deixá-lo estacionado.

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Quem tem mais pressa pode optar por um WallBox, em corrente alternada (AC) de 7,4 KW, para ir de 15% a 80% da carga em pouco menos de 3 horas (2h54min, mais precisamente). Já em carregador rápido de corrente contínua (DC) de 30 KW, a carga até 80% pode ser feita em 40 minutos.

O compartimento de recarga do Kwid E-TECH fica na grade frontal, onde está localizado o logo. O Renault Zoe e o Nissan Leaf são alguns modelos que o compartimento de recarga fica na dianteira do carro. 

Segundo a Renault, o custo por quilômetro rodado é R$ 0,06, perfazendo R$ 18 a cada recarga completa para rodar 300 quilômetros. 


Custo-benefício Renault Kwid 100% elétrico

Ainda é cedo para um veredicto, por isso decidimos encerrar com o custo-benefício. A proposta do Renault Kwid E-Tech é ser o carro de entrada do segmento de elétricos. Sendo assim, carros de entrada não são completos e cheios de mimos. Eles oferecem o básico do segmento.

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E é exatamente isso que o Kwid E-Tech oferece. Sacrifica mimos e itens de conforto para entregar um desempenho e uma autonomia em ambiente urbano decentes, além de facilidades na hora de carregar em uma tomada comum, o que já significa economia de cara.

Tem central multimídia, ar-condicionado e um visual bem acertado. O necessário para uma viagem agradável e de baixo custo de casa até o trabalho, e nada mais. Será o suficiente para convencer consumidores a pagarem quase R$ 150.000? Isso só o tempo poderá responder.

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